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28/02/2022 às 20h26min - Atualizada em 28/02/2022 às 19h34min

Segundo turno das eleições presidenciais da Costa Rica será decidido entre José María Figueres e Rodrigo Chaves

Especialista aponta que atual instabilidade política pode mudar o rumo da nova votação

Raniele Alves - edição: Annally Lima
Fonte: Tecnológico de Costa Rica
Em clima de comemoração, no último dia 06, aconteceram as eleições gerais da Costa Rica. Na ocasião a população deveria escolher, além de todos os deputados e os regedores municipais – pessoas responsáveis pelas gestões municipais , o novo presidente do país. Porém, com o resultado da apuração nenhum candidato alcançou 40% dos votos, o que já era previsto pelos especialistas. Por isso, um segundo turno será realizado em abril entre os candidatos mais votados: o veterano político e ex-presidente José María Figueres (27,2%) e o novato ex-ministro da Fazenda Rodrigo Chaves (16,6%).
 
No primeiro turno, os costa-riquenhos tinham um leque com 25 candidatos à presidência, mas sem favoritos ao cargo devido ao desgaste político que país está vivenciando no atual governo. Isso porque o atual presidente, Carlos Alvarado Quesada, além de lidar com os impactos da pandemia do coronavírus na economia do país, foi ligado a escândalos de corrupção. Segundo uma pesquisa de popularidade realizada pelo Centro Investigação e Estudos Políticos (CIEP), da Universidade da Costa Rica, a aprovação de Quesada não ultrapassa os 15%. Situação bem diferente do início de seu mandato.
 
A Costa Rica é considerada um dos países mais estáveis da América Central, que apesar de o voto ser opcional, dificilmente apresenta um grande número de abstenções. Entretanto, o cenário de instabilidade política do atual governo colaborou para o aumento do número de faltas durante as eleições desse ano. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral do país (TSE), apenas cerca de 60% das pessoas aptas ao voto compareceram às urnas no início do mês.

O mestre em sociologia política, João Lucas M. Pires, explica que o desapontamento com o atual governo é um fator que contribuiu para o aumento da taxa de abstenções eleitorais.
 
“O Partido do Progresso Social Democrático Acción Ciudadana (PAC) foi um partido que surgiu como um fenômeno e levou Carlos Alvarado Quesada a presidência. Mas, com o mau desempenho do governo, seus eleitores claramente se sentiram desiludidos. Dessa forma, um dos possíveis motivos da taxa de abstenção ter chegado a 41% está ligado a ausência dos eleitores do PAC nas votações”, esclareceu João Lucas.
 

Candidatos


 
Apesar das regras políticas do país impedirem a reeleição, o que impossibilita Quesada a concorrer ao cargo de presidente novamente, os dois candidatos a disputa presidencial, José María Figueres e Rodrigo Chaves, por outro lado, também colecionam suas próprias controvérsias. “Figueres, de família política, já viu seu nome ligado acusações de abuso de poder e desvio de verba, enquanto Chaves tem respondido por assédio sexual em sua passagem pelo Banco Mundial”, aponta o cientista político Pires.
 
José María Figueres, favorito ao cargo de presidente, é um engenheiro industrial mais conhecido por ter sido presidente da Costa Rica entre 1994 e 1998. De família influente no ramo político, ele faz parte do tradicional Partido Liberacion Nacional (PNL), fundado por seu pai e também ex-presidente José Figueres Ferrer.
 
Após o fim do seu mandato, Figueres integrou o Fórum Econômico Mundial. Porém, no início dos anos 2000 foi associado ao escândalo de corrupção nomeado de ICE-Alcatel. Na ocasião, José María foi acusado do recebimento de suborno. No entanto, ele nunca foi condenado pelo caso. Nos anos seguintes, o político teve seu nome ligado a outros casos de corrupção. “José María tem um perfil de governo ligado a ideias desenvolvimentistas”, aponta João Lucas. Caso Figueres seja eleito, entre suas promessas de governo está a redução do índice de desemprego do país, além de promover a proteção ambiental.
 
Já Rodrigo Chaves trabalha sua campanha com um plano tecnocrático, ligado, principalmente, ao Banco Mundial, seu antigo empregador, afirma o especialista João Pires. Chaves é candidato pelo Partido Progresso Social Democrático (PPSD). Ele é um notório economista do país. Já exerceu o cargo de Ministro da Fazenda da Costa Rica, no atual governo de Quesada. Porém, devido a diferenças políticas, deixou a pasta em 2020. Ademais, anteriormente ao seu cargo no governo da Costa Rica, Chaves já havia trabalhado no Banco Mundial (BM) por quase 30 anos. Contudo, sua carreira no BM foi comprometida pelas denúncias de abuso sexual.
 
Por ocupar o posto de segundo mais votado no primeiro turno, o resultado das eleições foi recebido com surpresa, pois Rodrigo Chaves não era apontado como um possível nome à presidência do país, segundo as pesquisas de intenção de voto. Entretanto, sua porcentagem revelou uma possível intenção da nação costa-riquenha à mudança do cenário político com um “novato” a frente do país.
 
Com esse panorama eleitoral, o segundo turno está previsto para acontecer no dia 03 de abril. Até lá os candidatos devem anunciar suas alianças de governo para o próximo pleito. José María Figueres, chega ao segundo turno com uma vantagem de 10 pontos em relação ao seu adversário. Mas, o especialista alerta que independentemente do candidato que sair vencedor, ele terá que lidar com um país com uma taxa de desemprego de 15%, níveis de pobreza voltando a aumentar e atingido 23%, além de uma dívida de US$ 1,7 bilhões de dólares com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Elecciones en Costa Rica | José María Figueres vs. Rodrigo Chaves: quiénes son y qué proponen los candidatos que se disputarán la presidencia en segunda vuelta. BBC News, 2022. Disponível em:  <https://www.bbc.com/mundo/noticias-america-latina-60283583>. Acesso em: 16 de fev de 2022.

MELLO, Michelle. Costa Rica irá definir próximo presidente em 2º turno, apontam resultados preliminares. Brasil de fato, 2022. Disponível em: <https://www.brasildefato.com.br/2022/02/07/costa-rica-ira-definir-proximo-presidente-em-2-turno-apontam-resultados-preliminares>. Acesso em 20 de fev de 2022.

Na Costa Rica, eleição é uma festa cívica para toda a família. Tribunal Superior Eleitoral, 2021. Disponível em: <https://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2021/Outubro/na-costa-rica-eleicao-e-uma-festa-civica-para-toda-a-familia>. Acesso em: 18 de fev de 2022.

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