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25/07/2020 às 12h16min - Atualizada em 25/07/2020 às 12h16min

Sibéria atinge 38°C e ondas de calor causam invernos mais quentes em todo o planeta

O aumento da temperatura no Círculo Polar Ártico intensifica o efeito estufa e preocupa especialistas

Por Maíra Sobral - Edição Luana Gama
Shutterstock.com

Em junho, uma onda de calor extrema chegou a Sibéria - um dos lugares mais frios do mundo - , fazendo os termômetros locais atingirem a marca de 38°C, cerca de 18° mais quente do que o habitual para a temporada. Estima-se que a região ártica esteja aquecendo duas vezes mais rápido do que o restante do planeta. O aumento da temperatura tem preocupado cientistas pelo mundo todo, uma vez que o superaquecimento ocorrendo no Círculo Polar Ártico não é exclusividade da região.

 

O inverno da Sibéria, que inicia durante o mês de dezembro, costuma registrar 40º abaixo de zero, enquanto no verão, que começa no meio do ano, pode subir para os 20º. Embora a intensa variação de temperatura entre as estações seja comum, a onda de calor que afeta o Hemisfério Norte desde o último inverno e que atingiu seu pico durante esse ano, pode estar provocando um aquecimento excessivo da Terra.

 

Especialistas afirmam que o último inverno do Hemisfério Norte já estava cerca de 10º  mais quente do que o esperado, diminuindo a formação de neve nas superfícies árticas. Sem neve para absorver o calor do verão, o aquecimento provocado pelo aumento da temperatura tende a continuar pairando pela atmosfera terrestre.

 

Resultados do superaquecimento

 

O excesso de calor circulando pela Terra provoca muito mais do que a elevação dos termômetros. Incêndios espontâneos - não provocados pelos humanos - se tornam mais frequentes, ameaçando boa parte da biodiversidade local, além de aumentar a emissão de dióxido de carbono, outro agente responsável pelo aquecimento global.

 

O derretimento das geleiras também provoca a liberação do dióxido de carbono e metano, o que impede que as temperaturas voltem a baixar no fim da estação mais quente. Ou seja, o gelo das superfícies continua derretendo e eliminando gases do efeito estufa durante todo ano, provocando mais aquecimento, num processo chamado de retroalimentação.

 

O secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial, Petteri Taalas, adverte ainda que os polos interferem diretamente no clima das latitudes mais baixas, portanto “o que acontece no Ártico não fica no Ártico e pode influenciar o clima onde vivem centenas de milhões de pessoas”, já que as correntes marítimas transportam as diferentes condições climáticas de um hemisfério para outro.

 

Ondas de calor no Brasil

 

Um estudo publicado na revista PLoS Medicine mostra que até 2080, o Brasil estará na lista dos países que podem ser mais prejudicados, caso as ondas de calor e a emissão de gases do efeito estufa continuem crescendo sem medidas de contenção. Segundo a pesquisa realizada por 39 cientistas do mundo todo, os danos causados à qualidade de vida da população brasileira ficaram atrás somente da Colômbia e das Filipinas.

 

Apesar de as primeiras semanas do inverno deste ano apresentarem frentes frias e temperaturas próximas da média, o Instituto ClimaTempo alerta para condições de ar seco e termômetros variando entre 15 e 25°C nas regiões do centro-sul brasileiro, enquanto no Norte e Nordeste as chuvas devem se prolongar além do período habitual, devido a alta temperatura que permanece no Atlântico Norte.


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