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13/02/2021 às 16h29min - Atualizada em 13/02/2021 às 15h48min

Fevereiro Laranja | Mês de conscientização sobre a leucemia

De acordo com INCA a estimativa de novos casos de leucemia para 2021 é de 10.810

Por Ynara Mattos - Editado por Camilla Soares
INCA (Instituto Nacional de Câncer); Site do INCA e Roberto Magalhães (Hematologista).
Foto: Freepik - Fevereiro Laranja

Fevereiro Laranja é uma campanha nacional desenvolvida em dezembro de 2019, no estado de São Paulo, onde seu principal objetivo é divulgar informações e conscientizar a população brasileira sobre a leucemia, incentivando-os a doação de medula óssea. 

 

De acordo com estatísticas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) a estimativa de novos casos de leucemia para 2021 é de 10.810, sendo 5.920 homens e 4.890 mulheres no Brasil.



Leucemia

 

A leucemia é um câncer que ocorre na formação das células sanguíneas, mas precisamente nos glóbulos brancos, também conhecidos como leucócitos, que atuam na defesa do corpo combatendo organismos infecciosos. Esse tipo de câncer tem como principal característica o acúmulo de células doentes na medula óssea que substituem as saudáveis. 

 

Existem mais de doze tipos de leucemia, mas os quatro principais são:

 
  • Leucemia Mieloide Aguda (LMA)
  • Leucemia Mieloide Crônica (LMC)
  • Leucemia Linfocítica Aguda (LLA)
  •  Leucemia Linfocítica Crônica (LLC)
 

Em informações divulgadas pelo INCA, em seu site: Na leucemia, uma célula sanguínea que ainda não atingiu a maturidade sofre uma mutação genética que a transforma em uma célula cancerosa. Essa célula anormal não funciona de forma adequada, multiplica-se mais rápido e morre menos do que as células normais. Dessa forma, as células sanguíneas saudáveis da medula óssea vão sendo substituídas por células anormais cancerosas. 

 

Os principais sintomas variam de acordo com o  acúmulo de células defeituosas na medula óssea, prejudicando ou impedindo a produção de células sanguíneas normais. Caso a doença afete o sistema nervoso central (SNC), podem surgir:
 

  • Dores de cabeça;​
  • Náuseas; 
  • Vômitos; 
  • Visão dupla; 
  • Desorientação.


Depois de instalada, a doença progride rapidamente, exigindo que o tratamento seja indicado logo após o diagnóstico e a classificação da leucemia. O seu tratamento tem o objetivo de destruir as células leucêmicas para que a medula óssea volte a produzir células normais. 

 

O tratamento da leucemia irá variar de acordo com o tipo de leucemia, mas quimioterapia, poliquimioterapia e transplante de medula óssea estão entre os tratamentos mais comuns.
 

Muitos acham que uma pessoa diagnosticada com leucemia pode ser tratada por um médico oncologista, pelo fato de a leucemia ser um tipo de câncer. Mas, o Dr. Roberto Magalhães, Hematologista da UFRJ, Gestor de Transplantes do Hospital Icaraí e do Grupo de Hematologia e Transplante de Medula Óssea de Niterói. Explica:
 

“A leucemia aguda é a doença que é o carro chefe do hematologista. Na formação nacional aqui no Brasil é uma doença específica da hematologia que não costuma ser do oncologista, isso difere um pouco da formação do exterior, no exterior a formação é hemato oncologista, e alguns oncologistas na sua formação irão tratar de leucemia aguda. Qualquer especialista, clínico geral que diagnostica uma leucemia, imediatamente encaminha o paciente para ter um acompanhamento com um hematologista. Se trata de uma emergência, requer uma urgência em seu tratamento”. 

 

O Dr. Roberto recomenda o livro: O Imperador de todos os males - A Biografia do Câncer, escrito por um indiano. É uma ótima leitura para todos que tenham interesse pelo assunto, interesse em saber mais sobre câncer, e é uma referência para todos que atuam nessa área. 

