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19/04/2023 às 17h55min - Atualizada em 19/04/2023 às 15h44min

Para além do dia 19 de abril: A importância do contato com a cultura indígena

Gisele Veríssimo - Revisado por Flavia Sousa
Escândalo do genocídio Yanomami evidencia a importância do debate sobre direitos indígenas. (Foto: Reprodução/Survival International)

Você provavelmente já voltou da escola, em um dia 19 de abril, usando um cocar e pintado “como um índio”. Também é possível que você só tenha ouvido falar das populações indígenas quando estudou o processo de colonização, e aprendeu que estes grupos foram escravizados e aniquilados pelos portugueses.

Mas você já se perguntou como eram as sociedades indígenas antes da chegada dos europeus? Ou, ainda, se elas ainda existem, como vivem, como são suas crenças e costumes?

A partir desse ano, o dia 19 de abril, conhecido popularmente como “Dia do Índio”, passa a se chamar oficialmente “Dia dos Povos Indígenas” (Lei n° 14.402, de 8 de julho de 2022). Mas é necessário, para além da "celebração" da efeméride, dialogar sobre a cultura dos povos originários, tão rica em signos, idiomas, dentre outras características socioculturais que foram fundamentais na formação da sociedade brasileira e que não são amplamente difundidas e/ou observadas.

Este ano, também, temos a novidade da criação do Ministério dos Povos Indígenas: Em seu discurso de posse, a ministra Sônia Guajajara afirmou: “Talvez nem todas as pessoas [...] saibam que a existência dos povos indígenas do Brasil é cercada por uma leitura extremamente distorcida da realidade: ou nos romantizam ou nos demonizam”.

Sônia completa: “Nós não somos o que, infelizmente, muitos livros de História ainda costumam retratar. Se por um lado é verdade que muitos de nós resguardam o modo de vida que está no imaginário da maioria da população brasileira, por outro, é importante saber que nós existimos de muitas e diferentes formas. Estamos nas cidades, nas aldeias, nas florestas, exercendo os mais diversos ofícios que vocês possam imaginar. Vivemos no mesmo tempo e espaço que vocês”.

Culturas Indígenas, no plural

A Educação no Brasil ainda falha em abordar corretamente o ensino de História e Cultura Indígena na Educação Básica. Em 2008, a Lei 11.645 foi promulgada com o objetivo de exigir a temática nos currículos, principalmente nas áreas de História, Artes e Literatura. 

Nas poucas vezes em que o assunto vem à tona, as populações indígenas são reduzidas à homogeneização, ou seja, como se fossem um só grupo, com uma só cultura. Segundo o IBGE, a população de indígenas chegou a 817.963 pessoas em 2010, representando 305 diferentes etnias. Mas, segundo a CNN Brasil, o IBGE registrou no censo do ano passado 1.652.876 indígenas (a contagem ainda está em andamento). 

Além disso, ainda nos resultados de 2010, foram registradas no país 274 línguas indígenas (não, não é só Tupi) e cerca de 17,5% da população indígena não fala a língua portuguesa.Com esses números, é possível ter uma ideia da pluralidade e riqueza das culturas indígenas no país.

A influência indígena na cultura brasileira tem nuances na alimentação, na arte, no vocabulário, nos costumes e nos mais variados aspectos do cotidiano. Além disso, os saberes ancestrais com relação à medicina, religião e contato respeitoso com a natureza são importantes ensinamentos dos povos originários.

História Indígena na Educação

Hoje, as instituições de ensino têm buscado por novas metodologias para o ensino de História e Cultura Indígena, exigido pela lei 11.645/2008. Porém, ainda é comum ver crianças fantasiadas de "índio", o que não é fantasia, sem contar a falta de aprofundamento em um tema tão importante. Nesse vídeo, o comunicador Tukuma Pataxó fala sobre o tema, dando dicas de como abordá-lo em sala de aula. São livros, séries, filmes e brincadeiras, que proporcionam aos alunos o contato com os povos originários e seus costumes de forma respeitosa.


Aldeia Marakana 

Localizada no antigo Museu do Índio, a Aldeia Marakana é também uma universidade e um movimento social indígena. A ocupação ocorre intermitentemente desde 2006. Com um histórico de despejo e reocupação, a expressão “aldeia resiste” demonstra a luta pela reocupação do território e da reforma do prédio que corre risco de demolição. 

De origem tupi-guarani, a palavra "marak'aná" deriva de “maracá” e significa "algo semelhante a um chocalho”. “Maracanã”, a palavra ‘aportuguesada’ nomeia o Estádio Mario Filho, o rio e o bairro ao entorno da Aldeia.

Abril Indígena 

Dos dias 1 a 30 de abril, a Aldeia Marakana abre as portas para a segunda edição do “Abril Indígena”: a programação inclui oficinas, rodas com canto e dança, feiras de artesanato e exposições, além de mutirões de plantio e visitas guiadas. A contribuição para a participação varia entre 1kg de alimento e R$45,00. Algumas das atividades precisam de inscrição prévia.

Saiba mais sobre o abril indígena no perfil da aldeia no Instagram, @tekohawmarakana. A aldeia fica na Avenida Rei Pelé, 1051. Bairro Maracanã, Rio de Janeiro.

Leia mais sobre o diálogo entre a cultura e os direitos indígenas: A etnofotografia e a luta pelos direitos indígenas 
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