10/10/2023 às 15h37min - Atualizada em 10/10/2023 às 15h21min
"Quero captar um momento que tem páginas de histórias": o trabalho da fotógrafa iraniana Baran Asghari na Imagenation Milan
Lucas Neves - Por Ynara Mattos
Leonardo Seddio Em 2016, Baran deixou Teerão rumo às ruas canadenses. Montreal se tornara um novo lar. Ao longo de 4 anos, construiu uma relação com o subúrbio. Em 2020, viu-se em meio a crise da pandemia de COVID-19. Não só Baran, mas todo o mundo. Em meio ao caos, encontrou nas lentes da fotografia uma oportunidade de registrar o dia a dia e se expressar. Assim nasce a fotógrafa que "clica quando as plavras falham", como define bem o username do seu instagram em tradução livre. Confira na íntegra a entrevista com a artista e conheça um pouco melhor a trajetória da Baran, que recentemente participou como uma das expositoras da "Imagenation Milan", que decorreu na Itália com outros fotógrafos de todo o mundo. Quando começou a fotografar?
Baran: Comecei a fotografar em 2020, pouco depois do surto de Covid. Na verdade, senti a necessidade de um meio para me expressar e me curar devido ao momento difícil que estava passando naquela época, e acredito que a Fotografia me escolheu. O que a fotografia representa?
Baran: Para mim, a fotografia é uma linguagem que uso para comunicar com as pessoas quando as minhas palavras falham! A fotografia não é um hobby ou trabalho para mim; é a minha vida e estilo de vida que permite às pessoas envolverem-se comigo a um nível emocional, permitindo-lhes ver as suas próprias histórias através das minhas fotografias. Qual é o seu principal objetivo na fotografia?
Baran: Gostaria de evocar e captar emoções genuínas nos espectadores, criando uma forte reação emocional, seja alegria, tristeza, admiração ou qualquer outro sentimento. Pretendo ir além da simples documentação de uma cena ou assunto e procurar transmitir uma ligação mais profunda e ressonância com o espetador. Tem algum projeto pessoal ou coletivo na fotografia?
Baran: Não tenho um projeto muito grande em andamento, mas tenho muitos mini projetos pessoais que precisam de mais tempo e preparação para serem executados e realizados. Como vê o seu futuro na fotografia?
Baran: O meu foco está agora no presente, e estou trabalhando arduamente para evoluir a minha visão artística. O futuro para mim é uma jornalda contínua de crescimento e exploração que se estou construindo hoje. Gostaria muito de ter a oportunidade de colaborar com grandes artistas. Como descobriu a Imagenation Milan?
Baran: Através do Instagram e de outros artistas que tinham sido selecionados nas últimas exposições. Como é que tudo começou? É a sua primeira exposição?
Baran: Imagenation é uma equipe forte para descobrir e introduzir novos talentos na fotografia, e os trabalhos apresentados na sua exposição são cuidadosamente selecionados e bem apresentados. Selecionaram duas das minhas fotografias para as exposições de Milão e Paris deste ano. Quais são as suas expectativas para Milão?
Baran: Conhecer artistas fantásticos e talentosos. Estar numa comunidade que tem uma linguagem comum, que é a arte e a fotografia. Apreciar e desfrutar da arte e criatividade destes fotógrafos que têm os seus trabalhos expostos na mesma exposição. Seria também uma oportunidade para aprender mais sobre a fotografia como forma de arte. Tenciona participar noutras exposições?
Baran: Outro trabalho meu (em colaboração com a minha melhor amiga) vai estar numa exposição em Paris em outubro. Qual é a mensagem que deseja passar com a fotografia?
Baran: Quero que as minhas fotografias contem a história das pessoas e do que elas passaram na sua vida. Que cada vez que elas olhem para as fotografias que eu tiro, isso fale com elas e também fale com o público. Quero revelar uma dimensão diferente nas minhas fotografias. Na sua opinião, a fotografia tem o poder de mudar o mundo ou alguma situação?
Baran: Acho que a fotografia é um meio muito forte; tem a capacidade de unir pessoas com diferentes linguagens e origens e pode ser usada para consciencializar e fazer as pessoas pensar sobre diferentes assuntos. Como iniciou no autorretrato?
Baran: Comecei a fotografar tirando fotografias de rua, e foi assim que aprendi a fotografar. Na altura, vivia na baixa de Montreal e tive a oportunidade de captar a vida cotidiana que acontecia nas ruas de Montreal. No entanto, mudei-me para os subúrbios e perdi o acesso ao centro da cidade, mas não perdi a minha paixão pela fotografia, e foi assim que começaram os meus autorretratos. Como forma de praticar, aprender e conhecer-me melhor, exprimir-me de uma forma diferente e aceitar o corpo em que vivo. Porque é através do autoconhecimento que posso conhecer as outras pessoas, como se sentem e como se expressam. Os autorretratos me fazem me conhecer melhor. O que vê de mais fantástico na fotografia de rua?
Baran: As ruas estão sempre vivas. As pessoas andam na sua versão mais verdadeira, a pensar, a sorrir, a rir, a franzir a testa, a apressar-se. As ruas nunca nos desiludem porque é aí que se passa a vida.