 

“Ele conta, narra exatamente desde o surgimento do câncer até os dias atuais, como tudo aconteceu. É como se fosse um romance contando a história do câncer. No primeiro capítulo deste livro, ele inicia narrando o caso de uma grávida. O autor é um médico oncologista, que teve sua formação em hemato-oncologia. A história ocorre na América do Norte nos Estados Unidos, no primeiro dia de residência médica o dr. é chamado para acompanhar o caso dessa grávida que chegou ao hospital com as taxas de glóbulos brancos altíssima no sangue, imediatamente olhou a lâmina do sangue dessa paciente junto com um técnico de laboratório identificando que se tratava de uma leucemia mieloide aguda. Tem uma frase nesse livro que ele fala assim: Quando ocorre o diagnóstico de uma leucemia aguda dentro de um hospital, todo o hospital estremece, porque ele sentiu a responsabilidade inicial de dar aquele diagnóstico em uma moça grávida, e ele mesmo teria que tratar, e o hospital inteiro sabia que tinha um caso de leucemia aguda naquele hospital, não só pelo fato de ela estar gestante mas, assim por existir uma doença muito grave que precisava rapidamente ser abordada e ele ali sentiu o peso da responsabilidade. É um livro best-seller, um livro para qualquer pessoa que estiver interessado no tema.”. - Compartilha o Dr. Roberto

 

A leucemia não é uma doença qualquer que um generalista  vai tratar, é uma doença do hematologista. 

 

A importância da doação de medula óssea

 

Em nota, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) afirmou: 
 

“O transplante de medula óssea é um tipo de tratamento proposto para algumas doenças que afetam as células do sangue, como as leucemias e os linfomas e consiste na substituição de uma medula óssea doente ou deficitária por células normais de medula óssea, com o objetivo de reconstituição de uma medula saudável. O transplante pode ser autogênico, quando a medula vem do próprio paciente. No transplante alogênico a medula vem de um doador. O transplante vai ajudar a medula óssea a produzir células saudáveis para o corpo do paciente com leucemia e, assim, ser curado do câncer”.

 

O Instituto explica ainda, sobre como ocorre o transplante de medula óssea e quem pode realizar essa doação:
 

“O processo tem início com testes específicos de compatibilidade, onde são analisadas amostras do sangue do receptor e do doador para que se tenha a total compatibilidade entre as partes e a medula não seja rejeitada pelo receptor. A partir disso, o doador é submetido a um procedimento feito em centro cirúrgico, sob anestesia, e tem duração de aproximadamente duas horas. São realizadas múltiplas punções, com agulhas, nos ossos posteriores da bacia e é aspirada a medula. Esta retirada não causa qualquer comprometimento à saúde. Para receber o transplante, o paciente é submetido a um tratamento que ataca as células doentes e destrói a própria medula. Então, ele recebe a medula sadia como se fosse uma transfusão de sangue. Uma vez na corrente sanguínea, as células da nova medula circulam e vão se alojar na medula óssea, onde se desenvolvem”.

 

“Para se tornar um doador, é preciso:

  • Ter entre 18 e 55 anos; ​
  • Estar em bom estado geral de saúde;  
  • Não ter doença infecciosa ou incapacitante;  
  • Não apresentar doença neoplasia (câncer), hematológica (do sangue) ou do sistema imunológico”. 
 

O Redome (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea), desenvolvido em 1993, no estado de São Paulo, é um programa de responsabilidade INCA, que tem como propósito reunir informações de pessoas determinadas a doar medula óssea para quem necessita do transplante. 

 

“Em todo o Brasil, as pessoas podem procurar por um hemocentro e realizar o cadastro e se tornarem doadores. Nesse momento, é recolhida uma amostra de sangue que vai para o banco e é comparada com os receptores. Caso seja compatível com alguém, o doador é chamado para a realização da doação de medula óssea. Lembrando que o Redome é o terceiro maior banco de doadores de medula óssea do mundo. Além disso, todos os pacientes brasileiros podem receber doação de pessoas de outros países, como os doadores brasileiros podem doar para pacientes internacionais”. - Explica o INCA

 


Apesar de ser muito importante a realização do transplante de medula óssea, o Dr. Roberto explica que:
 

A leucemia mielóide aguda é a doença que se faz mais transplantes alogênico de medula óssea do mundo, uma dúvida que as pessoas têm é: Eu tenho leucemia aguda e eu vou precisar de transplante ? Não é para todo mundo, alguns casos que vão precisar de transplante. Quando ocorre de a doença voltar, quando há uma recidiva, quando o paciente  fez o tratamento com quimioterapia e a doença voltou, a única estratégia de cura é você retratar com um esquema de quimioterapia mais forte do que o que já foi feito ou o transplante de medula óssea. Já o grupo selecionado de pacientes que a gente considera de alto risco, esse sim a gente já incorpora o transplante como o tratamento da primeira linha, porque é um grupo de pacientes que têm alta probabilidade de que a doença volte depois que você termina o tratamento convencional. Mas, o transplante não é para todos, não é para todas as situações”. - Revela o Hematologista

 

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