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09/10/2019 às 12h59min - Atualizada em 09/10/2019 às 12h59min

Coringa divide público com cenas violentas e abordagem sobre saúde mental

Joaquin Phoenix protagoniza uma das melhores atuações da carreira

Júlia Victória - Editado por Bárbara Miranda
Ver Coringa não é apenas assistir a um simples filme, é uma experiência incômoda e reflexiva. O novo longa da DC não entrega somente a história de um dos maiores vilões dos quadrinhos e do cinema, mas também o desenvolvimento de uma mente inconstante e perturbada.
 
FONTE : Divulgação / Warner.

[ALERTA DE SPOILERS]
 
Mesmo envolvendo um personagem constante nas narrativas de super-heróis, o diretor Todd Phillips não oferece nenhum dos clichês do gênero e ao invés disso mergulha na vida e no psicológico do protagonista.
 
Ao colocar a história entre os anos 70/80, o filme ganha uma independência e não se liga a qualquer outro personagem. A família Wayne está presente, mas a figura principal na época é Thomas Wayne que concorre a prefeitura de Gotham.Com essa autonomia, o foco então é unicamente do Coringa.
 
Arthur Fleck é um aspirante a comediante que divide a rotina sendo um palhaço durante o dia e tentando o stand-up à noite. Entre esses períodos, ele tem que lidar com os seus problemas mentais e cuidar da mãe.
 
Tudo em seu personagem é inconstante. Ele não tem padrões. Nem mesmo a risada característica presente em momentos sádicos do vilão, já que em Arthur ela provém de alteração neurológica que o faz rir descontroladamente e o mesmo faz diversas variações dependendo do momento.
 
A dedicação de Joaquin Phoenix torna a performance ainda mais angustiante. Para o papel, emagreceu 23 quilos e a magreza ajuda a compor o arco do protagonista.Ao longo da trama, também é possível observar a desordem e a crise que assola a cidade de Gotham. Com cortes na saúde e nos serviços públicos e o aumento do índice da violência.
 
É importante destacar essa formação da personalidade de Arthur que tenta controlar seus instintos selvagens, mas os seus transtornos mentais não lhe deram suporte psicológico para adequação a um meio tão incompreensivo e agressivo. Arthur tentava se proteger da realidade através dos seus delírios.
 
FONTE : Divulgação / Warner.
 
O filme também aborda o pequeno limite que separa a loucura da normalidade. No caso do protagonista, o que o faz romper este limiar é a concretização do seu primeiro ato violento (o episódio do assassinato no metrô) e a sequência de acontecimentos ( como a exibição do vídeo no programa de Murray ,a descoberta de um possível parentesco com os Wayne e a descoberta sobre sua “mãe”) ajudam a florescer o seu lado sombrio e o encoraja a repetir mais atitudes brutais.
 
A partir desse momento não existe mais Arthur Fleck.
 
A trilha sonora de Hildur Gudnadóttir, que também compôs a trilha da série Chernobyl, auxilia a manter a tensão nos momentos de ápice da narrativa. A fotografia captada na película de 70 mm merece total destaque.
 
Com relação as críticas, o público se dividiu:  muitos ficaram entre a definição de “obra prima” e muitos naquela de “vitimização do personagem e a justificativa de atos extremamente violentos”.Sessões nos EUA foram canceladas por medo de ataques, inclusive no mesmo cinema onde houve um atentado na estreia de “Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge” em 2012.
 
Muitos consideraram o filme como perigoso. O site The Telegraph perguntou ao ator Joaquin Phoenix se o filme poderia acabar “inspirando exatamente o tipo de pessoa que a história trata, com resultados potencialmente trágicos”. Ele então saiu da entrevista e só retornou uma hora depois.
 
Coringa pode ser considerado por alguns como uma obra arriscada. Mas em vez de pensar na visão da glamourização das ações do personagem, o que não acontece, por que não refletir na degradação e na urgente melhora dos pensamentos da sociedade? Ou quantas mentes doentias que estão espalhadas por aí afora que conseguem manipular as massas e conseguir liberar aquilo que há de mais sombrio no inconsciente coletivo?
 
Fica a reflexão, a certeza de que Coringa é o melhor filme da DC entre os últimos lançamentos do estúdio e também que Joaquin Phoenix receba todo o reconhecimento por conta de sua atuação impecável (além de um merecido Oscar que a Academia já devendo depois de indicá-lo três vezes).

 
REFERÊNCIAS

 
LOPES, Caio. Crítica I Coringa. Disponível em: https://observatoriodocinema.bol.uol.com.br/criticas/criticas-de-filmes/2019/09/critica-coringa. Acesso em 09 de outubro de 2019.
 
Jovem Nerd. Joaquin Phoenix abandona entrevista depois de pergunta controversa sobre Coringa. Disponível em: https://jovemnerd.com.br/nerdbunker/joaquin-phoenix-abandona-entrevista-depois-de-pergunta-controversa-sobre-coringa/. Acesso em 09 de outubro de 2019.
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