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22/10/2021 às 13h18min - Atualizada em 22/10/2021 às 12h58min

Visibilidade das mulheres poetas, um caminho percorrido a passos lentos

Isabelle Gesualdo - Editado por Talyta Brito
Reprodução: Foto de George Milton no Pexels

Na história da poesia, as mulheres quase sempre foram musas inspiradoras, mas nunca protagonistas. O patriarcado dominava todas as esferas da sociedade, e a figura feminina, considerada o “sexo frágil”, era reduzida às tarefas domésticas. 

 

As mulheres conquistaram, paulatinamente, alguns direitos, no entanto as evidências machistas continuam permeando o século XXI. Uma pesquisa, feita na Universidade de Brasília por Regina Dalcastagnè, mostrou que, de 1990 a 2004, as principais editoras brasileiras publicaram livros de romance cujos autores eram homens. Os dados apontam que, dos 165 autores analisados, 120 eram homens, totalizando 72,7%.


Uma pesquisa mais recente, também feita por Regina, entre os anos 2006 e 2011, mostra que nos prêmios literários brasileiros de maior prestígio, dos 30 premiados, apenas uma foi mulher. “Existe, muitas vezes, a ideia que mulheres só escrevem coisas de mulheres, enquanto tudo que os homens escrevem é considerado universal”, diz a pesquisadora em entrevista à Agência Brasil.
 

Aos poucos, as mulheres poetas vêm ganhando espaço e visibilidade, concomitantemente. Na 63º edição do Prêmio Jabuti, em 2020, a poeta Cida Pedrosa foi vencedora em primeiro lugar. Nos últimos cinco anos, dos nove vencedores da categoria poesia, quatro mulheres foram premiadas.  
 

Muitas poetas que viveram no século XX não tiveram reconhecimento, mesmo munidas de um rico acervo literário autoral. Foi o caso de Hilda Hilst, que dedicou bpa parte do seu tempo à Literatura, mas, em vida, suas obras não foram lidas como ela almejava. Ao contrário, foi ridicularizada por alguns escritos. No entanto, após sua morte, é comum ver as obras hilstianas sendo comercializadas nas livrarias e despertam interesse nos públicos de diversas idades.
 

Embora os séculos passados sejam excludentes para mulheres poetas, a internet, sobretudo as redes sociais, têm servido como uma ponte para que a nova geração de poetas tenha suas poesias expostas, compartilhadas e comercializadas.

 

A doutoranda Deivanira Vasconcelos comenta que, além de dar visibilidade, as redes sociais popularizam a poesia, que antes era consumida, majoritariamente, pelos intelectuais. “As pessoas tratam a poesia como uma coisa capciosa, que não é para todo mundo, que é difícil, impenetrável. Eu acho que as redes sociais servem para quebrar um pouquinho essa aura, para aproximar do grande público e tudo mais”, diz Deivanira. 

 

Seguindo o legado das poetas clássicas, a escritora Débora Andrade publicou, este ano, seu primeiro livro de poemas “Amor é sobre muitos tipos de coragem”. Débora iniciou as publicações no blog, quando era adolescente, depois migrou para o Instagram e, com um alcance maior, surgiu a possibilidade de publicação do livro. 

 

A autora conta que não teve receio de alcançar menos leitores ao publicar o livro durante a pandemia. “Pensei: eu ando consumindo ainda mais arte durante a pandemia, que bom! Acho que as outras pessoas também vão encontrar refúgio na arte no meio de toda essa loucura”. 

 

 

 

 

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