Lab Dicas Jornalismo Publicidade 728x90
02/06/2022 às 12h47min - Atualizada em 16/05/2022 às 14h23min

Literatura em Convergência

A Internet e Plataformas de livros digitais "criam" os chamados Escritores Independentes

Marina Magalhães Prizan - editado por Larissa Nunes
Leitura Digital. (Foto: Reprodução / AppGeek)

Em uma publicação da Agência Brasil datada em 2019, já se relatava crise no mercado literário tradicional. Escrever e ter uma editora que coloque seu livro no mundo, é um sonho antigo, mas ainda válido. Hoje, o Lab Dicas irá te apresentar uma galera que colocou suas histórias em ambiente Web e desafogou seus anseios de serem escritores.

De modo geral, os personagens que lhes serão apresentados nessa matéria, se identificaram com a escrita muito cedo.

A Kami Girão, 29 anos, começou aos 11 anos. "Sempre fui muito ligada a blogs desde criança. Tive vários ao longo dos anos, meu primeiro surgiu em 2004, quando eu tinha apenas 11 anos. Com o passar do tempo, resolvi divulgar meus escritos também porque o retorno era quase imediato e tive a sorte de fazer várias amizades. Escrevi fanfics e webnovelas, foi uma época muito boa. Desde então, não me separei mais da internet", lembra a moça.

A maioria dos escritores, (ou pelo menos, é o que se têm de estereótipos primários) começam a escrever por algo que os motivam ou um acontecimento nas suas vidas. Já Kami, decidiu fazer algo pela sua timidez. "Na época que iniciei, eu era muito tímida para mostrar o que eu escrevia. Postar me dava uma sensação de superar a timidez e ganhar confiança." Questionada sobre o ambiente online, ela diz que contribuiu para sua versão atual. Conheça o trabalho da Kami Girão

"Surgiam pessoas que gostavam do que eu produzia e vinham críticas construtivas, o que era muito positivo. Hoje tenho um livro impresso e digital, divulgo e mostro o que eu escrevo. O mais incrível é que a internet fez disso algo comum, o que quero dizer, mais pessoas estão publicando seus trabalhos pela facilidade que as plataformas oferecem; nos conhecem, não pela forma tradicional, pelo livro nas livrarias ou sebos, mas nos conhecem pelo que publicamos. É mais acessível."

Becky Cunha, Fortaleza/CE, vê a nova convergência da profissão como algo crescente.

"Mesmo sem fazer meu marketing, as pessoas encontram minhas obras facilmente na Amazon e se interessam, leem e avaliam. Também com isso, há mais indicações, seja de forma direta (fazendo post sobre ou indicando a amigos que sabem que vão gostar) ou indireta (por meio de avaliações e comentários deixados na própria plataforma - no caso, Amazon - ou em sites como Skoob e Goodreads). É um mercado em potencial."

O contato direto com os web leitores também gera algo dinâmico na visão de Becky.

Conheça mais o trabalho da Becky, aqui.

"O público leitor ama conversar com a pessoa que escreveu aquela história que ele amou. Isso faz a história crescer e ser recomendada de forma quase que imediata. Esses recursos responsivos, são um ponto a mais para se obter a receptividade", afirma.

Diferente das demais, como parte do grupo temos a Kath, que escreve romance adolescentes do gênero fanfic. A autora de 21 anos, tem seu abalo com a internet pelo que escreve e faz um alerta.

(Foto :Vida leve )

(Foto :Vida leve )

escrita manual .

"Eu já tive algumas experiências com pessoas que não gostavam da minha história por um motivo ou outro, mas esse motivo nunca era citado em meio aos 'Se mata, para de escrever porque você é um lixo' nas mensagens que eu recebia. É cruel, e a gente não deveria, mas acaba aprendendo a lidar na marra como não se afetar com esse tipo de público. Ganhar um público online não é fácil, mas comparado ao tradicional 'de porta em porta', é algo que a gente soa menos. É muito mais fácil atingir mais pessoas com hashtags e outros meios de compartilhamento. Infelizmente, com essa facilidade a gente tem o contra de escrever na internet; o anonimato acaba sendo um dos pontos fortes pra quem escreve de maneira dependentes", acrescenta a escritora.

