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03/07/2019 às 02h08min - Atualizada em 03/07/2019 às 02h08min

Moro participa de audiência na Câmara

Ministro falou aos deputados sobre mensagens vazadas pelo site Intercept

Bárbara Moreira - Editado por Júlia Mano
(Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, participou nesta terça-feira (2), da audiência na Câmara dos Deputados. Na sabatina, o ex-juiz discorreu sobre questões relacionadas às mensagens trocadas entre ele e procuradores da operação Lava Jato, divulgadas pelo The Intercept Brasil em uma série de reportagens. No dia 19 de junho, Moro já havia falado ao Senado.
 
As conversas publicadas mostram uma articulação da equipe para proteger o ex-juiz diante de um impasse com o Supremo Tribunal Federal (STF) que poderia resultar na paralisação da operação. Na madrugada do último sábado (29), o portal publicou mais uma matéria com chats, nos quais os procuradores reclamavam da postura autoritária de Sergio Moro e temiam que ele colocasse a credibilidade da Lava Jato em dúvida ao aceitar o cargo de ministro do governo Bolsonaro.

Na audiência, que envolveu as comissões de Constituição e Justiça (CCJ), Direitos Humanos e de Trabalho, de Administração e Serviço Público, Moro reforçou o discurso feito no Senado e afirmou aos deputados que não reconhece a autenticidade das mensagens divulgadas pelo Intercept. “Não tenho mais essas mensagens no meu celular, não tenho como ver as mensagens e dizer: ‘elas são minhas", declarou.

O ex-magistrado também afirmou que o contato entre juízes e procuradores, assim como, com advogados é normal, e que as supostas mensagens foram obtidas de maneira criminosa através de hackers. Assegurou, ainda, que o seu celular foi entregue à Polícia Federal após a tentativa de ataque, ocorrida no dia quatro de junho, e, mesmo se comprovadas verdadeiras, não há o que temer com as conversas.
 
“A meu ver existe uma tentativa criminosa de invalidar condenações e o que é pior: a minha principal suspeita é que o objetivo principal seja evitar o prosseguimento das investigações. Criminosos que receiam que as investigações cheguem até eles e estão querendo se servir desse expediente para impedir que as investigações prossigam”, afirmou Sergio Moro.
 
A sabatina da Câmara apresentou clima mais ríspido se comparada a do Senado. Na audiência, houve maior pressão sobre o ministro, discussão com a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) e um troféu entregue a ele pelo deputado Boca Aberta (PROS-PR) como uma premiação do povo brasileiro em função das ações do ex-juiz na batalha à corrupção. Para os seus aliados, a Lava Jato representou um grande avanço no combate a esse crime no país. Os opositores questionam a imparcialidade da operação.

Em determinado momento da audiência, Moro foi irônico. “Se ouve muito da anulação do processo do ex-presidente. Tem que se perguntar quem defende, então, Sérgio Cabral, Eduardo Cunha, Renato Duque, todos esses inocentes que teriam sido condenados segundo o site de notícias. Nós precisamos de defensores também dessas pessoas, para defender que elas sejam colocadas imediatamente em liberdade, já que foram condenados pelos malvados procuradores da operação Lava-Jato, os desonestos policiais e o juiz imparcial”, ressaltou ele em referência às falas de parlamentares ligados ao Partido dos Trabalhadores (PT).

No domingo (30), manifestações de apoio ao Governo, ao ministro da Justiça e Segurança Pública, ao pacote anticrime e à Lava Jato ocorreram em 26 estados e no Distrito Federal.
 
O que diz o Intercept
 
O editor executivo do The Intercept Brasil, Leandro Demori, participou do 14° Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, que aconteceu na última semana, em São Paulo. Ele afirmou que ainda há muito material para ser averiguado e o site optou por não esperar para que o conteúdo completo fosse divulgado pois o assunto exige agilidade por envolver alguém “comendo quentinha na cadeia”, em referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso há mais de um ano em Curitiba condenado pelo caso do tríplex no Guarujá.
 
Quanto à imparcialidade do veículo, que tem sido colocada à prova, Leandro rebate: “a Folha está tendo acesso ao material. A Veja está tendo acesso ao material, não podemos dizer que é uma revista comunista, né?! Não estamos trabalhando sozinhos nisso. (...) A gente está sendo acusado de ser pouco transparente em um arquivo que estamos abrindo para outras redações. Estamos dando a chance de jornalistas que não são nossos olharem aquilo. Então tem outros olhos nisso”.  E mais, “eles não negaram até hoje nenhuma frase. Eles não pegaram nenhuma frase e falaram ‘isso aqui é mentira’. Nenhum deles!”, complementou Demori.
 
O site firmou parcerias com a revista Veja, o jornal Folha de S. Paulo e o jornalista Reinaldo Azevedo. O acordo é uma forma de mostrar imparcialidade e transparência, além de agilizar a apuração do material. Segundo Leandro, os colaboradores têm acesso integral ao conteúdo e não há um cronograma para que os novos trechos sejam divulgados. A publicação depende do ritmo de checagem da veracidade do material.

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