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30/07/2020 às 11h24min - Atualizada em 30/07/2020 às 11h01min

Alimentação na Quarentena

Saúde emocional x transtornos alimentares

Júlia Nicole - Editado por Michelle Ariany
Personare

“À medida que a quarentena foi virando uma realidade, tomei conta de que já não havia mais uma rotina. Perdi meus horários de estudos, de trabalho e até de comer! Já não tinha mais aquela coisa de tomar café da manhã, almoçar, fazer um lanche a tarde e jantar. Estou comendo o tempo todo. Tomo o café da manhã, bem farto, logo em seguida já estou procurando um iogurte ou biscoito para abrir o apetite antes do almoço. No almoço encho meu prato. Isso quando não como duas vezes. Pouco tempo depois, já estou tomando um café e comendo algum doce. Apenas esperando o momento de comer mais alguma coisa e, enfim, poder jantar. Tem dias que a janta nem é minha última refeição. Dependendo do nível da minha ansiedade, posso fazer um lanche antes de dormir também. Eu perdi o controle. Engordei 3kg nas últimas semanas.”
 

Esse é o relato da Ana Luiza, 20 anos, que tinha uma vida fitness antes da quarentena começar. Ela regulava sua alimentação e malhava com frequência. Sua vida, assim como a de toda a população global, foi totalmente afetada pelo novo Coronavírus, também conhecido como COVID-19.

 

A doença foi descoberta na cidade de Wuhan, China e está atingindo as pessoas em escala global, afetando as esferas sociais, econômicas, políticas, educativas e até gastronômicas. E para entender melhor esse último caso, será feito um especial com 3 matérias, que abordará alguns contextos em que se relacionam a quarentena e a culinária.

 

A Ligação do Emocional com a Alimentação

 

A quarentena, medida de prevenção ao contágio da COVID-19, além de proteção, também trouxe muitos problemas emocionais para os indivíduos. Um estudo realizado por cientistas do King’s College de Londres, sobre o impacto da quarentena no emocional das pessoas, apontou que elas estão demonstrando muitos sinais de raiva, estresse pós-traumático e confusão, consequência do medo da contaminação,da perda de dinheiro, da frustração, do tédio e da solidão.

 

Esses sintomas psíquicos podem influenciar diretamente no que você ingere. A alimentação emocional existe quando a pessoa come, mesmo sem fome, em resposta a algum sentimento. De acordo com a doutora e pesquisadora Deanna Minich, seus desejos alimentares podem dizer muito sobre suas emoções. Por exemplo, se você deseja alimentos mais doces, pode ser sinal de uma busca por alegria ou energia perdida. Já aquelas pessoas que buscam alimentos mais salgados, são em sua maioria mais ansiosas e agitadas. E a procura por carboidratos, remete ao desejo de proteção e carinho.

 

Segundo a empresa Horus - que contabiliza dados de cerca de 300 mil consumidores no Rio de Janeiro e São Paulo - a compra de Nutella cresceu 312% no período em que o isolamento social se fixava no Brasil. Nesse mesmo tempo, a compra de salgadinhos e mistura para bolo tiveram um aumento de 14,4% e 19,5%, respectivamente, e as compras de sorvete e de leite condensado tiveram uma média de 55% de aumento nas compras. Além disso, de acordo com os dados do Google, as pesquisas relacionadas a receitas de comfort food, que são aquelas majoritariamente ligadas à carboidratos, quase duplicaram. 

Comer emocional: você usa a comida para confortar frustrações?

Comer emocional: você usa a comida para confortar frustrações?

Crédito: Gazeta do Povo

 

Ou seja, a busca por doces, salgados e carboidratos durante a pandemia, estão tendo um aumento significativo. Considerando a pesquisa da Deanna Minich, isso pode estar ligado com a busca por alegria ou energia perdida, considerando o período de quarentena, em que mudamos nossa rotina e perdemos a maior parte das nossas atividades prazerosas. As pessoas também se encontram muito ansiosas e em busca de alguma proteção durante essa pandemia.

 

Apesar de ser comum essa alteração de hábito alimentar durante esse período de mudanças intensas, é necessário manter-se atento. A nutricionista esportiva e clínica funcional Larissa Rodrigues, que atua em Belo Horizonte, Minas Gerais, afirmou que durante esse período ela observou maiores incidências de Transtornos Alimentares. “Os Transtornos Alimentares são perturbações no comportamento alimentar, podendo levar ao emagrecimento extremo, à obesidade, ao excesso de músculos e outros problemas de auto-imagem corporal”, ela explicou.

 

Os Transtornos Alimentares de maiores incidências são:

  • Anorexia e Bulimia Nervosa - Esses dois transtornos tem como principais características a intensa preocupação com o peso, medo excessivo de engordar, percepção distorcida do próprio corpo e uma auto-avaliação baseada na sua forma física e peso.

    ANOREXIA - Instituto Inclusão Brasil

    ANOREXIA - Instituto Inclusão Brasil

    Crédito: Instituto Inclusão Brasil

Com apenas alguns ativos é possível tratar a compulsão alimentar e ...

