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24/03/2023 às 22h18min - Atualizada em 24/03/2023 às 21h56min

Manifestantes vão às ruas no Peru em atos a favor de presidente que sofreu impeachment

O país sofre instabilidade política após impeachment de presidente por corrupção e protestos violentos contra sucessora

Lóren Souza - Editado por Ynara Mattos
Getty Images

Peruanos vão às ruas em apoio ao presidente deposto, Pedro Catillo, e exigindo à saída da sua sucessora, Dina Boluarte. Em uma série de protestos, iniciados em dezembro do ano passado, milhares de pessoas se concentraram na capital do país, Lima, em uma série de manifestações que durou aproximadamente 15 dias. “A tomada de Lima”, como o evento ficou conhecido ocorreu em Janeiro de 2023 e contou com a participação de apoiadores de Castillo vindo de diversas regiões do país. Os protestos foram marcados por embates contra a polícia e muita violência, o que resultou em cerca de 50 mortes.

 

O alvo dos protestos é a atual presidente, Dina Boluarte, e a reinvidicação para que novas eleições ocorram. Boularte era vice de Pedro Castillo e assume o cargo após ele sofrer impeachment e ser preso, depois de uma iniciativa de golpe de estado, motivada por casos de corrupção. Jhon Hernández, estudante e morador do Peru, relata que moradores do sul e do centro foram em direção a capital exigindo a liberação de Castillo. “[os manifestantes] consideram que foi uma prisão política”.

 

Kristhian Oliver, professor de idiomas no país, chama a atenção para o conteúdo e argumentos dos protestos. “Muitas pessoas falaram que aquilo era ditadura [o impeachment de Castillo e a designação da sua vice] e que não poderiam fazer isso” e continua ”mas ninguém colocou uma pessoa de fora, ela fazia parte do grupo”. Apesar de vice-presidente e de ter assumido uma pasta ministerial, Boluarte estava um pouco afastada do governo depois que os casos de corrupção começaram a aparecer e ela renunciar o cargo no Ministério.

 

O professor aponta, também, que as manifestações ocorreram por causa de uma certa manipulação desses povos. “Eles tem uma raiva contida e chegaram na capital com essa raiva”, diz Oliver. Para ele, os protestos que inflamaram as ruas da capital peruana, em apoio a Castillo, tinham um cunho violento por parte dos manifestantes, de forma que resultou em acontecimentos letais, como a morte de um recém-nascido e de um policial, além de destruição de patrimônio público. Mas as violências não são unilaterais, havendo, sim, uma pressão exercida por parte do governo.

 

Reinvidicações para novas eleições não foram feitas apenas pela população, Boulard pediu para o Congresso agilizar esse processo, mas isso não foi aceito. A presidente, então, fica na obrigação de governar o país em uma crise política, sem apoio popular e sem que o Congresso aja em direção a novas eleições.

 

Atualmente, as manifestações cessaram em virtude de uma série de desastres naturais, que ocorreram no país, envolvendo um terremoto e um ciclone.

 

ASCENSÃO E QUEDA DE CASTILLO


Castillo foi eleito presidente em Julho de 2021, em uma eleição disputadíssima contra a líder da oposição Keiko Fujimori. Com uma diferença de apenas 0,4%, o representante da esquerda derrotou a candidata da extrema direita, em um momento que marcou o país pela divisão política. Ele se elege e assume o poder com o discurso de representar comunidades locais das regiões do Sul e do Centro do Peru, caracterizadas por serem mais pobres e com menos acesso a direitos básicos.

 

Já no cargo, Castillo não inicia as reformas e propostas prometidas durante o período de eleição e passa a “pagar favores políticos”, como afirma o Professor Kristhian. Essa prática inclui oferecer cargos públicos a pessoas que não tinham competências técnicas nem experiência para tal. O que deu margem para o Congresso, liderado pela oposição e por Keiko Fujimori, a fazer investigações e a começar a formulação de um impeachment.

 

Em 7 de dezembro do ano passado, após 2 votações a favor de seu impeachment, Castillo tentou um golpe de Estado. Ele decretou ordem de fechamento do Congresso Nacional e do Judiciário, além de declarar estado de exceção e convocar uma assembleia constituinte. Essa manobra foi anunciada em cadeia nacional de televisão horas antes que a terceira votação para aprovação do seu impeachment, que ocorreria no Parlamento, acontecesse.

 

A tentativa de golpe acabou sendo frustrada porque a polícia e as forças armadas não apoiaram a empreitada e emitiram notas contra o acontecido. Além disso, o presidente da Corte Constitucional (equivalente ao Supremo Tribunal Federal), Francisco Morales, declarou que o golpe não prosseguiria. Essa ação respaldou o Congresso a continuar seu funcionamento e prosseguir com a votação que culminaria no impeachment de Castillo.


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