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27/03/2023 às 21h05min - Atualizada em 25/03/2023 às 15h01min

Crítica | Cidade Invisível - 2ª temporada

Produção introduz novos elementos, mas falha em desenvolvê-los

Giullia Moreira - Editado por Ana Terra

No dia 22, a série “Cidade Invisível” ganhou mais uma temporada pela Netflix. A obra, criada pelo cineasta Carlos Saldanha, chegou ao streaming com a proposta de unir o cenário contemporâneo do Brasil com mitos e lendas do folclore brasileiro. O resultado da primeira temporada, que foi ao ar em 2021, foi extremamente positivo: o seriado ficou no top 10 em mais de 50 países. Mas resta saber se a fórmula do sucesso foi repetida, com a chegada dos novos episódios.

Acompanhamos, na série, a história do policial ambiental Eric (Marco Pigossi), que perde a esposa em um trágico e misterioso incêndio. Inconformado com o incidente e com novas pistas que apontam para algo sobrenatural, ele descobre que sua família possui uma grande conexão com entidades mágicas. No universo apresentado pelos roteiristas, diversas figuras ícones do imaginário brasileiro convivem com os seres humanos, como a Cuca, a sereia Iara, o Corpo-Seco, Saci e o Curupira. 

Nesta nova temporada, um grande triunfo é a ampliação desta mitologia, com a introdução da Matinta Pereira (ou Perê), lobisomens, Boiuna, Zaori e Mula Sem Cabeça, grandes referências dos contos tradicionais da região Norte. O próprio retorno à região amazônica foi um detalhe bem adequado para corrigir os erros da primeira temporada, pois um grande contingente de lendas fazem parte ativa do imaginário coletivo nos estados nortenhos.
 

As filmagens em Belém, capital do Pará, também contribuíram para uma boa ambientação e imagens belíssimas. Tecnicamente, este foi outro acerto da equipe. É possível afirmar que a direção de arte soube utilizar apropriadamente o que a cidade oferece de melhor: os belos contrastes entre a natureza ímpar, a vida na cidade grande, prédios históricos que remontam ao período colonial do Brasil e a rotina dos ribeirinhos que transitam entre os inúmeros rios do local.

Reprodução: Netflix

Reprodução: Netflix

O surgimento de novos cenários, mistérios e tramas, no entanto, não foram o suficiente para reprimir as falhas do roteiro em desenvolver o enredo. São apenas cinco episódios para retomar uma narrativa já em andamento na primeira temporada, discutir problemas socioambientais presentes da Amazônia e seguir com a jornada de Eric e sua filha Luna. Algumas pessoas aqui foram esquecidas, como o Curupira (Fábio Lago) e a Iara (Jéssica Cores); a Cuca, que surge como uma espécie de guardiã e protetora de Luna enquanto seu pai está desaparecido, perde a oportunidade de ser mais humanizada e de ter seu passado contado; além, é claro, de haver pouco tempo para criar novas conexões e empatias com os novos personagens.

 

Com a falta de tempo disponível, o que resta para dar prosseguimento ao drama são diálogos pouco curiosos e extremamente expositivos. Discussões sobre garimpo ilegal, preconceitos e o isolamento daqueles que são mais “diferentes” são feitos de forma rasa, prejudicando a imersão do telespectador e impossibilitando maior interesse pelos desdobramentos da história. Assim, o resultado torna-se superficial. “Cidade Invisível” foi e ainda é uma potência da Netflix, tendo fãs dedicados e empolgados com o universo encantado que tanto se relaciona com o cotidiano e tradições do brasileiro. Resta saber se a companhia também enxerga essa potência audiovisual e está disposta a aumentar seu investimento para uma terceira temporada mais robusta e convidativa. 


REFERÊNCIAS:

BARROS, Rahabe. “Cidade Invisível”: o que tem de novo na 2ª temporada da série. Purebreak, 2023. Disponível em:   . Acesso em 20 mar. 2023

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