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27/02/2020 às 16h18min - Atualizada em 27/02/2020 às 16h18min

Médicos fazem alerta sobre perigo de desafio entre adolescentes e adultos na internet

João Marques - Edição: Giovane Mangueira
Foto: reprodução internet
Nas últimas semanas, algo que vem considerado como brincadeira entre crianças, jovens, ganhou uma repercussão ainda maior, principalmente em grupos de mensagens e na mídia como jornais, sites de notícias, emissoras de televisão e rádio. Trata-se de uma brincadeira – disfarçada de desafio - do “Quebra-crânio” ou até mesmo “rasteira”. Mas embora se disfarce de uma simples e inocente brincadeira, as consequências podem ser graves com as quedas, que podem a vítima sofrer graves fraturas e até a morte.

Os vídeos gravados e divulgados mostram pessoas, uma ao lado da outra, onde a do meio, desavisada, leva uma rasteira ao pular caindo no chão – na maioria das vezes com a cabeça.

Recentemente a adolescente Emanuela Medeiros, de 16 anos, faleceu vítima de traumatismo craniano após participar da brincadeira com duas colegas na escola onde estudava. Embora socorrida e levada ao hospital, a menina não resistiu e morreu.

Alerta

Em muitos vídeos publicados, a vítima fica desacordada após a queda. Segundo o neurocirurgião, Francinaldo Gomes, a vítima sofre a queda sem que possa estender as mãos para se proteger, havendo impacto direto do crânio contra o chão.
 
A maioria dos jovens que participam do desafio não tem noção do perigo que estão causando ao colega como explica o médico. “Quedas, mesmo que sejam da própria altura, podem desencadear traumatismo cranioencefálico. As lesões podem ir desde a concussão cerebral, até fraturas de crânio e formação de hematomas intracranianos”.
 
Além do traumatismo cranioencefálico, podem ocorrer traumas na coluna cervical ou mesmo em outras partes do corpo. “As consequências variam conforme a intensidade e o local do trauma. Podem ocorrer transtornos cognitivos, perda de movimentos, crises convulsivas, formação de hematomas e nos casos mais graves, levar ao óbito. Portanto, o que pode parecer uma brincadeira aparentemente inofensiva, pode ter consequências trágicas para as vítimas”, explica Francinaldo Gomes.

Os principais riscos são fratura no crânio, rompimento de vasos formando hematomas e inchaço cerebral. “Algumas lesões, como hematomas, podem aparecer algumas horas após o trauma na cabeça. Isto faz com que, muitas vezes, a pessoa fique bem após a queda, mas depois comece a piorar, podendo inclusive vir a falecer.” explica o profissional.

A Sociedade Brasileira de Neurocirurgia alertou no início de fevereiro, quando aumentou a repercussão da brincadeira, uma nota voltada aos pais e educadores sobre a necessidade de reforçar a atenção com crianças e adolescentes, diante do desafio reproduzido nas redes sociais. “Deste modo, como sociedade, pais, filhos e amigos, devemos agir para interromper o movimento e prevenir a ocorrência de novas vítimas. Acompanhar e informar/educar sobre a gravidade dos fatos, pode ser a primeira linha de ação”, diz a associação por meio de nota.
 
O médico Juliano Fratezi, ortopedista e especialista em coluna e dor explica que a brincadeira não causa geralmente uma deformidade nos ossos – pois seria necessário trauma contínuo. Mas alerta sobre as consequências de fraturas, como é o caso: “Os riscos são de que ocorram diversos tipos de traumas como o cranioencefálico e fraturas de punho, ombro e coluna, principalmente”.
 
Ainda segundo ele, os riscos são os mesmos independente da idade. “Em caso de adultos que já tem um histórico de problema de coluna, como uma hérnia de disco, ele pode agravar o caso com o impacto da queda. Por isso, é necessário ficar atento e evitar – seja qual for a idade do indivíduo – essa brincadeira”.
 
A Especialista em Direito Processual Civil e Direito de Família e Sucessões, Victoria Carmín Musachi explica que pais de crianças que provocam acidentes podem ser responsabilizados em caso de envolvimento de seus filhos com os acidentes. “Pela ordem natural da vida, os pais são responsáveis por toda atuação danosa atribuída aos seus filhos menores de idade, em razão do vínculo jurídico legal existente entre pais e filhos menores, qual seja o poder familiar”.
 
Ela ainda explica que ainda que não haja culpa de sua parte, os pais ou responsáveis legais de crianças e adolescentes devem responder pelos atos ilícitos cometidos pelos menores, devendo eventualmente ressarcir um terceiro lesado. “Para acionar o Poder Judiciário a fim de ver reconhecidos seus direitos e pleitear uma indenização, até os 16 anos a criança deverá ser representada em juízo por seus pais ou representantes legais, enquanto os maiores de 16 anos e menores de 18 anos serão por eles assistidos”, orienta.
 
Alguma escolas tem realizado campanhas de conscientização dentro do ambiente escolar alunos e educadores sobre os riscos do desafio. Mas é importante que dentro e fora das escolas todos estejam cientes sobre os riscos de um simples momento que pode se tornar fatal. Em caso de quedas, mesmo sem dores no momento, é preciso manter a calma e pedir ajuda. ‘Primeiramente segundo médicos é observar se a pessoa perdeu a consciência, se está vomitando, se teve ou está tendo crises convulsivas e se está desacordada. Remova objetos que possam causar lesões (faca, garrafa de vidro, objetos pontiagudos). Deve-se acionar o atendimento de urgência o mais rápido possível. Evite movimentar a pessoa, principalmente a cabeça (a não ser que esteja em local com risco de explosão, incêndio ou desabamento).
 
De acordo com o Código Civil Brasileiro, a responsabilidade civil de uma instituição de ensino diante de eventual acidente sofrido por uma criança no período da oferta do serviço educacional é decorrente de “ação, omissão, negligência ou imprudência”, finaliza a advogada.
 
 

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