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25/07/2020 às 00h15min - Atualizada em 25/07/2020 às 00h09min

Clubes literários: um processo de incentivo ao hábito da leitura

Assinantes de clubes pagos no Brasil ultrapassam 200 mil ativos mensalmente, com maior índice para o público infantil

Ingrid Andrade - Revisado por Renata Rodrigues
Imagem lúdica de uma mulher em uma biblioteca. Foto: Comfreak, banco de imagens Pixabay.

O brasileiro lê, em média, 2 livros ao ano e 30% da população nunca comprou um livro. Mas o hábito de leitura vêm sendo resgatado. Estima-se que o país levaria cerca de 260 anos para chegar a um nível otimista, se comparado com países desenvolvidos. Apesar da falta de acessibilidade para as minorias sociais, a pesquisa dos quadros de leitura no Brasil do Banco Mundial, revela que 24% das pessoas não têm paciência para a atividade, sendo melhor que os 11% de 2007. 

 

É de conhecimento que a prática de ler, se feita da maneira correta, traz benefícios. Atua no nosso repertório geral, aumenta o vocabulário, auxilia a criação de senso crítico, estimula a criatividade, facilita a escrita e melhora a memorização.

 

Clubes de leitura são um bom aliado para que a leitura seja contínua. Eles exigem um desafio estimulante ao cérebro, traçam uma meta mensal de, no mínimo, um livro. Fazer parte de grupos como esse pode também expandir os gostos para outros tipos de gêneros, para aqueles monotemáticos, e conta ainda com a troca de experiências em grupo. 

 

Esse tipo de atividade foi originada nos anos 1920, em grupos americanos que se juntavam para estudar a bíblia e entre francesess, que se reuniam para discutir novos pensamentos intelectuais. O tradicional é idealizado em bibliotecas da cidade ou por algum organizador que reúne um grupo de conhecidos. Hoje em dia através da internet, escolhe-se um título para ler e em um dia marcado, é feito um debate sobre o que foi lido. Essa prática gera determinação e promove troca de visões do mesmo objeto, com interpretações diversas a partir da realidade do outro.

 

Além dos clubes tradicionais, atualmente, contamos com o serviço pago mensalmente ou anualmente. São os clubes por assinatura, em que todos os meses o assinante recebe um livro surpresa em casa e alguns possuem fóruns de debate online. A maioria possui brindes para chamar mais atenção do leitor, como também edições e entrevistas exclusivas.

 

A infância é a melhor idade para se formar leitores e ler em família fortalece os laços e instiga a criatividade dos pequenos, além de a criança se tornar um potencial consumidor de livros e ajudar em seu desenvolvimento com a aprendizagem. Para tal, temos clubes como a Leiturinha, que de acordo com a idade, que é desde recém nascido até ao 12 anos, os especialistas selecionam e enviam um livro ideal para a criança. O clube conta com mais de 170 mil famílias leitoras ativas por mês.

 

A felicidade é uma vez por mês aqui em casa, e ela chega através do livro. Amo receber o pacote de alegria e já fico na expectativa do próximo exemplar, que é escolhido cuidadosamente por uma equipe especializada, sempre com conteúdos de acordo com a idade da criança. Ainda agrega no repertório para tratar com os alunos. Se o livro for para o adulto, certamente será bom para a criança.”, relatou a estudante de pedagogia Vanessa Andrade, assinante de um clube de livros infantis.

  


Uma criança com um livro. Foto: Yael Gonzalez

A livraria Leitura também possui um clube de assinante, ele ele foi pensado para atingir a todos,abrangendo tanto crianças como adultos, jovens e adolescentes. Seus kits são escolhidos por consultores que, considerando o conteúdo escolhido, enviam um título pertinente. É possível também consultar no blog, resenha de assinantes dos livros enviados, como também entrevistas com os profissionais que montam os kits. 

 

Como esse clube envolve todos os estilos e gostos, o perfil do leitor é de acordo com o pacote desejado. Seus livros passam por todas as editoras distribuídas pela livraria, sendo assim, uma variedade de títulos para quem gosta de ler assuntos novos variados.

 

A TAG Experiências Literárias segue um linha diferente dos demais, com o kit de curadoria é comum livros de nacionalidades diversas, saindo do norte-americano para explorar as outras culturas, com edição exclusiva do livro e todos os meses é escolhido por grandes nomes da literatura de todos cantos do mundo. É interessante para quem gosta de sair da zona de conforto e ler assuntos que fogem da normalidade. Mas também há a seleção de livros inéditos, que contém os best-sellers internacionais ainda não lançados no país.

 

Além dos livros, a TAG possui aplicativos de comunicação onde os leitores podem interagir, mostrar os kits recebidos, trocar experiências, como o tradicional, mas dentro do mundo digital, ótimo para atrair os mais jovens, atingindo cerca de 50 mil pessoas mensalmente. 

 

Os clubes de cidade podem ser encontrados pela internet, os por assinatura também. Há uma variedade para todas as idades, como Turista Literário, Clube Skoob, A Taba, Intrínsecos, e muito mais. Basta encontrar o estilo que cabe a você e se aventurar nessa experiência enriquecedora, para resgatar ou criar essa prática de ler.

 

O atrativo desses clubes, sem dúvida, é criar metas e deixar a comodidade com a surpresa do que irá ler, e assim cultivando o hábito de leitura. O professor Valdir Heitor Barzotto, professor da Faculdade de Educação (FE) da USP destaca que é importante não ser uma atividade forçada como uma obrigação, mas sim como prazer. E diz como é mais produtivo discutir sobre o que foi lido. Por mais que seja indispensável esse material em casa, a quantidade nem sempre é qualidade.

 

Online ou presencial, assinatura ou projetos gratuitos nas bibliotecas da cidade, ler sempre será a opção, para uma vida mais saudável intelectualmente e contribuir para uma sociedade mais aberta para outras realidades, opiniões e que debate pautas que agregam para o bem coletivo.

 

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