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12/03/2022 às 03h08min - Atualizada em 12/03/2022 às 02h48min

Como fica a Estação Espacial Internacional com a guerra na Ucrânia

Questões políticas podem afetar a relação entre Estados Unidos e Rússia

Carlos Germano - Editado por Manoel Paulo
Estação Espacial Internacional, em um dos incríveis registros feitos pela tripulação da missão Crew-2 durante seu retorno à Terra Imagem: NASA
O início da guerra na Ucrânia, iniciada por Vladimir Putin, levantou dúvidas sobre a relação entre Estados Unidos e Rússia. Uma delas, que é menos comentada, incide sobre a Estação Espacial Internacional (ISS, sigla em inglês), a pouco mais de 400 quilômetros de distância da Terra.

Em entrevista, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que as sanções americanas contra os russos degradariam o programa espacial de Putin. Por outro lado, o diretor da agência espacial russa, Dmitry Rogozin, publicou em suas redes sociais comentários em que lembra Biden de que os propulsores que mantêm a Estação Espacial Internacional na órbita apropriada são controlados pela Rússia, e que, sem sua colaboração, a estação poderia despencar.

A ISS é dividida entre duas seções: o Segmento Orbital Russo e o Segmento Orbital dos EUA. A Rússia administra um sistema de propulsão para manter a sua órbita, assim como afirmou Dmitry. Em contrapartida, os EUA fica encarregado pela eletricidade e pelos sistemas de suporte vital.

De acordo com especialistas, essas ameaças fazem parte da retórica política acalorada, dada a confiança mútua das duas partes na segurança do seu pessoal. Mas elas poderiam acelerar um divórcio há muito esperado.

"Ninguém quer pôr em risco a vida dos astronautas e cosmonautas com manobras políticas", disse à AFP John Logsdon, professor e analista espacial da Universidade George Washington. "Foi uma decisão muito consciente quando a Rússia se incorporou como sócia da estação, em 1994, para tornar a mesma interdependente", acrescentou, uma decisão que levou em conta as preocupações com custo e velocidade.

A Nasa se pronunciou tentando acalmar os ânimos, enfatizando que "continua trabalhando com todos os sócios internacionais, incluindo a Agência Espacial Federal Roscosmos, para as operações seguras em andamento da Estação Espacial Internacional".

Em junho de 2021, Dimitry Rogozin, ameaçou deixar o programa da Estação Espacial Internacional em 2025, caso os Estados Unidos não retirem as sanções contra o setor espacial do país. “Se as sanções permanecerem e não forem suspensas em um futuro próximo, a questão da retirada da Rússia da ISS será responsabilidade dos parceiros americanos”, disse.

Além disso, Rogozin declarou que a Rússia tem a intenção de construir sua própria estação espacial, e estuda o envio de cosmonautas à estação chinesa, Tiangong, que ainda está em construção. Os países também anunciaram uma cooperação para a construção de uma base de pesquisa na Lua. Vale lembrar que a China é atualmente a principal adversária dos EUA, tanto aqui na Terra quanto no espaço.

Atualmente, a ISS abriga sete pessoas. Por lá, elas fazem experimentos, reparos e caminhadas espaciais com o objetivo de manter a estrutura da ISS funcionando e ter avanços científicos:
  • dois russos: Anton Shkaplerov e Pyotr Dubrov.
  • quatro norte-americanos: Mark Vande Hei, Kayla Barron, Thomas Marshbum e Raja Chari.
  • um alemão: Matthias Maurer.
Uma possível ajuda também foi sugerida por Elon Musk. Na semana passada, ele respondeu com uma foto do logotipo da SpaceX na postagem de Dmitri Rogozin, que perguntou "quem salvará a ISS da desorbitação descontrolada e da queda nos Estados Unidos?".

Neste momento, é preciso manter em mente que a política possui grande impacto sobre o programa espacial, e, dessa forma, é possível que as relações entre os indivíduos em órbita mude rapidamente ao longo dos próximos dias — ao menos no sentido de afastar as agências espaciais americana e russa, que contam com décadas de relações estreitas.

A ISS possui 109 metros de largura, 73 metros de comprimento, 20 metros de altura e uma massa de 450 mil quilos. Há décadas a agência espacial russa, Roscosmos, e a Nasa tem uma parceria formal no funcionamento da ISS. Ela é mantida em colaboração entre os dois países mais o Japão, Canadá e a ESA (Agência Espacial Europeia).


*Com informações da Folha de S. Paulo, Olhar Digital, Uol e Veja

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