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06/02/2020 às 17h35min - Atualizada em 06/02/2020 às 17h35min

O terror moderno em O Farol

Robert Eggers, diretor de A Bruxa, retorna às telas do cinema ainda mais forte com O Farol

Larissa Alves - Editado por Bárbara Miranda

De alguns tempos para cá, o terror têm tomado rumos inovadores e inesperados, em relação aos filmes de terror que lotam as salas de cinema todos os anos, com o mesmo enredo, cheios de jump-scares e clichês que são abundantemente presentes em todos eles. Novos diretores (e a maioria deles de primeira viagem) têm surgido com promessas incríveis para o gênero do horror. Jordan Peele, cineasta que em sua primeira vez no cargo dirigiu nada menos que Corra, filme aclamadíssimo, que em 2018 ganhou Oscar de Melhor Roteiro Original.

Mas aonde queremos chegar é em Robert Eggers, responsável por A Bruxa (2015) e O Farol (2019). Junto a essa nova onda do terror, que não presa mais pelos sustos previsíveis e histórias rasas, mas sim pela qualidade de produção e imersão do público no enredo e nos sentimentos dos personagens (por mais agoniante que seja), Eggers surge com Bruxa, filme reconhecido em inúmeros festivais e considerado um dos melhores da década. Em seguida, com a proposta de O Farol, ele mostra que não foi sorte a genialidade de seu primeiro filme, mas que ele sabe muito bem o que está fazendo.

Eggers preza pelo realismo das épocas que retrata, e ambos os filmes se passam em séculos distantes. O Farol conta a história do marinheiro e veterano Thomas Wake (Willem Dafoe) e do ajudante novato Ephraim Winslow (Robert Pattinson). Winslow é contratado para ajudar na manutenção do farol de uma ilha na Nova Inglaterra por quatro semanas. Wake seria seu chefe. A partir daí o filme trabalha a relação bizarra entre os dois, o que é de se esperar, já que a ilha não é habitada por mais ninguém.

O longa se passa inteiramente em preto e branco, e é rodado em proporção 1.19:1 (corte de tela praticamente quadrado), que tem  objetivo de causar claustrofobia no espectador, fazer ele se sentir preso àquela ilha e àqueles cômodos, assim como estão os personagens, presos na companhia um do outro.


O desenvolvimento do filme pode parecer lento, pois o diretor busca construir uma narrativa de forma que o espectador sinta a mesma agonia que Winslow, em relação à precariedade da ilha, a insalubridade de seu trabalho, e como é maçante fazer as mesmas coisas todos os dias, na companhia das ordens de um velho marinheiro.

Acontecimentos estranhos ao longo da história vão aparecendo, como os sonhos bizarros de Winslow sobre a ilha. Talvez o mais enigmático desses acontecimentos seja o fato de o ajudante ser proibido de entrar no farol, sendo que Wake passa todas as noites lá dentro. Isso desperta a curiosidade de Winslow em saber o que haveria lá que não poderia ser visto por ele. E este é o principal fator que o leva a duvidar de Wake, e consequentemente, à loucura.

Pattinson e Dafoe estão totalmente entregues aos seus papéis, que não são simples. O roteiro, escrito pelo diretor e seu irmão, Max Eggers, possui diálogos em inglês antigo, e com expressões próprias do linguajar dos marinheiros, o que exigiu grande estudo e imersão histórica por parte da dupla. Essa é uma das características que traz realidade à obra, ainda que  a mesma apresente elementos sobrenaturais aqui e ali.

A obra é a reafirmação de que Robert Eggers está conquistando gloriosamente seu espaço no gênero do terror, assim como tantos outros diretores que estão buscando esses mesmos ideais. Ele consegue ser um diretor autêntico com um toque de excentricidade. A produção possui enorme qualidade técnica e artística, e não é atoa que foi reconhecido pela premiação mais importante do cinema. O longa é indicado ao Oscar 2020 de Melhor Fotografia, mais uma enorme conquista para o gênero, já que filmes como O Farol não costumam ser valorizados em grandes premiações.

Como certamente disse Pablo Villaça em sua crítica ao filme, “O Farol é um pesadelo lindíssimo”.





REFERÊNCIAS

ELOI, Arthur. O Farol. Omelete, 2020. Disponível em: <https://www.omelete.com.br/filmes/criticas/o-farol. >.Acesso em: 06/02/2020.

VILLAÇA, Pablo. O Farol. Cinema Em Cena, 2020. Disponível em: <https://cinemaemcena.com.br/critica/filme/8513/o-farol>. Acesso em: 06/02/2020.


UGA, Otávio. Super Oito. O FAROL é bom? - Vale Crítica. 2020. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=-6u6AOBEKdk>.Acesso em: 06/02/2020.

 

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