O Comitê Norueguês Nobel anunciou, na sexta-feira (06), a premiação a dois jornalistas com o Nobel da Paz 2021. Maria Ressa e Dmitry Muratov são destaques ao pautarem suas atuações profissionais na luta a favor da liberdade de expressão nas Filipinas e na Rússia, respectivamente.
Para a presidente do Comitê do Nobel, Berit Reiss-Andersen, os jornalistas premiados “são representantes de todos os jornalistas que defendem este ideal em um mundo em que a democracia e a liberdade de imprensa enfrentam condições cada vez mais adversas".
No cenário atual, onde a imprensa tem o seu papel desacreditado e por muitas vezes alvo de violência e repressão, a premiação possui um caráter simbólico e transmite um recado sobre o real papel do Jornalismo, em um cenário onde as fakes news tomaram conta, seguindo de ataque contra a democracia.
“É muito importante mostrar que a mídia tem um papel crucial na sociedade, onde o debate é uma parte natural da sociedade democrática, mas também para expor o que não é verdade, onde os governos estão escondendo fatos de nós sobre conflitos e guerras. Sem a mídia você não pode ter uma democracia forte, sendo esta uma defesa contra conflitos e guerras”, salienta.
Sobre Maria Ressa
Por sua atuação, Ressa tem sido alvo pelo governo e pessoas ligadas a ele de várias acusações, e pelo menos 7 processos. Em um deles, a jornalista foi julgada por difamação, sentenciada em julho de 2020, tendo recorrido da decisão e pagado fiança para ficar em liberdade enquanto aguarda o resultado de um recurso posto por sua defesa. Se for condenada, pode pegar até seis anos de prisão. "Vamos continuar a resistir a todos os ataques contra a liberdade de imprensa", disse, à época do julgamento.
Sobre Dmitry Muratov
Na Rússia, o jornal se destaca por sua cobertura crítica sobre a atuação das forças militares russas interna e externamente no país, corrupção, violência policial e fraude eleitoral.
De acordo com o Comitê, “O jornalismo baseado em fatos e a integridade profissional da Novaya Gazeta o tornou uma importante fonte de informação sobre aspectos censuráveis da sociedade russa raramente mencionados por outros meios de comunicação”.
E, apesar das retaliações sofridas, segundo o Comitê, Muratov reafirma seu compromisso com a liberdade de expressão tendo “[recusado] a abandonar a política independente do jornal. Ele sempre defendeu os direitos dos jornalistas”.
Em entrevistas, Dmitry tem ressaltado que a láurea é para toda a equipe do jornal, como também em memória aos jornalistas mortos do Novaya.
Premiação
Além da honraria em ganhar o prestigioso prêmio, cada um dos jornalistas receberá 10 milhões de coroas suecas (cerca de 6.6 milhões de reais no câmbio de hoje).
Em 2020, o vencedor foi o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA), premiado por seus esforços para combater a fome e trazer melhores condições para a paz.