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15/03/2021 às 19h23min - Atualizada em 15/03/2021 às 19h20min

Quem foi Mário Filho? o jornalista que dá nome ao Maracanã

Deputados da Alerj aprovaram troca do nome oficial do estádio para homenagear Pelé

Felipe Sousa - Editado por Juan Camilo
Mudança no nome do Maracanã depende de sanção do governador do Rio de Janeiro (Foto: Reprodução/Delmiro Junior/Photo Premium)
Deputados da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro aprovaram, no último dia 9, o Projeto de Lei 3.489/21, que muda o nome oficial do Maracanã (Estádio Jornalista Mário Filho) para Edson Arantes do Nascimento – Rei Pelé, como forma de homenagem ao lendário jogador do Santos e da Seleção Brasileira. A lei prevê que o complexo esportivo do Maracanã – que inclui o Ginásio do Maracanãzinho e o Estádio de Atletismo Célio de Barros – mantenha o nome do ex-jornalista. Foram 65 votos a favor da aprovação e 5 contrários. O projeto, agora, segue para sanção do governador em exercício, Cláudio Castro (PSC).

A decisão causou polêmica entre jornalistas, torcedores e parlamentares. Em entrevista ao UOL Esporte, o neto de Mário Filho, Mário Neto, condenou a medida.

 
"É uma coisa de quem não entende de futebol, de história. Se quisessem homenagear alguém, que homenageassem o Garrincha. Estou chateado? Sim, mas não vou ficar mais, pois meu avô não brigou por esse estádio para 70 mil pessoas. Em virtude das pessoas que estão na Alerj, não me surpreende", afirmou.

O ex-meio-campista Gerson, campeão do mundo em 1970 ao lado de Pelé, também se posicionou contra a mudança.

"Eu não tenho um papel aqui para rasgar essa lei. Aí, resolvem tirar o nome do cara (Mário Filho), empurram o cara para o lado e botam o nome de outro, seja ele quem for, Pelé ou outro qualquer. Isso é um absurdo", declarou em seu canal no YouTube.

Já o autor do projeto, deputado André Ceciliano (PT), afirmou que a intenção da lei é apenas homenagear Pelé em vida.

"Tudo que fala de paixão dá polêmica. Falta um pouco de visão. Às vezes as pessoas valorizam as coisas de fora e não de dentro. O Maracanã será sempre o Maracanã, por ser o bairro onde foi construído, mas é uma polêmica. A ideia é homenagear o Pelé em vida, com o maior estádio do mundo. A gente está falando do Pelé dentro dos campos, não fora das quatro linhas", disse o parlamentar.

Mário Filho, "O criador de multidões"

Nascido em Recife, no dia 3 de junho de 1908, se mudou para o Rio de Janeiro ainda criança, em 1916. Iniciou sua carreira no jornalismo fazendo a cobertura de eventos esportivos no jornal A Manhã, que pertencia ao seu pai, Mário Rodrigues. Rapidamente, conquistou notoriedade ao ajustar as rebuscadas expressões usadas pela imprensa esportiva época por termos mais populares, ajudando na popularização do futebol na cidade.

Em 1931, fundou o jornal Mundo Sportivo, considerado um dos primeiros periódicos brasileiros dedicado exclusivamente a esportes. No mesmo ano, começou a trabalhar no jornal O Globo e adquiriu, em 1936, o Jornal dos Sports. Nesta época, fundou vários torneios esportivos, dos quais se destaca o Torneio Rio-São Paulo, que rapidamente conquistou repercussão nacional. Também se atribui à Mário Filho parte da criação da mística em torno do clássico Fla-Flu.

No fim da década de 1940, com a confirmação do Brasil como país-sede da Copa do Mundo de 1950, travou uma batalha pública contra o então vereador Carlos Lacerda em relação à localização do novo estádio do Rio de Janeiro para o torneio: enquanto Lacerda defendia a construção do estádio em Jacarepaguá, Mário Filho afirmava que o local ideal para o então chamado 'Estádio Municipal' deveria ser no bairro do Maracanã, em um espaço próximo para pessoas de todas as classes sociais. Ele também afirmava que o futuro estádio deveria ser o maior do mundo. Mário Filho conseguiu convencer a opinião pública e o Maracanã foi inaugurado no local onde ele próprio sugeriu (um terreno antes ocupado pelo Derby Club do Rio), com capacidade para mais de 150 mil pessoas.

A influência de Mário Filho foi para além do futebol – ele foi o responsável pela organização do primeiro desfile competitivo de escolas de samba do Rio, em 1932, um formato que perdura até hoje. De seu irmão e colega de redação Nelson Rodrigues, ganhou o apelido de "criador das multidões". Também escreveu livros importantes, dos quais se destacam "O Negro no Futebol Brasileiro", onde o autor abordou a importância da cultura negra no desenvolvimento do esporte no país e "Histórias do Flamengo", onde fez uma cronologia do clube do qual era torcedor.

Morreu em 1966, vítima de um ataque cardíaco, aos 58 anos. No ano seguinte, o Maracanã foi batizado como Estádio Jornalista Mário Filho em sua homenagem.

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