Apesar disso ela continua escrevendo seus textos. A jovem diz que a escrita em meio digital adere a democratização. "Há facilidade de acesso e baixo custo. É muito mais simples puxar o celular ou o Kindle e ler algo, e muito mais barato que um livro físico atualmente, então são atrativos para a galera que consome bastante os livros."

Dê uma olhada na criatividade da Kath, aqui.
Kath, é daqueles escritores não convencionais que sabem que nem tudo são flores, e sabe que é preciso tratar a escrita como arte e contar o segredo para uma boa história.

"Você pode ter conhecimento absoluto da escrita, saber todas as regras de português e ter a melhor ideia e mais revolucionária no mundo literário, mas se você não sentir a sua história, não sentir o que seus personagens sentem e não escrever como se você estivesse vivendo aquilo, não existe motivo para a leitura. Uma boa história é, para mim, aquela que não só cativa quem lê, mas também quem escreve. Não tem nada mais essencial do que acreditar na própria arte e se tornar parte dela. É algo quase mágico, inclusive, que só quem é artista entende."

Mas, apesar de se ter uma boa história em mãos, é preciso tomar um cuidado maior se alguém te oferece a possibilidade de assinar contrato com alguma editora. "Já passei por um aperto com editora em questão, tem uma equipe pequena, está com muitas entregas atrasadas e pela falta de pessoas na equipe, demora muito tempo para fazer o processo de revisão, entrega de livros e etc. Mas o livro sai e só de saber disso me dá uma esperança renovada", diz ela.

(Foto :Crushpixel )

(Foto :Crushpixel )

Digitação.

Perguntamos ainda se ela vê o cenário da escrita sendo mais propriedade das mulheres. "Apesar de ser uma área que as mulheres tomem bastante conta, escrever é uma arte, e arte é pra todo mundo independente do gênero. E quanto mais pessoas pensarem assim, melhor!”

Prova disso, é o Daniel, que concorda com a colega de profissão. "Não vejo como melhor para um do que para outro. Acho que tem apenas mais mulheres escrevendo do que homens, e elas escrevem muito bem." Daniel Santana já participou de um concurso simbólico ocorrido no estado do Pará. Pelo seu conto, O dia da coxinha, (drama), conheceu escritores e editoras durante a oportunidade. O conto que nunca pretendeu escrever nada, como toda boa história pegou o que vivia e externalizou.

"Nunca decidi escrever. Fui compelido a escrever pelas vozes e imagens em minha mente. Imagens de outras vidas, outros mundos, outras histórias, muitas delas minhas e que precisavam ser contadas. Passei a vida inteira lendo de tudo, desde O Pequeno Príncipe com Saint Exupery, até Alexandre Dumas, com O Conde de Monte Cristo; passando por quadrinhos da Marvel, Dc, Turma da Mônica, Disney, incluindo autores locais paraenses como Giuliana Murakami e Igor Quadros. Todas essas fontes serviram e servem de inspiração até hoje."

Lhe questionamos sobre se ter uma editora ou não traria alguma diferença. "Acho que ajudaria muito a logística de uma editora para divulgação de uma obra e com um investimento de uma editora, seria maravilhoso dedicar mais tempo para escrever. Seria com certeza um estímulo a mais para escrever."

Ele, como muitos, não recebe pelos seus escritos mas como outros não reclamaria se tivesse oportunidade."Gostaria que soubessem como é trabalhosa a criação e divulgação solitária, e que a consciência desse trabalho todo em forma de respeito suficiente, para tirar 1 hora para ler a obra divulgada. Deveriam dar mais crédito e menos burocracia para rentabilizar nosso trabalho ."


 


Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »