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07/10/2021 às 22h37min - Atualizada em 07/10/2021 às 22h32min

O amor não se explica, se decide

Wagner Edwards - Editado por Talyta Brito
Reprodução: Mayur Gala
Apaixonar-se por alguém é como andar distraído por uma calçada, pisar em falso no batente e cair no chão, completamente surpreso e com dor. Isso porque a paixão é um acidente: um acontecimento inusitado e imprevisível sobre o qual não se tem nenhum controle. É o mesmo que deixar a porta da cozinha aberta e um animalzinho faminto se aproximar após sentir o cheiro da comida.
 
Somos bombardeados por toda a imensidão de um novo ser e tudo a respeito dele, de repente, soa instigante, inovador e atrativo. O carisma envolvido no sorriso de canto, no modo como ajeita o cabelo atrás da orelha, nas roupas que usa e no cheiro da pele penetram fundo nosso âmago e atiçam uma necessidade avassaladora de absorver qualquer coisa que lembre o alvo da paixão.
 
Não acordamos um dia e decidimos produzir toneladas de Dopamina por alguém para deixar nosso cérebro eufórico. Não se escolhe por quem se apaixonar nem como ou onde. Não se escolhe enfrentar situações incômodas para correr atrás de alguém, esse comportamento é fruto de uma descarga hormonal cerebral que age como uma droga: deixar-se pensar naquela pessoa aciona um sentimento tão bom que o fazemos demasiadamente sem ponderar.
 
Mas amar? Amar é bem diferente: é uma certeza, uma afirmação. Você escolhe cuidar, zelar e se preocupar com alguém. Você escolhe se importar tanto a ponto de, às vezes, ser difícil respirar enquanto não se sabe se o outro está mesmo bem. Você escolhe amar alguém todos os dias, mesmo naqueles que se mostrarem mais desafiadores e, principalmente, quando essa pessoa já não souber mais se amar e precisar de alguém como você para ensiná-la a fazê-lo outra vez.
 
Você faz tão bem a outro que ficar ao seu lado não é um fardo, mas uma decisão. É deitar-se ao lado dele, virar as costas e cobrir-se com o edredom, seguro que ao acordar o seu amor continuará ali do lado: você sabe que embora a porta esteja sempre aberta, ele não se vai. E por ser uma decisão já nos mostra se o sentimento é recíproco.
 
Não se decide ficar por pena de alguém, por sua beleza, pelo ótimo desempenho no sexo ou por motivos superficiais. Tirar os sapatos, entrar na sala e sentar-se na cadeira enquanto sorri –– decidir ficar –– é aceitar todos os pormenores (o quadro torto na parede da sala, a falha na barba do queixo, a risada estranha, a comida gostosa, o sorriso lindo), todas as qualidades e todos os defeitos. Significa que está tudo bem não ser perfeito porque você é querido assim mesmo –– amado assim mesmo.
 
Aprecie quando alguém decidir ficar perto de você. Nunca se esqueça: amor não se explica, se decide.


 

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