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11/07/2022 às 19h16min - Atualizada em 11/07/2022 às 18h18min

Quando o jornalismo de fofoca passam dos limites

A divulgação indevida do caso da atriz Klara Castanho levantou discussões sobre a ética da profissão

Beatriz Costa Rodriguez - editado por Larissa Nunes
Léo Dias e Klara Castanho. (Foto: Reprodução / Contigo!)

Durante o mês de junho começou a circular em portais de fofoca que uma atriz da Globo havia engravidado e decido não ficar o bebê. Os boatos diziam que a atriz em questão seria Klara Castanho, posteriormente o assunto tomou conta das redes sociais e a celebridade confirmou que sim era dela que os jornalistas estavam se referindo, mas que decidiu o doar o bebê para adoção de forma legal, pois ele era um fruto de uma violência sexual.

 

As fofocas em volta da gravidez da atriz começaram em maio, quando o Matheus Baldi tinha ventilado a história, dando a entender que a figura em questão se tratava de Klara Castanho. Mas no mês de junho a polêmica volta à tona, quando em uma entrevista a apresentadora Antonia Fontenelle, afirma que uma atriz de 21 anos da Globo tinha engravidado e entregado o bebê para adoção. 

Os detalhes acerca do caso indicavam que o jornalista Léo Dias, do site Metrópoles, tinha sido o responsável pela informação se espalhar nos bastidores da indústria de celebridades, algo que ele admitiu posteriormente.


Klara foi alvo de ódio e acusações por internautas que exigiam explicações após os jornalistas terem divulgado apenas parte da história. Então com essa grande repercussão, no dia 25 de junho a atriz veio a público falar sobre o caso. Em uma carta aberta aos seguidores, ela revelou que tinha sido estuprada e meses depois descobriu que estava em uma gravidez silenciosa com 5 meses de gestação, então teve que dar continuidade, mas após o parto ela escolheu deixar a criança sob tutela de uma nova família.

 

Na carta, ela cita que quando estava sob anestesia depois do parto, jornalistas de fofoca já sabiam da gravidez através de funcionários do hospital. Matheus Baldi que tinha publicado nas redes sociais a história, apagou a publicação a pedido de Klara. Outros portais de fofoca não respeitaram o pedido e publicaram mesmo assim. O Léo Dias foi mais longe ainda, ele publicou até uma nota divulgando informações sigilosas do bebê e desse modo era possível que a criança soubesse quem era sua mãe, mas tudo que a atriz queria naquele momento delicado era que o bebê não soubesse que era fruto de uma violência.

 

O ato do jornalista foi contra o código de ética do jornalismo que no artigo 11º, diz que o: "o jornalista não pode divulgar informações de caráter mórbido, sensacionalista ou contrário aos valores humanos, especialmente em cobertura de crimes e acidentes."
 


Klara é uma atriz de grande prestígio, o que torna ela uma figura pública, mas isso não significa que ela tem que divulgar e falar sobre todos os aspectos de sua vida. Os jornalistas infringiram os direitos éticos ao publicarem a história, porque o importante para eles era trazer a fofoca com exclusividade, sem se importar com a dor e sofrimento dela. Também no código de ética do jornalismo diz no artigo 6 que: "é dever do jornalista divulgar os fatos e as informações de interesse público [...] respeitar o direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem do cidadão." 

 

O mais chocante é saber que essa não foi a primeira e nem vai ser a última vez que as fofocas envolvendo celebridades foram longe demais. Em 2020, Léo Dias tirou a chance da Boca Rosa anunciar que ela seria mãe e que estava esperando os três primeiros meses que são de risco para contar sobre a gravidez e ele desrespeitou o desejo dela, anunciando primeiro.
 

Logo, o caso da Klara mostra mais uma vez como divulgar informações confidenciais de famosos, sem autorização deles é problemático, pois prejudica a vida dessas figuras públicas. Apesar dos jornalistas de fofoca terem sido criticados, daqui há uns meses eles vão voltar a continuar sujando e descredibilizando a imagem do jornalismo, agindo com má conduta como se nada de ruim tivesse acontecido.



 

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