20/02/2023 às 12h24min - Atualizada em 20/02/2023 às 12h00min
Garimpo ilegal nas terras Yanomami ameaça segurança alimentar de indígenas
Entenda como a prática afeta os povos da região
Nicoly Monteiro - labdicasjornalismo.com
Foto: Leo Otero / MPI A Força Aérea Brasileira (FAB) prorrogou os prazos para a saída dos garimpeiros das terras Yanomami, em Roraima, por meio da liberação de voos privados, até o dia 06 de maio. A decisão inicial terminaria na segunda- feira, (13/02).
A operação federal procura criar bloqueios para impedir a continuação da prática de garimpo ilegal, nas regiões de reserva indígena. A medida está sendo tomada após a declaração de emergência de saúde dada pelo governo federal no dia 20 de janeiro. Até então, o Ministério dos Povos Indígenas estima que cerca de 570 crianças Yanomami morreram devido à contaminação por metais pesados- principalmente o mercúrio-, fome, além do aumento dos casos de malária na região.
Garimpo na região
O garimpo ilegal se propaga na região amazônica desde a década de 1980, sobretudo nas regiões de reserva indígena. Essa atividade continua até os dias de hoje, devido ao desmonte de fiscalização ambiental e a uma regulamentação antiga, que acaba por criar diversos conflitos.
O território Yanomami é um dos maiores da Amazônia. A terra indígena possui 10 milhões de hectares e se estende nos estados de Roraima e Amazonas. Apesar de ser extenso, é onde mais se registra a presença da atividade ilegal. De acordo com a Hutukara Associação Yanomami (HAY), estima-se que há cerca de 20 mil garimpeiros explorando a área ilegalmente. Um número quase equivalente a quantidade de moradores nas comunidades Yanomami, em média 30 mil.
Em entrevista ao Podcast Mano a Mano, apresentado pelo rapper Mano Brown, a atual Ministra dos Povos Indígenas Sônia Guajajara falou sobre a situação de insegurança dos povos Yanomami na questão do plantio de alimentos para as aldeias:
“Eles acabam não tendo segurança, liberdade de andar no próprio território e buscar o que comer, como faziam antigamente [...] Agora, com a chegada dos garimpeiros, não conseguem mais produzir seu próprio alimento”.
Sônia ainda falou sobre a questão da água e que devido a grande extração de minério da região, quase todos os rios estão contaminados por mercúrio. Além dos casos de desnutrição, o consumo de água não potável acomete os indígenas a verminoses.