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04/03/2021 às 20h41min - Atualizada em 04/03/2021 às 20h31min

Livro "20 contos sobre a pandemia de 2020”: uma narrativa sobre a pandemia que assolou o mundo em 2020

A obra reuniu autores mineiros para contar, através de crônicas, a vida durante a pandemia do coronavírus

Giovana Cerantola - Editado por Roanna Nunes
Foto/reprodução: Acervo pessoal

O fato é que a pandemia do coronavírus está completando um ano. Em meados de março de 2020 foi decretada quarentena no Brasil e assim continuamos desde então. Ora as cidades caminham para a fase amarela, ora fecha-se tudo novamente e voltam para a fase vermelha. Quem não se cansou dessa situação toda foi o vírus que continua contaminando e dizimando suas vítimas.

 

Com a quarentena, feiras literárias, bibliotecas, livrarias e sebos precisaram fechar e se adaptar ao mundo digital. Muitos escritores também tiveram que ficar em casa e foi nesse momento que a imaginação floresceu, assim nasceram novas histórias no papel e do papel para o público leitor. Pensando nisso, o jornalista, escritor e presidente da Academia Mineira de Letras, Rogério Faria Tavares, reuniu 20 escritores mineiros para compor um livro sobre contos, denominado: "20 contos sobre a pandemia de 2020", narrando ocorrências sobre a pandemia. Cada escritor teve liberdade para trabalhar suas questões e vivências pessoais durante o período de quarentena, os escritores também tiveram espaço dentro do livro para trabalhar livremente em relação ao modelo de escrita, quantidade de páginas e mensagem que seu conto traria. 

 

A obra surgiu com o intuito de deixar registrado para as próximas gerações como se deu a pandemia do coronavírus em 2020. Cotidianamente existem diversos pontos de vista sobre a pandemia, alguns que soam até absurdos, mas que ainda são reverberados por pessoas mal informadas. Assim, os escritores narram em contos fictícios diversas opiniões divergentes. E por qual motivo isso é feito? Com base em uma nota publicada pelo grupo Autêntica, editora do livro, o objetivo é deixar registrado para as futuras gerações, que não presenciaram a pandemia de 2020, informações sobre a mesma. 

 

Os futuros leitores poderão saber que nessa época (2020), existiam pessoas com diferentes comportamentos, dentre eles, houveram pessoas que praticaram o isolamento social em suas casas, se negaram a acreditar na veracidade e gravidade da doença, se posicionaram contra o uso obrigatório de máscaras, e também que se afastaram de parentes do grupo de risco para evitar contaminações. Além disso, através do livro é possível saber como fazer adequadamente uma quarentena em casa, através de quem foi infectado e não necessitou de atendimento hospitalar. 
Já para os que estão vivendo a pandemia, simultaneamente, apesar de se tratar de histórias fictícias, é possível que o leitor se identifique com alguma situação ou que conheça alguém que passou pela mesma. 

 

Como leitora, eu, particularmente, me encontrei e fui tocada por dois contos, o primeiro: “Amor de quarentena", da escritora Paula Pimenta, que narra sobre uma jovem que havia acabado de ingressar na faculdade de Jornalismo, um mês antes do início do isolamento social. Tal como “Lis”, a personagem do conto, eu também entrei na universidade no ano da pandemia e no mesmo curso, passei uma quinzena na nova cidade e logo voltei para a minha terra natal para passar a quarentena, desde então sigo aqui. 

 

Ao ler aquele conto, a sensação que tive me fez refletir: “que tristeza, mais pessoas passaram pela mesma situação que eu, pelo desapontamento e pela frustração”, era um universo tão único, novo e esperado, porém, infelizmente, só pude aproveitar durante 15 dias. 
Amante que sou dos livros da Paula Pimenta, seria difícil não gostar dessa sua nova publicação.

 

Já o conto “Dois pontos”, da escritora Ana Elisa Ribeiro, me fez refletir bastante sobre os laços familiares. A princípio, por motivos de segurança, minha família suspendeu as visitas aos meus avós, os dois pontos do relógio foram piscando, os dias voaram, até que se passaram alguns meses após o início da pandemia, redobramos nossos cuidados ao ter contato com o mundo externo e retomamos contato presencial com os mais velhos. Os idosos sentem falta da presença de familiares e em uma semana que não receberam visitas já questionam: “Você não vem hoje?”, assim como o personagem do conto. 

 

Em entrevista para a matéria, a estudante Raquel Trebi Curilla, que leu a crônica “Amor de quarentena”, declarou: “me vi ali, apesar de não estar na faculdade, comecei o cursinho neste ano e tudo ocorreu exatamente igual ao conto”. Ela relatou que não esperava tanto tempo de quarentena, apenas aqueles quinze dias iniciais. Ainda completou: “não imaginava que chegaria nas cidades do interior a doença”, assim como no conto de Paula Pimenta. Raquel ainda afirmou que o momento em que vivemos é delicado, por isso continua seguindo a quarentena em sua casa, no interior de São Paulo, usando máscaras e praticando o isolamento social. 

 

Depois de toda essa reflexão, é notório que o livro “20 contos sobre a pandemia de 2020” surgiu com o intuito de registrar esses momentos que seguem tão vivos dentro de cada um que sobrevive a pandemia do coronavírus. No entanto, o livro também tem o objetivo de levar os leitores a refletirem sobre o momento em que vivemos, valorizar as relações e entender que está tudo bem se não estiver tudo aparentemente normal e sobre nosso controle. São tempos difíceis que requerem atitudes pensadas no coletivo, calma, paciência e, principalmente, isolamento.

 

Vale lembrar que apesar de existirem pessoas negacionistas em relação ao vírus, não apenas nas histórias fictícias, mas também na nossa realidade, ele existe e continua circulando entre as pessoas. É extremamente necessário que cada cidadão faça a sua parte, use máscara, mantenha o distanciamento social e se vacine quando chegar a vez na fila de vacinação. Somente unidos e lutando juntos contra o vírus poderemos sair dessa pandemia, sem mais vítimas. 


 
 

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