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11/02/2022 às 20h04min - Atualizada em 11/02/2022 às 19h37min

Apostando em preços baixos, Shein domina falta de transparência

Conhecida pelos preços baixos e grade acessível, a empresa já se envolveu em várias polêmicas

Isabelly Noemi - labdicasjornalismo.com
Reprodução: Shein

Quando se trata de fast fashion, não há como automaticamente não pensar na Shein. Já faz mais de um ano que o boom de vídeos da plataforma estourou na internet, mas recentemente a varejista se tornou a maior loja de moda do mundo. Conhecida pelos preços baixos e grade acessível, a gigante varejista da China já se envolveu em várias polêmicas relacionadas as condições de trabalho, produção, plágio e falta de transparência.

 

A varejista online não revela como e onde suas roupas são produzidas, não divulga sobre as condições de trabalho ao longo de toda cadeia de produção e não fala sobre seu faturamento. Porém, essas são informações exigidas por lei em vários dos países em que a mesma vende, como na Inglaterra. Além de toda essa problemática, a Reuters descobriu que a marca colocou informações falsas em seu site sobre as condições nas fábricas, alegando que estas estavam certificadas por organismos internacionais.

 

O motivo das declarações falsas, foi devido a exigência da Grã-Bretanha de empresas de determinado tamanho precisarem declararem em seus sites sobre as medidas que usam para combater o trabalho forçado. Entretanto, a página de “responsabilidade social” da marca apenas usa declarações generalistas e o link em que você pode clicar para tentar saber mais sobre dá numa página vazia. Além da empresa em nenhum momento revelar sobre seu faturamento, o que teoricamente deixa impossível de determinar o tamanho real da varejista. Algo no mínimo suspeito.

 

Em 2021, a jornalista Victoria Waldersse contatou a empresa e eles negaram acesso às suas fábricas e demais informações sobre condições de trabalho e receita anual, mesmo que analistas estimem que a receita da Shein gire em torno de 15 bilhões anuais. A marca ainda afirmou à jornalista que estaria providenciando as informações exigidas por lei, o que nunca aconteceu. Assim como os salários pagos aos funcionários também não foi revelado.

A Shein constatemente se utiliza de influenciadoras para divulgar seus produtos.

 

No ano passado, a Shein registrou apenas 1% no índice de transparência da moda, estando entre as 21 mais mal avaliadas. Além disso, segundo a Reset, pesquisadores locais registraram depoimentos de depoimentos de trabalhadores terceirizados da Shein e tiraram fotos das instalações na Vila de Nancun, em Guangzhou (antiga Cantão), informalmente chamada de Vila Shein, devido à alta concentração de fornecedores da marca. Eles acharam instalações sem condições adequadas de saúde e segurança, com enormes sacos de roupas amontoadas bloqueando os corredores e saídas, jornadas de trabalho de 11 horas por dia, com apenas um ou dois dias livres por mês, trabalhadores sem contrato, pagamento por peça produzida. 

 

Mesmo a problemática do fast fashion não sendo exclusiva da Shein e sim da indústria da moda como um todo, outras empresas do mesmo setor vem firmando compromissos para um futuro mais sustentável e promovendo a transparência em suas cadeias. O posicionamento agressivo de fast fashion é outra questão delicada sobre a Shein, a varejista coloca aproximadamente 1000 novas peças por mês no site, levando menos de uma semana para desenvolver novos designs. Isso fora as constantes denúncias nas redes sociais por parte de estilistas que a acusam de copiar seus modelos.

 

Não há como negar que a Shein acaba entregando moda atual e tendências para muitas pessoas que não encontrariam o que procuram pelo mesmo preço ou tamanho, mas cobrar transparência é necessário. Isso porque quando o consumidor não está pagando pelo preço real de uma roupa, é porque alguém em outro lugar está. 

A Shein, com certeza, não é a única marca problemática nesses quesitos, mas é usada como exemplo devido ao seu grande alcance e ao incentivo ao consumo acelerado. Especialmente pelas roupas não serem feitas para durarem muito, gerando um descarte rápido, uma questão que compromete a natureza. Vale destacar que o problema não é só a Shein ou até mesmo o fast fashion, mas a indústria da moda ainda ser baseada na acumulação de riquezas e lucratividade. Então, é importante pensar na situação de quem produz as peças, por isso cobrar transparência é tão relevante e necessário. 

 
 

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