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22/03/2023 às 15h31min - Atualizada em 22/03/2023 às 15h21min

Fim da era Tupã: Supercomputador do Inpe deve ser substituído por nova máquina até o fim do ano

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais planeja investimento milionário para garantir previsões de chuva mais exatas ainda em 2023

Maria Eduarda Pinto - Editado por Bruna Nunes
Divulgação/Inpe

O Inpe - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - abriu edital para a compra de um novo supercomputador, o Monan. Com o uso de inteligência artificial, o aparelho deve ser capaz de prever a hora, localização e volume exatos da chuva no Brasil e na América do Sul. A previsão é de que a nova aquisição substitua o Tupã - atual aparelho utilizado pelo Instituto - até novembro de 2023. 

Comprado há mais de 10 anos, o Tupã já sofria com a defasagem tecnológica e ausência de reparos. Segundo o geógrafo Antônio Sócrates Portela, o atraso na atualização do aparelho é parte do processo de sucateamento da estatal. “O Brasil não tem essa tradição em investimentos tecnológicos para desenvolvimento urbano”, completou Portela.

Com aparelhos ultrapassados para prever as alterações climáticas, o Brasil assistiu aos impactos da falta de investimento científico e tecnológico no que diz respeito à prevenção de desastres. As eternizadas “Águas de Março” que findam o verão e dão início ao outono brasileiro, há anos, têm sido sinônimo de fortes chuvas e desastres envolvendo alagamentos e deslizamentos de terra por todo o território nacional. 

Causando acidentes e mortes ao redor do país, os temporais não vêm sendo previstos com exatidão e antecedência o suficiente há algum tempo. A expectativa dos especialistas do Inpe é diminuir os erros nas antecipações climáticas e minimizar os desastres. De acordo com a doutora em ecologia Luisa Viegas, o trabalho de minimização dos desastres não deve acontecer por meio dos aparelhos de previsão. Ainda segundo Viegas, "aparelhos são úteis para gerar dados informativos, os quais precisam ser aplicados em políticas públicas para promover a resiliência das cidades. São essas políticas que podem evitar desastres ou minimizar seus impactos".

Nas zonas periféricas das grandes metrópoles brasileiras, a chuva é sinônimo de perigo e noites sem dormir. Em Pernambuco, no ano de 2022, a Prefeitura do Recife registrou cerca de 3.828 pessoas desabrigadas e mais de 50 óbitos depois de um temporal que se tornou o maior desastre natural da história do estado.

O caso da cidade de Manaus mostra que as sequelas das chuvas continuam a se repetir de Norte a Sul do Brasil. Em situação de emergência, a capital amazonense registrou 8 mortes e mais de 100 chamados na Defesa Civil por conta dos deslizamentos de terra ocorridos em 12 de março deste ano.


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