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11/12/2020 às 10h17min - Atualizada em 11/12/2020 às 10h02min

Ciranda de Pedra e Lygia Fagundes Telles

Lygia alcança sua maioridade na literatura por meio da obra Ciranda de Pedra

Adélia Fernanda Lima Sá Machado - labdicasjornalismo.com
Reprodução// Google
O Pós-modernismo veio a surgir depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), período que muitas alterações surgiram no campo industrial, artístico e literário. Neste período, quem logo viria a se tornar a “1° Dama da literatura brasileira”, Lygia Fagundes Telles adentrou oficialmente no mundo da literatura, com a publicação do volume de contos “Praia Viva”, em 1944.

Lygia foi pioneira em vários âmbitos dentro da literatura no Brasil, mas a dúvida que muitos possuem é; porque 1° Dama? De acordo com Gercivaldo Vale Peixoto, professor de Língua Portuguesa na cidade de Rosário/MA, na Universidade Estadual do Maranhão-UEMA, deve-se ao seu protagonismo na academia e sua forma de escrita:

Lygia é considerada a 1° Dama da Literatura brasileira por ser pioneira na Academia Brasileira de Letras, além disso, por sua vasta obra e pelo seu cunho mais intimista. Sua literatura é aclamada, subjetiva e crítica.
 

Apesar de sua estreia de forma oficial no universo literário ter sido em 1944, Lygia ainda adolescente, aos 15 anos, já havia publicado seu primeiro livro, intitulado “Porão e Sobrado”, com ajuda de seu pai. Deste modo, é notório perceber que a trajetória da literatura na vida da escritora foi sendo construída bem cedo, aos poucos e com incentivo da família.

Muitos foram os contos e romances produzidos pela paulista desde seu ingresso na literatura, mas de fato, suas obras começaram a receber palmas e análises positivas dos críticos, a partir de 1954, quando lançou mais uma obra, a “Ciranda de Pedra”, seu primeiro romance. Nesta publicação o crítico Antonio Candido considerou que a autora alcançou a maturidade literária. É neste momento que marca o fim das juvenilidades presentes nas obras da escritora. Essa sua obra, mais tarde viria a se tornar uma novela para as telinhas, intitulada de forma homônima, primeiramente em 1981 e posteriormente, em 2008.


 
Ciranda de Pedra

Lygia a escrever Ciranda de Pedra, colocou como protagonista Virgínia, que no início se apresenta como uma criança, sendo a caçula de três irmãos, seus pais estando divorciados. Nessa obra a escritora apresenta de uma forma única a descrição de uma família, que no caso, a da protagonista Virgínia.
Assim como nos contos da escritora, neste romance, ela adere vários elementos simbólicos, animais, cores e paisagens bem selecionadas, com intuito de dialogar perfeitamente com as situações e personagens presentes no romance. Além disso, a autora, com a escolha do nome da obra, visa apresentar e instigar no leitor várias interpretações.

Ciranda de pedra é um romance que descreve o processo de autoconhecimento, questões familiares e do cotidiano. A autora escreve a obra com uma linguagem fluida, informal e fácil de acompanhar, mas sem deixar de lado o uso de metáforas. Além disso, possui um discurso indireto livre e o leitor consegue visualizar a mente da protagonista, ou melhor, a confusão mental, assim como se desenvolve junto com ela.
De fato, Lygia consegue apresentar através desta obra sua maioridade na literatura, pelo jeito que lida com as personagens, as questões psicológicas que nelas são tratadas, com muita excelência e de uma forma única.


Por mais que Lygia Fagundes seja um destaque na literatura brasileira, por suas produções e a maneira de desenvolver sua escrita, ela ainda é pouco discutida dentro de sala de aula. José Ribamar Lopes, professor de Língua Portuguesa no Colégio Técnico de Floriano, atribui essa falta de visibilidade no meio escolar pela questão do machismo dentro da literatura, reflexo da sociedade. Ele destaca ainda:

A literatura, em si, é machista. Desde os seus primórdios. Não na forma literal da palavra, mas influenciada pela sociedade, como, no caso, no Trovadorismo, onde somente homens escreviam. Isso acabou se refletindo ao longo do tempo. Qual cânone literário brasileiro é do sexo feminino? Nenhum! Hoje, numa literatura mais contemporânea esse argumento não vale tanto, mas a Lygia, por exemplo, é modernista, época que apresentou poucas escritoras. Há também a questão da tessitura da escrita da Lygia, a qual as pessoas tendem ou podem não se identificarem, não gostarem da forma como escreve.
 

Lygia Telles é um grande nome da literatura no Brasil, faz parte tanto da Academia Paulista de Letras (APL), quanto da Academia Brasileira de Letras (ABL). Suas obras descrevem o cotidiano, o universo feminino, a sociedade frágil dos centros urbanos, assim como descreve o país e seus escritos são conhecidos pela sua forma engajada e pela presença constante de subjetividade.
Lygia de Azevedo Telles, seu nome de batismo, é considerada a maior escritora brasileira viva. A escritora possui uma grande produção literária em contos e romances, que devem ser destacadas e valorizadas.

Conheça as obras de Lygia Fagundes:

Contos

  • Porão e sobrado (1938)
  • Antes do Baile Verde (1970)
  • Seminário dos Ratos (1977)
  • Mistérios (1981)
  • Invenção e Memória (2000)
 
Romances
  • Ciranda de Pedra (1954)
  • Verão no Aquário (1964)
  • As Meninas (1973)
  • As horas nuas (1989)

 


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