Com apenas alguns ativos é possível tratar a compulsão alimentar e ...




 

Compulsão Alimentar - Pessoas com essa doença, sentem necessidade de comer, mesmo não estando com fome, e continuam comendo mesmo quando saciadas. É normal nesse caso, ingerir grandes quantidades de alimento em pouco tempo.




 



Vigorexia é um transtorno da modernidade - Içara News

Vigorexia é um transtorno da modernidade - Içara News

Vigorexia - As pessoas com esse transtorno, também conhecido como dismorfia muscular, apresentam uma grande obsessão com os músculos, possuindo uma visão distorcida do próprio corpo, se sentindo pequeno, fraco e com poucos músculos. Muitos acabam apostando em drogas, como esteroide, para o aumento muscular. E isso, aliado a exercícios excessivos, pode levar a pessoa à morte.





Crédito: Içara News
 

 

Larissa também aponta que devemos ficar alertas quando há uma mudança extrema na quantidade ingerida (para mais ou para menos) e, consequentemente, com um aumento ou redução de peso em um curto espaço de tempo. Este fenômeno pode ser um indicativo de algum Transtorno Alimentar.

 

Uma alimentação à base de frutas, legumes, verduras, grãos, sementes, cereais, leguminosas, proteínas e gorduras saudáveis, é uma ótima aposta para manter o sistema imunológico em bom funcionamento e também para cuidar da saúde física e mental.

 

Em relação ao sistema imunológico, Larissa dá uma dica: “”é interessante consumir alimentos ricos em vitaminas C, zinco, selênio e ficar de olho na vitamina D3, que é ativada pelo sol."

 

Se você se sente como a Ana Luiza, citada no início da reportagem, como se tivesse perdido o controle da quantidade de alimentos ingeridos e de quantas vezes você os ingere, aqui vão algumas dicas para você:

 
  • Crie uma rotina

A falta de rotina e hábitos diários, podem fazer uma pessoa ficar extremamente ansiosa e ociosa. A rotina durante a pandemia, ajuda a ter foco, reduz a ansiedade e faz a pessoa se sentir mais produtiva. 

 

Sua rotina pode ser voltada para estudos, trabalho, atividades físicas, tempo para si, tempo para os familiares e amigos. É preciso também definir e cumprir seus horários para as refeições.  

 
  • Introduza frutas e cereais na sua alimentação

As frutas podem ser uma ótima saída para aquela vontade de comer, mesmo sem fome. Além de saudáveis, elas trazem a sensação de saciedade. Se você não tem muito costume de comer frutas, uma boa ideia é começar com sucos, ou com “patês”, podendo misturar as frutas e as amassando, adicionando uma quantidade bem pequena de açúcar, e fazendo delas uma ótima sobremesa.

 

Já os cereais são ricos em Vitamina B, o que influencia diretamente o sistema nervoso. Então o seu consumo ajuda a reduzir o estresse e ansiedade, que acabam sendo fatores para a compulsão alimentar.

 
  • Faça atividades físicas

A atividade física é ótima em diversos aspectos. Ela fortalece seu sistema imunológico, previne o surgimento de doenças crônicas, controla o nível de colesterol e melhora seu condicionamento físico, tanto muscular quanto cardiorespiratório. Os exercícios também ajudam na redução do estresse, ansiedade e insônia.

 

O importante é não ficar parado e dedicar pelo menos 20 minutos do seu dia para as atividades físicas. E na web você encontra várias dicas de exercícios fáceis de serem praticados dentro de casa.

 
  • Procure ajuda psicológica

A mudança brusca de rotina imposta pela quarentena e todo o medo e preocupação gerados pela COVID-19, já são por si só, são  motivos suficientes para prejudicar a saúde emocional. A psicóloga Luciana Penido, profissional na área da psicologia há quase 20 anos em Belo Horizonte, destacou que muitos de seus pacientes, que haviam parado com a terapia antes da quarentena, voltaram em estados ainda mais críticos, e surgiram novos clientes com muitas angústias e problemas, decorrentes da pandemia. Ou seja, o período está propício para o adoecimento mental e é muito importante procurar ajuda profissional.

 

O Transtorno Alimentar também é motivo de procura de ajuda profissional psicológica, já que como foi dito na matéria, esse transtorno está ligado com os sentimentos do indivíduo.

 
  • Procure ajuda nutricional

Para manter uma dieta balanceada, nutritiva e que solucione os Transtornos Alimentares, é de extrema importância procurar ajuda médica também. O nutricionista irá avaliar você e criar uma dieta personalizada, focada no que você mais precisa. E principalmente durante a pandemia, é essencial cuidar da sua saúde e se alimentar de forma correta, a fim de fortalecer seu sistema imunológico.

 

Seguindo essas dicas e conhecendo a fundo os verdadeiros motivos relacionados com a sua vontade de comer, você pode controlar sua alimentação.

 
 

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