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13/02/2021 às 13h42min - Atualizada em 13/02/2021 às 13h34min

Marita e sua missão

Entre viver ou morrer, ela escolheu amar

Aila Beatriz da Silva Inete - Editado por Roanna Nunes
Divulgação
Por volta de 1959, Marita Lorenz conhece o controverso líder cubano, Fidel Castro. Com 19 anos, a jovem americana nascida na Alemanha se apaixonou por um dos maiores rivais dos EUA, na época, e juntos viveram um romance "proibido". Percebendo a aproximação de Marita com Fidel, a CIA a convoca para uma missão: matar Fidel Castro, que foi seu amante por cerca de oito meses. Parece coisa de livro ou filme, mas esta é uma história real.

A vida de Ilona Marita Lorenz não foi fácil desde a gestação, de acordo com os seus relatos ao jornal EL Pais, Marita era gêmea, mas quando a mãe chegou no hospital um médico a agrediu por ter levado a gestação até o final, já que era fruto de um relacionamento com um judeu. Ilona (em homenagem à irmã que não resistiu) nasceu em 18 de agosto de 1939, em Bremen, na Alemanha. Quando tinha 5 anos, foi levada
 junto com sua mãe para o campo de concentração Bergen-Beisen. "No quartel onde eu estava, o mesmo onde Anne Frank morreu, nos abraçávamos. Crianças pequenas e adolescentes, para não morrer de frio, embora alguns já estivessem quase mortos", relatou na entrevista. Ainda de acordo com os relatos, Lorenz foi encontrada escondida em uma cama de madeira, quando o campo foi libertado pelos britânicos em abril de 1945. Quando ela foi retirada do esconderijo, por um motorista de ambulância, ela lembra que estava cheia de piolhos, vermes, hematomas e com menos de 20 quilos. “Não fale, não pense, não respire”.

Com 7 anos, Marita foi estuprada um dia depois do Natal de 1946 por um sargento norte-americano. Após a guerra ela passou algum tempo viajando com o pai em seu transatlântico. A protagonista conheceu Fidel Castro em Havana, no início de 1959. "Me tornei sua amante e fiquei grávida. Em Cuba, fui drogada e forçada ao que classificaram como aborto. Décadas depois fiquei sabendo que meu filho tinha sobrevivido e se chamava Andrés. Alguém pode imaginar o que isso significa para uma mãe, de quem levam seu bebê em uma mesa de operação e que sai de Cuba com o ventre vazio?", perguntou.

Ao retornar para Miami a CIA a contactou para participar da Operação 40, que também tinha cooperação da FBI, exilados cubanos e a máfia, com o objetivo de matar Fidel Castro. Lorenz recebeu pílulas envenenadas, que foram escondidas em um pote de creme facial durante a viagem de Miami até Havana. "Joguei fora pelo bidê. Não descia pela descarga e tive que empurrá-las até que desapareceu completamente. Então me senti livre”, declara. "Não me arrependo de não ter matado Fidel, pelo contrário: é a decisão da qual mais me orgulho em minha vida”, enfatiza durante a entrevista.

Além de Fidel, Marita se relacionou com Marcos Pérez Jiménez, ditador venezuelando, com quem teve uma filha. Seguindo o histórico de adversidades, Lorenz e sua filha foram abandonadas na selva venezuelana para morrerem. Marita ainda foi testemunha do plano para matar o presidente John F. Kennedy, em Dallas. Marita Lorenz pode ser considerada uma figura forte, sobreviveu a anos terríveis e a qualquer momento parecia ser o último. "Alguns podem achar que é bastante incrível", mas, já se sabe, a realidade supera a ficção", considera Lorenz.
Marita era chamada de "Mata Hari do Caribe", referência à famosa espiã holandesa. Também tinha o “apelido carinhoso” Alemanita, dado por Fidel Castro. A ex-espiã morreu em 2019, aos 80 anos. 

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