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24/02/2022 às 18h33min - Atualizada em 18/02/2022 às 23h06min

Semana da arte moderna: qual foi a herança deixada para a moda brasileira?

Centenário da Semana da Arte Moderna de 1922 marca grandes transformações para a história da arte e da moda nacional

Isabelly Noemi - Editado por Flávia Pereira
Coleção "Água de Coco e Tarsila" | Reprodução/Instagram (@aguadecoco)

Nesse mês de fevereiro comemoramos o centenário da semana de arte moderna. O evento foi um marco para a cultura brasileira e para a arte mundial, o que rompeu com padrões estéticos e abriu novas portas para a modernidade.

 

Não é novidade nenhuma que arte e moda caminham juntas desde sempre, com o modernismo não foi diferente. O estilo também teve influência em como a indústria fashion brasileira se comportou desde lá, mesmo sempre tendo reafirmado o gosto pelo estilo internacional e uma herança de moda colonial, afinal isso é o que sempre foi considerado “chique” pela elite.

 

Mesmo com essas preferências explícitas, algumas marcas e estilistas têm expressado claramente o interesse por trazer brasilidade e modernidade para as suas peças. Esse toque é a maior influência deixada pela Semana de Arte de 1922. 

 

A Semana de Arte Moderna trouxe um novo significado para a moda, uma moda mais significativa, com mais propósito, que trouxesse mais representatividade e que expressasse a arte em sua essência. Desde então, a indústria da moda vem se aperfeiçoando e através disso novos talentos surgem com a intenção de tornar a indústria nacional cada vez mais importante e relevante no cenário mundial.

 

Confira alguns dos estilistas e marcas que tem apostado em uma nova maneira de fazer moda:

 

Aluf 

Uma marca que tem suas roupas produzidas com matéria prima 100% nacional e sustentável. Criada por Ana Luísa Fernandes, a grife tem como objetivo desafiar os processos criativos e comunicar questionamentos. Seja através das cores, estampas, texturas e outros elementos diferenciados, a marca além de trazer muita modernidade em sua essência, também traz a valorização da brasilidade em cada detalhe das roupas. 


 

 

Lucas Leão
 

O carioca tem um olhar único para a moda. Suas coleções são repletas de experimentações têxteis e cromáticas. Altamente ligado a tecnologia, o artista aplica estampas 3D em suas peças em parceria com outros artistas emergentes, justamente por acreditar que a moda agora funciona como um coletivo, onde as pessoas reúnem suas criatividades e constroem algo. A ideia é conceber peças que representem os conflitos e confrontos do cenário atual, trazendo assim uma moda com significado e propósito.
 



 

Ronaldo Fraga 
 

O estilista é um dos maiores defensores da produção cultural brasileira, além de ter sido um dos maiores influenciados pela semana de arte moderna de 22. Em cada coleção, Fraga narra histórias e traz na essência de cada peça as raízes da música, cultura, geografia e literatura brasileira. Cada vestuário elaborado por Ronaldo carrega consigo a autenticidade brasileira, inclusive uma de suas coleções já foi inspirada em uma das obras do grande escritor modernista Mário de Andrade. 

 


 

Além das tradicionais marcas e estilistas que já se baseiam no modernismo, especialmente para esse aniversário de 100 anos da Semana de Arte, algumas marcas criaram coleções especiais que homenageiam a data e os artistas envolvidos no evento. Como é o caso da Água de Coco e da Melissa, que lançaram coleções inspiradas na Tarsila do Amaral, um dos maiores nomes do modernismo.

 

 

Inclusive, quando se trata da importância da moda, Tarsila do Amaral entendia bem sobre isso. Ela e seu marido, o também artista modernista Oswald de Andrade, ao mesmo tempo em que usaram as roupas para deixar sua marca, também colaboraram para a definição estética do movimento modernista. 

 

Os dois sempre chamavam atenção pela sua maneira de vestir, que costumava trazer cores e estampas, mas traziam uma estética moderna de alta costura. Aliás, um de seus looks mais notáveis foi o próprio vestido de casamento de Tarsila, que se relacionava diretamente com o conteúdo de suas obras. Era de cor creme e tinha uma capa branca forrada de veludo creme, com gola em pé. 
 


 

Mesmo com o fim do casamento entre os dois em 1929, não há dúvidas que o casal além de deixar uma marca profunda na história das artes plásticas, também marcaram a moda brasileira.

 

Esse são só alguns exemplos de como a Semana de Arte de 1922 influenciou as mais diversas formas de arte pelo Brasil, inclusive a moda, que sempre caminha lado a lado com a arte.

 

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