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17/10/2021 às 03h04min - Atualizada em 17/10/2021 às 01h51min

Representatividade importa: o primeiro super-herói asiático da Marvel

Jovens, crianças e adultos asiáticos compartilharam nas redes sociais a emoção e felicidade ao assistir Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis no cinema

Evellyn Torres - Editado por Larissa Bispo
Foto: Reprodução / Marvel
Nas redes sociais, asiáticos e descendentes no Brasil, nos Estados Unidos e em outros países, têm comentado e compartilhado relatos emocionados sobre a representatividade presente no novo filme da Marvel, Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis, que estreou no dia 2 de setembro no Brasil. 
 
Com a pandemia, as gravações foram interrompidas e a data de estreia adiada até setembro de 2021. Desde o seu anúncio anos atrás, os fãs já questionavam sobre o lançamento, as expectativas para o filme e, principalmente, o elenco escolhido. Não seria por menos, afinal, a indústria Hollywoodiana costuma utilizar de Yellowface e “Whitewashing.

Os termos correspondem a utilizar uma maquiagem amarela ou fantasia em uma pessoa branca, caracterizando como asiatica, muito utilizado no cinema e no teatro, e colocar pessoas brancas para interpretar papéis de pessoas asiáticas e negras, além de utilizar estereótipos.
 
A adaptação live-action do mangá e anime japonêsGhost in the Shell”, protagonizado pela americana Scarlett Johansson em 2017, é um exemplo. O filme foi criticado na época pelo embranquecimento da personagem principal de origem japonesa. Também está presente no live-action da Netflix “Death Note” de 2017; no filme “O último mestre do Ar”, adaptado da série animada “Avatar: A lenda de Aang” em 2010; o  filme “Sob o mesmo céu” de 2015, e inúmeros outros que excluem as narrativas.

Já Shang-Chi é o primeiro filme do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU), com um elenco predominantemente asiático e um super-herói asiático, por isso sua importância e impacto. Roteirizado pelo escritor chinês-americano David Callaham e dirigido pelo cineasta nipo-americano Destin Daniel Cretton, o filme conta com um elenco de origens chinesa, japonesa e coreana, com Awkwafina, Fala Chen, Tony Leung, Meng'er Zhang e Michelle Yeoh e Simu Liu como protagonista.  
 
Até o último fim de semana, o filme ultrapassou a marca de US$ 400 milhões em todo o mundo, uma excelente bilheteria na pandemia. Além de manter boas avaliações. No website americano de críticas da televisão e cinema, Rotten Tomatoes, Shang-Chi conta com 98% de aprovação do público, com base em mais de 10 mil avaliações. A nota dos críticos tem uma média de 92% entre 308 reviews.

A atriz Meng'er Zhang, que interpreta Xialing, irmã de Shang-Chi, em entrevista ao portal AdoroCinema falou sobre a representatividade presente na obra: “Eu me sinto super orgulhosa e super sortuda em fazer parte desse filme e desse momento maravilhoso. E, sim, eu penso que representação asiática é muito importante. Crianças asiáticas que cresecem em países ocidentais podem ter heróis nos quais eles podem olhar e dizer 'Eles se parecem comigo'. Isso é incrível.
 

Muitos compartilharam as experiências sobre o filme, e o ator Simu Liu também. Em texto no instagram, ele agradeceu ao elenco, à Disney e ao diretor, Destin Daniel, pelo presente de inspirar e representar crianças asiáticas. “O Sol nasceu hoje em um mundo onde super-heróis asiáticos existem e são os protagonistas de suas próprias histórias. Este é o presente que Destin Daniel Cretton [diretor de Shang-Chi] e o Marvel Studios deram a todos nós, de qualquer comunidade que sejamos, onde quer que estejamos. É uma celebração e um compartilhamento de cultura, linguagem, riso, excitação, pesar e tristeza”, escreveu ele.
 


O enredo segue a história de Shang-Chi, filho do líder de uma organização criminosa poderosa, os Dez Anéis. Criado desde criança para ser um guerreiro invencível, ele foge do pai para construir uma vida normal. Anos depois ele se vê forçado a enfrentar o pai e a organização novamente para salvar o lar de sua mãe, a irmã e o mundo.

Pequenos detalhes também chamam a atenção sobre a representatividade, uma conversa normal entre as diferentes gerações de asiáticos morando nos Estados Unidos, como a de Katy, (Awkwafina) melhor amiga de Shang-Chi, que é asiática-americana e que pensa diferente da avó, distante do idioma, mas que se sente em casa no país em que nasceu, enquanto tenta encontrar o seu caminho com as próprias expectativas, da família e da sociedade.

No Twitter, o cineasta, youtuber e criador de conteúdo, Leonardo ou Leo Hwan compartilhou o que achou da obra.

Além dos elogios, críticas e debates emocionados, muitos compararam com o filme Pantera Negra de 2018, por conta da representatividade que ele traz sobre grupos na sociedade que são invisibilizados. Embora ambas as obras possuam sua importância, elas diferem nos temas e pautas abordados. Pantera Negra é um marco essencial para a sociedade e comunidade negra, entre alguns temas esta a exaltação às raízes, o orgulho e critica à apropriação. Já Shang-Chi fala sobre família, pertencimento e legado.

Na China, o filme foi proibido, no mesmo ano em que o Partido Comunista Chinês completa 100 anos, realizando mudanças sobre a veiculação e exibição de obras culturais e de entretenimento. Uma fala antiga do ator Simu Liu criticando o regime do país ressurgiu para dificultar a situação. Já no restante do mundo, além do cinema, a obra chega a plataforma de streaming Disney+ no dia 12 de setembro. 

A representatividade e importância de dar espaço para os que foram apagados está presente em obras como Shang-Chi, Pantera Negra, em Parasita de 2019, primeiro filme de língua não inglesa a ganhar o Oscar de Melhor Filme e também na diretora e roteirista chinesa Chloe Zhao, primeira asiática a ganhar o Oscar de Melhor Direção e segunda mulher em 93 anos da premiação com Nomadland de 2020. Elas representam passos para um futuro mais inclusivo, diverso, de conhecimento e reconhecimento de histórias e narrativas.


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