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27/02/2023 às 13h35min - Atualizada em 23/02/2023 às 09h49min

A influência de Dona Zica para o Samba e para cultura brasileira

Ao lado de Cartola, ajudou a construir a Mangueira, importante escola do carnaval carioca

Gisele Veríssimo - Revisado por Flavia Sousa
Euzébia Silva, a Dona Zica, personalidade do samba e da negritude carioca. (Foto: Reprodução/Museu do Samba)

Nascida em um domingo de carnaval no bairro da Piedade, no Rio de Janeiro, Euzébia Silva de Oliveira completaria 110 anos em fevereiro deste ano. Uma das figuras mais simbólicas da maior festa popular do planeta, Dona Zica mudou-se para a Mangueira aos quatro anos de idade e de lá nunca mais saiu. 

Dona Zica foi uma das primeiras integrantes da G.R.E.S Estação Primeira de Mangueira, famosa escola de samba carioca, participando de seu primeiro desfile aos 15 anos, em 1928. A exposição “Dona Zica da Mangueira, do Rio e do Brasil”, que está disponível no Museu do Samba, é uma homenagem àquela que inspirou mulheres no estado e no país.

Inspiração

Para Déborah Elias, professora da Educação Infantil e musicista, a importância de manter viva a memória da Dona Zica está na representação e  no espírito de luta contra a desigualdade racial e social: “Trabalho com crianças em sua primeira infância, e ter boas referências de pessoas na sociedade é extremamente importante para formação identitária delas”. 

Na exposição, a figura da mulher como elemento central na sociedade é valorizada, ao mostrar Dona Zica não apenas como dona de casa e esposa, mas como alguém que teve influência direta na cultura e no cotidiano de sua comunidade.

“Uma mulher como Dona Zica, real, da classe popular, com uma história de vida comum e extraordinária mostra para os pequenos a importância das conquistas simples na vida, a importância da família, dos amigos, de desfrutar daquilo que se gosta. Para as meninas negras em especial, saber que uma mulher como ela passou por tudo que passou sem romantizar nenhum capítulo de sua vida, mas encarando tudo com coragem, amor, sorriso e samba é inspirador! Faz semear no coração o sentimento de esperança, empoderamento, admiração e respeito”, afirma Déborah.

Tendo sido tecelã, lavadora de pratos e cozinheira, Dona Zica casou-se com seu conhecido de longa data, Cartola, em 1953, após ambos tornarem-se viúvos. Juntos, fundaram o “Zicartola”, restaurante que tornou-se um marco carioca, conhecido pela boa música e comida. 

Cartola morreu em 1980, mas Dona Zica permaneceu exercendo um papel de liderança e preservação da identidade carioca, comandando o setor de fantasias da Mangueira e sendo uma das principais pastoras da Velha Guarda da Escola. Dona Zica inspira mulheres anônimas, que vivem na correria do dia a dia, que não tem privilégio algum a não desistirem de viver a vida da melhor maneira que lhe cabe, vivendo sua felicidade como bem quiserem”, completa Déborah Elias.

Por tudo isso, é notável a importância de Dona Zica na construção e afirmação dos aspectos culturais e sociais cariocas, e sua participação em uma das festas mais populares do mundo - o Carnaval, símbolo da cultura brasileira. 

Saiba mais sobre a história de Dona Zica da Mangueira clicando neste vídeo.

No último dia 07, O Museu do Samba foi atingido por fortes chuvas, o que danificou grande parte do telhado. No Instagram do Museu, (@museudosamba), você pode encontrar a chave pix e/ou número da conta para doação. O Museu está localizado na Rua Visconde de Niterói, 1296, Mangueira - Rio de Janeiro. Funciona de segunda a sexta, de 10h às 17h e aos sábados, de 10h às 16h.

 
 

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