Lab Dicas Jornalismo Publicidade 728x90
12/06/2023 às 22h07min - Atualizada em 12/06/2023 às 19h00min

Dia do Cinema Brasileiro: do início histórico ao preconceito contemporâneo

Entre controvérsias historiográficas, 19 de junho marca o Dia do Cinema Brasileiro

Felipe Nunes - Revisado por André Pontes
Data da é celebrada com controvérsias de historiadores sobre suposto pioneiro nacional da Sétima Arte. (Foto: Freepik)

A primeira filmagem brasileira realiza 125 anos nesta segunda-feira (19), data que marca o Dia do Cinema Brasileiro no país. Em 19 de junho de 1898, o italiano Afonso Segreto (1875 - 1919), pioneiro na produção cinematográfica nacional, gravou sua chegada à Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro.

 

À época, Segreto - que vinha da França com o navio Brésil, no qual as imagens foram filmadas - chegou ao Brasil após ter concluído um curso francês de técnicas de filmagens e manuseio do cinematógrafo (aparelho de produção e exibição de filmes). Os registros de Afonso mostravam paisagens em movimento.

 

Embora os feitos do italiano sejam considerados marcos históricos e culturais na cinematografia, historiadores e pesquisadores contestam o seu pioneirismo. Isso porque gravações de anos anteriores, como uma registrada no ano de 1897, em Petrópolis, contradizem sua reputação de precursor.

 

Outro momento que celebra o cinema nacional é o dia cinco de novembro. A data relembra a primeira exibição cinematográfica pública, feita em cinco de novembro de 1896, com a transmissão de oito filmes no Rio de Janeiro.


Preconceito contemporâneo da própria nação

A sétima arte nacional é repleta de expressões artísticas que alteram as formas de fazer e consumir cinema ao longo dos anos. O início, marcado por obras de cunho documental, influenciou as produções sucessoras da época e continua exercendo essa influência na cinematografia contemporânea, que se subdivide em diversos gêneros e formatos.

 

De acordo com a Ancine (Agência Nacional do Cinema), o primeiro semestre de 2022 teve mais de 44 milhões de espectadores nos cinemas brasileiros e arrecadou R$869,9 milhões. Contudo, as dez obras mais assistidas não pertencem ao catálogo de produções nacionais.

 

O empecilho para o avanço do cinema nas telonas e telinhas nacionais é o estigma e o preconceito tidos pela própria população brasileira. “Filmes brasileiros só têm palavrão”, “Essas obras nunca chegarão aos pés de Hollywood”, “Atores péssimos e roteiros fracos” e  “Se fosse bom já teria ganho o Óscar” são algumas das falácias ditas quando o assunto são filmes escritos, dirigidos, roteirizados e interpretados por brasileiros.

 



 

O desconhecimento diante do acervo de obras reforça essa rejeição ao conteúdo audiovisual produzido nacionalmente. Muitos dos filmes brasileiros sequer são exibidos pelos cinemas, que, se por um lado, deixam de exibir a filmografia do Brasil, por outro acompanha com afinco o conteúdo internacional, principalmente o hollywoodiano.

 

Como em outras nações, o Brasil tem narrativas cinematográficas de variados gêneros que não se restringem a um único modo de se fazer cinema. Todavia, o estigma de que todos os filmes têm violência, hiperssexualidade e palavrões ainda impera no imaginário coletivo popular, mesmo com os curtas e longas mostrando o exato oposto. 

 

Grande parte dos filmes infantis, por exemplo, são adaptações de livros e auxiliam o desenvolvimento sociocultural das crianças brasileiras também no viés literário, sem ter expressões grosseiras ou insultos.

 

Contudo, o linguajar com palavrões não é exclusividade das obras nacionais e não é sinônimo de má qualidade textual no roteiro. Longas-metragens norte americanos, consumidos amplamente no Brasil, são carregados de gírias com insultos que, por vezes, são traduzidos e dublados com termos mais brandos ou, no caso dos produtos legendados, têm xingamentos de igual valor de desacato ao dos palavrões brasileiros e não são rechaçados pelos receptores e críticos. 

 

Ademais, essa variação da linguagem pode ser utilizada intencionalmente para ampliar a veracidade e o naturalismo das narrativas, que não podem ser desmembradas do contexto histórico e cultural em que foram construídas.

 


 

Dessa forma, o cinema brasileiro se mostra como uma ferramenta extremamente importante para o mercado audiovisual e também para a representação do país em um viés internacional, haja vista o reconhecimento que as obras conquistam ao redor do mundo. “Cidade de Deus” (2004), por exemplo, é uma das obras brasileiras mais notáveis pela crítica especializada internacional. O filme foi indicado nas categorias de Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia, Melhor Edição e Melhor Diretor no Oscar.

Além do filme citado acima, destacam-se os longas: “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964), “Macunaíma” (1969), “Central do Brasil” (1999)  e “O Pagador de Promessas” (1963). Já entre as obras contemporâneas produzidas depois dos anos 2000: “Carandiru” (2003), “Que Horas Ela Volta?” (2015), "Aquarius" (2016), “Marighella” (2019) e “Medida Provisória” (2020). 

 

Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »