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17/09/2023 às 01h04min - Atualizada em 17/09/2023 às 00h00min

A história por trás do novo uniforme do Corinthians

O clube estreia nova peça em homenagem ao movimento em prol a democracia nesta sexta

Ricardo Renovato - labdicasjornalismo.com
Reprodução/Twitter
O Corinthians lançou sua nova terceira camisa  para a temporada 2023 – 2024. Predominantemente amarelo e com detalhes em preto, o uniforme faz referência ao histórico movimento “Diretas Já” e vai completar a coleção de uniformes que fazem menção à “Democracia Corinthiana”. Time vai estrear a camisa no jogo contra o Botafogo nesta sexta. Peça já está à venda no site oficial da Nike e vai custar R$299,99 para torcedor masculino e feminino. A peça infantil tem valor de R$249,99; já o modelo jogador, R$699,99.
 
Na parte de dentro da camisa há menção ao maior comício das Diretas Já que ocorreu no Vale do Anhangabau em 16 de abril de 1984. Naquele dia, um milhão de pessoas foram no local para pedir a aprovação da emenda Dante de Oliveira, que solicitava o retorno das eleições diretas para presidência da República. Sócrates e o locutor Osmar Santos subiram ao palco para apoiar o movimento e cobrar que deputados votassem sim para a proposta. Já o governo da época queria eleições diretas só em 1988.

"A democracia faz parte da minha história, no Corinthians principalmente. O grande impacto dela hoje é o respeito e os direitos conquistados que todos nós buscamos", disse Zé Maria, (na foto, ele está à esquerda recebendo maquiagem), que participou do movimento.



A sessão de fotos teve a presença de jogadores do futebol masculino e feminino do clube, tendo o goleiro Cássio, o meia Renato Augusto e o atacante Yuri Alberto representando o futebol masculino, as meias Gabi Zanotti e Grazi, além da volante Luana Bertolucci representaram o time feminino. O ensaio também contou com a presença do cantor MC Hariel e o ilustre Zé Maria, ídolo histórico que vestiu a camisa do clube em 598 oportunidades e é uma das figuras da Democracia Corinthiana.




O que foi a “Democracia Corinthiana” e o movimento “Diretas Já”

No início dos anos 80, em meio à ditadura militar no Brasil, Corinthians deu início à Democracia Corinthiana, que foi encabeçada pelos jogadores Sócrates, Wladimir e Casagrande. O movimento foi algo inovador e trouxe grande visibilidade para o clube, que teve o apoio de figuras importantes como o publicitário Washington Olivetto, que contribuiu para alavancar o marketing e reformular a estrutura do clube, além da cantora Rita Lee, que usava camisetas do movimento durante os shows e encerrava com Sócrates e Casagrande subiram ao palco.



Com a mudança, todos os funcionários tinham o mesmo peso em seus votos e opiniões. Sendo assim, contratações, locais de concentração, horário de treino e outras medidas internas eram decididas por voto. Após ter tido sucesso internamente, tendo conquistado títulos e ajudado o clube financeiramente, o próximo passo foi trazer o movimento e a luta para o cenário político vivido pelo país.



A Democracia Corinthiana divulgou as eleições gerais de 15 de novembro de 1982 e solicitou que o povo votasse em quem estivesse comprometido com a democracia e contrario ao regime militar, algo que não foi visto com bons olhos por alguns políticos e personagens da época, que ameaçaram intervir o clube. O time estampava dizeres políticos em sua camisa como “Diretas Já” e “eu quero votar para presidente". Esse foi o primeiro pleito desde 1960 que elegeu governadores, senadores e deputados. A vitória de inúmeros candidatos do então MDB impôs uma derrota ao governo e abriu caminho para o movimento Diretas Já.

A proposta foi rejeitada em 25 de abril de 1984. Faltaram 22 votos para aprovação: foram 298 votos a favor (quando eram necessários 320 votos).  Após derrota, houve a eleição indireta para presidente. Depois das prévias para escolhas dos candidatos, Tancredo Neves, visto como conciliador, aproveitou dissidência no partido governista que não aprovou a indicação de Paulo Maluf para o pleito. Assim, o mineiro negociou cargos para quem "pulou do barco". Resultado foi uma vitória de Tancredo por goleada. Problema que na véspera da posse ele passou mal e a partir dali passou por 36 dias de internações e operações. Em 21 de abril de 1985, às 22h23, foi anunciada a morte de Tancredo, que causou uma enorme comoção no Brasil.  Com isso, o vice José Sarney assumiu o cargo e começou o plano da escrita da nova Constituição, em 1988, que terminou a transição para democracia e é válida até hoje.
 

 
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