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12/02/2021 às 09h02min - Atualizada em 12/02/2021 às 08h53min

A desigualdade digital em tempos de pandemia

"Toda nova tecnologia cria seus excluídos" - Pierre Lévy

Brenda Freire - Editado por Roanna Nunes
Fonte/Reprodução: Redação Online
No Brasil, um em cada quatro brasileiros não tem acesso à internet. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) são 46 milhões de pessoas excluídas do mundo virtual, as quais são resultado da precariedade do ensino remoto no país, durante a pandemia da COVID-19. Mas então, o que seria a desigualdade digital? Podemos nomeá-la de várias formas: exclusão ou apartheid digital e infoexclusão. De qualquer maneira, essa problemática é antiga e pode ser a realidade de cidadãos que não têm internet em sua região, ou mesmo tendo, é impossibilitado de custear. Para além disso, há também as pessoas que sofrem com o letramento digital, as quais tem dificuldades no uso de aplicativos e no entendimento da linguagem virtual.

Segundo o filósofo Pierre Lévy sobre a infoexclusão "toda nova tecnologia cria seus excluídos”. Com essa fala, podemos pensar que essa desigualdade aliada à pandemia, gera maiores dificuldades na vida dos atingidos por tal situação. Alguns deles, estudantes de rede pública ou privada que foram afetados com esse 'boom' da pandemia. Quase ninguém esperava. Professores, alunos e instituições de ensino tiveram que reagir a um choque que 'eletrizou' e forçou uma mudança brusca. Afinal, a infoexclusão fecha oportunidades, mas alcança realidades distintas.

Como tudo mudou e a tensão com novas formas de ensino surgiram, docentes e discentes se encontraram na metodologia de aulas remotas. Segundo a professora da Rede UniFTC e psicóloga clínica Luciana Ventin "Isso gerou muita ansiedade e inquietação, além de dúvidas com relação ao sistema[...]. Foi cansativo e estressante".

Quando falamos sobre sistema educacional, pode ser entendido o nível de como alunos de universidades e escolas foram prejudicados. Dessa forma, de acordo com a professora, bolsistas, alunos do ProUni ou estudantes com baixa condição financeira sofreram com a exclusão digital. Não apenas os de rede pública, mas os de particular sentiram também o impacto da pandemia. Seja pela queda ou sobrecarga no sistema, ninguém estava preparado para o grande problema que seria a COVID-19.
 
Fonte/Reprodução: Redação Online

Entendendo que durante a crise sanitária do novo coronavírus, muitos alunos sofreram com a intensificação dos sentimentos e problemas psicológicos, buscando compreender como seria lidar com novas formas de aprendizagem e auto cuidado, Luciana cita uma história marcante de um de seus discentes: ele tem a síndrome de boderline e diversas vezes não voltava às aulas. Como professora, ela não tinha como estender a mão, mas ultrapassou algumas barreiras para solucionar o problema. Certa vez, conseguiu o número de telefone do rapaz e a partir disso, pôde entender que ele não conseguia se concentrar. Sentia que não aprendia. Pensou em largar o curso. Com o apoio da professora, o aluno concluiu o semestre, mesmo diante das adversidades. Essa história é reflexo do que o apartheid digital pode causar na vida de um estudante. "Além de rebaixar a auto-estima por se sentir excluído e impossibilitado de ter acesso, interfere diretamente no processo de aprendizagem por não conseguir acompanhar as aulas.", relata a psicóloga.

Ademais, a dimensão do que é a pandemia, do que é a infoexclusão e do que todos os afetados por essa duplicidade de fatores causa, não cabe aqui. Cabe ao governo solucionar um problema recorrente, para que um não se choque ao outro. Em sugestão do que poderia ser feito, Luciana afirma que a criação de um programa de internet para todos, seria ideal. Incluindo a distribuição de chips de celular que viessem com um pacote de boa qualidade, garantindo a acessibilidade às aulas.

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