Revista Veja elege São Paulo como a capital do Nordeste e gera revolta nas redes sociais

Em comemoração ao aniversário de São Paulo, a Veja SP, publicou na capa o equívoco e os internautas se revoltaram com o título

Fonte/Reprodução: Veja São Paulo

Cada lugar do Brasil tem o seu encanto, a sua beleza e tantos atrativos ainda a serem descobertos. O Nordeste é conhecido pelas praias, mas também pelo seu povo "arretado". O Sul, pelo frio que faz durante grande parte do ano. O Sudeste é a região das oportunidades de empregos; e o Norte, pelas florestas, sendo considerado o coração do país.

Os estados que compõem essas regiões são diferentes, o sotaque de cada um também. Se uma pessoa mora no interior, fala mais arrastado; se é da cidade, o sotaque já não é o mesmo. O nordestino, especificamente, tem o seu modo de falar e de se expressar. São eles, na maioria das vezes, que saem para tentar uma vida melhor em outros estados. São Paulo é um dos destinos mais escolhidos.

Os nordestinos têm até um espaço para eles: o Centro de Tradições Nordestinas, em homenagem à essas pessoas que saem da região para ir trabalhar em São Paulo, sendo de grande importância para o estado.

Mas na capa especial em comemoração ao aniversário de São Paulo, a revista Veja SP elegeu o estado como a capital do Nordeste. A publicação gerou grande revolta nas redes sociais, que resultou em memes sobre o assunto. Até mesmo as prefeituras das principais capitais do Nordeste se posicionaram no Twitter. “Eu conto ou vocês contam?”, escreveu o perfil da prefeitura de Salvador, Bahia.

Márcia Araújo, 24, passou em uma seleção de emprego e saiu de Santa Cruz, Rio Grande do Norte, para tentar uma vida melhor em São Paulo, e está há um ano e quatro meses trabalhando em um restaurante em Guarulhos.

Ela confessa que não sabe dizer se no início era tratada com preconceito pelos colegas, mas percebia um tratamento diferente. “Eu sentia que as pessoas ficavam meio que achando engraçado a forma como eu falava, é nítido a diferença do nosso sotaque para as pessoas aqui em São Paulo”, disse.

Márcia ainda comentou que tem amigos que sofreram bullying. “Só na zoação sobre alguma palavra, que soa de uma forma diferente, ou que nunca ouviram falar, porque no meu trabalho existe uma diversidade de pessoas de vários outros lugares."

Mas ela enfatiza que, apesar do preconceito que o nordestino sofre, ela também enxerga que tem muito acolhimento por parte dos paulistas. "Eu esprero que um dia as pessoas consigam enxergar isso [o preconceito] como irrelevante", completou. 

Os estereótipos impostos ao Nordeste são nítidos, seja pelo sotaque ou as demais características que não recebem o devido valor. Os moradores da região são pessoas batalhadoras e que merecem respeito, falar diferente é normal, cada estado tem uma maneira e modos distintos, o que é anormal é saber que alguém é definido pelo lugar de onde veio.