Quando você ouve falar em Natal, cidade localizada na região nordeste do Brasil, o que te vem à cabeça primeiro? Natal é a cidade do sol! Da ginga com tapioca! Tem praias lindas! Ou ainda, a importância estratégica que a cidade teve durante a Segunda Guerra Mundial, quando serviu de base militar para os norte-americanos.
Todas as afirmações são verdadeiras, mas o que muitas pessoas não sabem é que Natal possui um importante espaço dedicado à preservação da natureza e estudo da cultura indígena, e questões socioambientais. Trata-se do sítio histórico e ecológico Gamboa do Jaguaribe, localizado no bairro da Redinha, zona norte de Natal.
O projeto foi idealizado por Iran Medeiros, que desde muito cedo frequentava a região onde se localiza a Gamboa e ficava admirado com tanta vida e natureza ali cultivadas, só que tempos depois, ele viu que aquele bioma estava ameaçado tanto pela exploração imobiliária que destruía a mata ciliar, como pela prática da carcinicultura, que colocava em risco o manguezal e ao se deparar com tal situação, Iran decidiu comprar a área para preservá-la.
Gamboa significa ‘braço de rio’ e jaguaribe quer dizer ‘no rio do jaguar’. A Gamboa do Jaguaribe é um dos braços do Rio Potengi, que banha o bairro de Igapó, antigamente chamado de Aldeia Velha, que foi moradia dos índios potiguares, primeiros habitantes da cidade, inclusive o mais ilustre deles, Potiguassu, viveu lá.
Na Gamboa do Jaguaribe, o visitante tem a oportunidade de conhecer as ocas, habitações indígenas, que são usadas como instrumento pedagógico, onde ele não apenas ouve histórias sobre a cultura desse povo, mas vivencia experiências como estar no ambiente natural do índios, conhecer utensílios usados por eles, provar a sua culinária, ver como obtinham o alimento. É uma oportunidade única de conexão, ou melhor, reconexão com as nossas raízes. O sítio está localizado dentro da oitava Zona de Proteção Ambiental da cidade de Natal, a ZPA 8.
A oca Okagûasu é uma das seis bioconstruções que compõem o espaço da Gamboa do Jaguaribe.
(Foto: Reprodução/ G1 - Globo)
No espaço das Ocas também funciona o Cineoka, projeto que tem como objetivo a preservação cultural, através da exibição de filmes sobre as diversas tribos indígenas do RN e de outros estados, divulgando e fortalecendo a preservação dessas etnias. Dentro dessa programação também tem as rodas de peteca e exposição de artefatos produzidos na gamboa, como por exemplo o arco e flecha.
No sítio também é possível participar das oficinas de construção, onde o visitante aprende a confeccionar artefatos indígenas como peteca e maracá (instrumento musical de guerra).Também são realizados mutirões anuais para o plantio de árvores e mutirão de limpeza na área do mangue, estudo de línguas indígenas como o tupi e a variação tupi-guarani, e o que é muito interessante e uma forma de manter viva a cultura indígena, produzem um zine de circulação semanal com notícias internas e escritas na língua guarani.
Na Gamboa são servidas comidas típicas como tapioca, beiju, amendoim torrado e pipoca. O espaço onde esses alimentos são oferecidos chama-se ‘tembiu oca’, que em tupi guarani quer dizer, ‘casa da comida’ e na língua portuguesa seria o nosso conhecido restaurante.
Dentre a riqueza da flora do sítio, podemos citar plantas como mutamba, sucupira, timbaúba, pau-brasil, jucá, jurema, pitangua, entre tantas outras.O lago, que antes era um viveiro de camarão, foi tratado e nele inserida várias espécies nativas de peixes como piaba, traíra, pitu e mussum. Já o outro lago, também teve seu viveiro de camarão desativado, e foi reflorestado com a plantação de mangues. Além de todas essas atividades, o visitante ainda tem a oportunidade de fazer eco trilhas pela mata atlântica, tomar banho de rio, e passear de barco.
O sítio recebe escolas, professores, pesquisadores, moradores, turistas e quem tiver interesse em conhecer o espaço e somar para a sua preservação. Uma das prioridades da equipe, é manter viva a cultura dos grupos indígenas que ainda vivem no Rio Grande do Norte, e para tanto, eles têm a preocupação de divulgar durante a visita de grupos escolares, a Lei 11.645, de 10 de março de 2008, que torna obrigatório o estudo da história e cultura indígena afrobrasileira, nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio.
Sítio histórico e ecológico Gamboa do Jaguaribe
Rua Portinho S/N - Bairro Redinha
Natal/RN
Brasil
Railda (84) 98838 0585
Ta'angahara (84) 99837 6368
O vídeo conheça a Gamboa do Jaguaribe, apresenta o sítio histórico e as suas riquezas, contadas por quem luta para que essa patrimônio ambiental e histórico tenha o devido valor.
(Reprodução: TodoNatalense - You Tube)