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09/02/2020 às 15h16min - Atualizada em 09/02/2020 às 15h16min

Crítica: Modo Avião reflete a modernidade líquida de Bauman

Filme protagonizado por Larissa Manoela aborda sobre a convivência no mundo real, sem o acesso completo das redes sociais.

Fiamma Lira - Editado por Rafael Campos
Larissa Arruda/Netflix
Na era da informação, a invisibilidade é equivalente à morte”. Esta declaração do sociólogo polônes Zygmunt Bauman, define bem o longa-metragem produzido pela Netflix. Com duração de aproximadamente 90 minutos, o filme mostra de forma bem nítida a sociedade dos dias de hoje, com o uso excessivo do celular e das redes sociais e o poder exercido pela tecnologia digital na vida das pessoas.

O enredo conta a história da influencer Ana,protagonizada pela atriz Larissa Manoela, que atua em uma marca renomada de moda chamada True Fashion. O trabalho da moça é produzir publicações de cada passo dado, seja uma nova compra, ida ao escritório, passeio no shopping, caminhando na rua, etc. No entanto, o que era para ser um trabalho incrível, torna-se um caos. Isso porque Ana não tinha nenhum equilíbrio, se envolvendo em um acidente no trânsito por dirigir enquanto utiliza o dispositivo, indo parar até no hospital. Um completo desastre!

É interessante notar que ao viver esse detox digtal forçado, as pessoas que trabalhavam e conviviam com ela, como sua chefe Carola (Katiuscia Canoro), o seu namorado influencer Gil (Eike Duarte) e sua amiga Mara (Amanda Orestes), não se importavam com seu bem-estar de verdade. Apenas os números altos de curtidas e seguidores somente os interessavam. É como diz Bauman: “Vivemos tempos líquidos, nada é feito para durar”. Ou seja, relações humanas superficiais, voláteis e sem uma conexão verdadeira e autêntica. 


   
Diante da situação, os pais da jovem tomam uma medida drástica: a mandam para a casa do avô Germano, vivido pelo cantor Erasmo Carlos. O lugar fica em uma área rural, sem acesso ao wi-fi e nada de celular. Por causa disso, ela é obrigada a consertar o carro junto com o parente desconhecido e as pessoas da localidade.

Durante aquele período, ela pôde refletir sobres seus valores, objetivos, personalidade, atitudes e estilo de vida. Teve a chance de analisar a si mesma, quem realmente é e os seus sonhos. Ana percebeu que cultivar o amor-próprio, a autoestima, as boas amizades, apreciar boas paisagens, sabores, passear, se divertir, dedicar-se a antigas vontades e deixar-se levar pela criatividade artística, como o de criar uma coleção baseada em uma história familiar e costurar as peças, conversar olho no olho e até a descoberta do amor verdadeiro são muito mais importantes do que selfies, curtidas, seguidores e visualizações na internet. A influenciadora se deu conta de que o equilíbrio é necessário e fundamental para viver melhor e mais feliz. 

O sociólogo espanhol Manuel Castells, autor da obra Sociedade em Rede, afirma que somos anjos e demônios na internet. Essa declaração se aplica na narrativa fictícia. Na temporada em que ficou ausente das redes sociais, ela logo foi esquecida pela agência que atuava e substituída por outra garota. Ela percebeu que os melhores momentos vividos são offline
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