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12/02/2021 às 05h21min - Atualizada em 12/02/2021 às 04h53min

2021: o ano do centenário de Paulo Freire

O mais célebre educador brasileiro e seu legado

Luiza Carneiro - Editado por Andrieli Torres
Foto/Reprodução: Escola da inteligência
Paulo Reglus Neves Freire, o recifense nascido em 19 de setembro de 1921, completaria 100 anos em 2021. Foi um filósofo e educador brasileiro reconhecido mundialmente por suas práticas didáticas e por ser o detentor do título de patrono da educação brasileira. O pernambucano recebeu mais de 48 títulos de universidades brasileiras e estrangeiras, foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz em 1995 e recebeu o prêmio de Educação para a Paz em 1986. Nascido em uma família de classe média, Paulo vivenciou a fome e a pobreza durante a crise de 1929 e, talvez essa experiência o levou a se preocupar com os mais pobres e o inspirou a construir o revolucionário método de alfabetização.

Freire possuía uma vocação para o ensino, e via a educação como um plano instrumental duplo capaz de preparar a população para o mercado de trabalho. Seguindo seus pensamentos, ele acreditava que o aluno não é apenas um depósito que precisa ser preenchido pelos professores, e sim que ambos podem aprender e descobrir novas possibilidades na realidade da vida, pois o educador é somente o mediador no processo de ensino-aprendizagem. A educação é vista por ele como uma pedagogia libertadora capaz de torna-la mais humana para que, tanto homens quanto mulheres, compreendam que são sujeitos da própria história. Ou seja, a metodologia de ensino dele, consiste em uma forma de educar ligada ao cotidiano dos estudantes e suas experiências além de ser conectada também à política.

Seguindo esta perspectiva, Freire criticou a educação que considerava o analfabeto ignorante, como uma lata vazia onde o professor deveria depositar o conhecimento. Ele apoiava uma ação educativa que não questionasse sua cultura, mas que fosse modificada por meio do diálogo.

Para isso, Paulo elaborou uma proposta conscientizadora de alfabetização de adultos, e em uma de suas experiências no Rio Grande do Norte, em 1963, ele ensinou 300 adultos a ler e escrever em apenas 45 dias. Por esse grande feito, o governo brasileiro aprovou a disseminação dessa primeira experiência em um Plano Nacional de Alfabetização, e tal plano poderia levar o letramento a até seis milhões de brasileiros, o que significaria seis milhões de novos eleitores fora das classes dominantes.

Em 1964, alguns meses após a implementação do Plano Nacional de Alfabetização, a ditadura militar aboliu o projeto com a explicação de que viram no método freiriano, um perigo de revolta, já que o educador acreditava na educação como método de transformação social e como ferramenta para reconhecer e reivindicar direitos. Como por exemplo, ao ensinar a escrever a palavra “trabalho”, no qual os professores também levantavam discussões sobre o assunto, e os alunos chegaram inclusive a ler artigos da CLT (Consolidação das Leis de Trabalho).

Freire ficou encarcerado por 72 dias e em seguida passou por um breve exílio na Bolívia, seguido por 16 anos fora do Brasil. Em 1967, durante o exílio no Chile, ele publicou no Brasil o seu primeiro livro chamado “Educação como prática da liberdade” e com o sucesso da obra, foi convidado para ser o professor visitante na Universidade Harvard em 1969.

Na década de 70, um pedagogo americano afirmou que a pedagogia de Paulo Freire abria espaço para acusações de doutrinação e manipulação. De acordo com seu biógrafo, no campo político, o educador também não gerava adesão e recebia críticas das seções progressistas por sua linguagem acentuada no masculino, além de ser contra o aborto. Entretanto, sua contribuição na área da educação, a desgosto das críticas que possam ser feitas à ele, são aceitas entre pesquisadores, assim como sua dedicação em estimular o respeito e o diálogo em sala de aula. 

Já em 1991, foi fundado em São Paulo o Instituto Paulo Freire com a intenção de abranger e elaborar as ideias do educador. A instituição atua em temas de educação brasileira e mundial, além de preservar os arquivos de Freire e realizar atividades relacionadas à sua herança. Mesmo após 24 anos da morte dele, Paulo Freire ainda é um ícone da educação brasileira, e uma das figuras mais respeitáveis quando esse é o assunto. Sendo incompreendido, rejeitado ou amado, as obras de Paulo falam por si e se tornaram um legado importante para o desenvolvimento da educação moderna.

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