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23/05/2022 às 08h54min - Atualizada em 23/05/2022 às 08h12min

Já pensou em empreender no mundo da moda? Pequenos empresários compartilham seus desafios e conquistas

Empreendedores compartilham desafios, conquistas e experiências ao abrir o seu próprio negócio

Anna Flávia Alves - Editado por Hanelise Brito
Pedro Santana/reprodução
Quem nunca pensou em vender suas roupas para ganhar um dinheirinho extra? Se antes, as pessoas vendiam em feiras ou até mesmo em casa, hoje, o instagram e outras redes sociais são vitrines perfeitas para isso. Com um pouco de dedicação para criar boas fotografias, atendimento gentil e entrega rápida já é possível começar um negócio.

Porém, entre ter uma ideia e mantê-la de pé, existem alguns desafios. É muito comum ver pequenos negócios começando com uma equipe mais enxuta ou até mesmo uma pessoa só fazendo várias funções, desde a curadoria até o atendimento, por exemplo.


Se lembra da série Girlboss, da Netflix, inspirada na vida de Sophia Amoruso, criadora da marca Nasty Gal? Na série, a personagem Sophia compra uma jaqueta rara em um brechó, fotografa em casa com um tapete e a vende na internet por um valor muito mais alto. É assim que a personagem começa um brechó online.

Assim como Sophia a primeira venda de sucesso do empresário Pedro Santana foi uma jaqueta do próprio guarda roupa. O amor de infância pelos passeios em brechós acompanhou ele pela vida toda e hoje, se tornou profissão. Aos 26 anos, Pedro, junto com a mãe Maria Perpétua, criou o Brechó Santana, um brechó online. Mais que uma possibilidade de mercado, o brechó tem sido muito positivo para a saúde mental do mineiro.


“Eu sempre gostei muito de moda e principalmente de Brechó, desde criança eu sempre frequentava e amava achar roupas diferentes. Depois de alguns anos, resolvi criar meu próprio negócio, já que eu estava sem nenhum trabalho e sem renda própria. A experiência tem sido muito boa, inclusive me ajudou no alivio dos sintomas da depressão,  já que agora fico super motivado a sair de casa para achar peças novas. Nessas saídas acabo conhecendo várias pessoas que possuem Brechós e trocamos diversas experiências”, disse Pedro.

O empreendedor afirma que gostar e conhecer o mercado de brechós antes de empreender fez toda a diferença. Ele ressalta que isso o ajudou, pois ao abrir sua empresa, ele já tinha conhecimento do que o cliente gosta e não gosta em um brechó.

 
 

Atualmente, o Brechó Santana já tem perfil próprio e demanda da dupla de empreendedores, dedicação para realizar as várias tarefas de um negócio. Garimpar as peças é uma das demandas: "É bem bom, porém nem sempre achamos peças boas, às vezes olhamos 100 peças pra achar somente uma boa", conta Pedro. Para valorizar ainda mais peça, ele capricha no marketing do brechó.

 
"Eu gosto bastante de fotografar as peças e sim, faz bastante diferença as fotos, uma foto boa, bem editada e bem iluminada chama bastante atenção. No começo, eu estava vendendo no Facebook, porém agora a maioria das minhas vendas é pelo aplicativo enjoei, uma plataforma de vendas de roupas e acessórios novos e usados".
O brechó está no online, uma alternativa mais acessível e flexível  para começar a trabalhar, mas a próxima meta do empresário é ter um ambiente físico e se formalizar através do MEI (Microempreendedor Individual). “A meta agora é reformar o cômodo onde ficam minhas peças. Eu já tenho muitas novidades e manequins, o que falta para ficar perfeito é uma nova decoração. Também pretendo abrir o meu MEI”, comentou.
 
Foi também na internet que Ana Galinari abriu o Aflore Arte Viva, um ateliê de peças artesanais de macramê, todo feito à mão. A primeira peça que Ana produziu foi em 2020 e de lá pra cá não parou mais. No começo, ela compartilhava as peças que decorava sua casa e aos poucos, as encomendas começaram a surgir.
 
“É sempre muito intenso, porque eu gosto de participar de todas as atividades do ateliê. Amo aprender, então me arrisco na costura, produzindo as bags de embalagem das minhas peças, me arrisco na fotografia e edição do meu material, inclusive com autorretrato e gosto de trazer peças novas pro ateliê. O atendimento e toda parte do financeiro sou eu que faço também, é bem intenso fazer tudo isso sozinha, mas é muito prazeroso ver os resultados. E também, eu tenho muita ajuda e incentivo da minha parceira, dos meus pais e da minha sogra”, contou Ana.
 

Desde a produção das peças até a identidade visual do ateliê, tudo carrega um pouco da personalidade da artesã. Tudo muito orgânico, sem perder a autenticidade, uma fórmula, que entre os resultados, aproxima o público da marca.

“No Instagram, eu busco sempre ser eu mesma, nunca perder minha autenticidade pro que manda os algoritmos da rede. Eu entendo que é necessário seguir as ferramentas de engajamento, mas acredito muito na força do orgânico, a construção da página nesse formato é o diferencial da marca, isso fideliza meus clientes e eu não fico refém das mudanças corriqueiras das ferramentas do Instagram”.

Outra forma de se conectar com o público que a Ana encontrou foi aparecer nas publicações do feed da marca. “Aparecer no feed e nos stories vai de encontro com a proposta da Aflore, de ser uma marca que tem crescimento e desenvolvimento orgânicos. Dessa forma eu consigo mostrar de um jeito bem cotidiano e natural, como as peças que vendo podem ser utilizadas. Acho que os looks ajudam a inspirar as pessoas a adquirir aquela peça, muitas vezes porque elas se identificam com o que eu estou mostrando”.

Ao dividir um pouco do que se passa no coração de uma empreendedora, Ana diz que há momentos desafiadores, mas que os feedbacks de seus clientes fazem toda a diferença.

 
Às vezes penso em desistir, mas paro e vejo tudo que já construí até aqui. Meu conselho para quem esta começando hoje é: tenha persistência, no início é super desgastante e muitas vezes frustrante. A gente demora um tempo para acreditar na nossa arte, mas sempre terão pessoas que admiram seu trabalho do jeitinho que ele é! Se apegue nisso e busque sempre o melhor de si”, aconselhou.
Para o analista do SEBRAE- MG Dênis Magela, o varejo é uma das opções para começar a empreender com pouco investimento, vendendo calçados e confecções de porta em porta, para depois abrir um ponto físico. “Você pode montar um ateliê, uma oficina de reparos, com muita tranquilidade. Você fabrica, faz a modelagem e começa a vender,” disse ele.
 
O analista conta ainda que fazer uma gestão do tempo pode ser uma boa alternativa para driblar o desafio do acúmulo de tempo, pois a partir da gestão de tempo, o empreendedor consegue, separar um tempo para se capacitar, para conhecer as tendências de mercado e fazer conexões, que segundo o analista, são muito importantes.

 
“Estar aberto à conexões, participar de feiras...Vale a pena tirar um tempo, investir  e conhecer as tendências, conhecer novos fornecedores,  novas tecnologias, isso é importante, é preciso estar antenado, estar conectado”.
As conexões podem inclusive, auxiliar nas tarefas de um negócio e no desafio do acúmulo de funções versus como contratar alguém. "Às vezes é necessário terceirizar para outra pessoa, talvez nem contratar, mas buscar permutas e parcerias, essas alternativas podem ser viáveis e interessantes para os dois lados”, completa Dênis.
 

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