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29/03/2021 às 20h33min - Atualizada em 29/03/2021 às 20h14min

Cuidar dos negócios ou lavar a louça?

Empreendedorismo feminino e as dificuldades de dirigir uma empresa em meio a crise sanitária

Núbia Xarife - Editado por Maria Paula Ramos
Christina| Unsplash

A comunidade feminina durante a pandemia precisou se reinventar para driblar as dificuldades que surgiram. Nesse sentido, empreender foi a solução para uma parcela das mulheres, enquanto outras não conseguiram manter o ritmo de produção causando fechamento de seus negócios. O número de empresárias brasileiras corresponde a mais de 24 milhões de mulheres, segundo dados do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), em pesquisa publicada pelo Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em 2019.

Além da rotina de trabalho na gestão de negócios, as mulheres também são responsáveis, em sua maioria, pelas atividades domésticas, o que pode gerar menor participação no mercado de trabalho. Dados do IBGE mostram que homens dedicaram 11 horas semanais aos cuidados de pessoas e afazeres domésticos, ao passo que as mulheres alcançaram quase o dobro com 21,4 horas semanais. 

Com a pandemia e seus desdobramentos, dirigir uma empresa, cuidar dos filhos e realizar serviços domésticos ao mesmo tempo, se tornou tarefa difícil na rotina de algumas mulheres. Como resultado, sem tempo para investir em seus negócios, o número de empresas lideradas por mulheres durante esse período sofreu instabilidades. Um estudo publicado pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, aponta que 52% das micro e pequenas empresas chefiadas por empreendedoras interromperam ou fecharam seus negócios. Já no sexo oposto o número equivale a 47%.

Empreender por necessidade 

Começar o próprio negócio nem sempre é fruto de um sonho, mas de uma necessidade em pagar as contas ou conseguir um dinheiro extra. Dentre os motivos para investir em um empreendimento, está a chegada da maternidade, momento importante na vida das mulheres em que dar atenção aos filhos e a família, ou priorizar a carreira é posto na balança. Quando a escolha são os cuidados com os familiares e a casa, elas veem no empreendedorismo uma alternativa para retornar ao mercado de trabalho.

No período de crise sanitária, especialistas apontam que o setor foi um dos mais afetados, sobretudo as empresas dirigidas por mulheres. Caroline Dias de Freitas, CEO na Sociedade Brasileira de  Empreendedorismo Feminino afirma, “Infelizmente, a pandemia desencadeou outra crise para nós mulheres, pois fomos as mais atingidas segundo pesquisas do IBGE. Segundo eles, a participação da mulher no mercado caiu para menor índice dos últimos 30 anos. Isso porque setores como o da moda, onde em sua maioria tem atuação feminina, foi fortemente atingido. Tenho esperanças de após a imunização da população, iremos nos reinventar e driblarmos mais uma vez, esta situação.”

Além das dificuldades de equilibrar o tempo e dar conta de tudo em apenas 24 horas, as mulheres ainda precisam enfrentar ações desrespeitosas como preconceitos, e assédios na sua jornada de trabalho, um verdadeiro desafio. Freitas revela já ter vivenciado muitas vezes o assédio masculino e em algumas o desdém feminino. Apesar do distanciamento social e a pratica de home office o Ministério Público do Trabalho (MPT) registrou 261 denúncias de assédio sexual até outrubro do último ano. 

Em momentos de crise é importante ter aquela "mãozinha" para conseguir sair do sufoco. Nesse sentido, iniciativas como o Sebrae Delas, Plataforma B2B, Potência Feminina e muitos outros são essenciais para auxiliar mulheres a trilhar o caminho do empreendedorismo. Incentivar e apoiar o desenvolvimento de serviços liderados por mulheres deve ser uma iniciativa que ultrapassa o mês das mulheres.

Caroline Freitas que também atua como CEO na Editora Reflexão e Reflexão Business deixa uma dica para aquelas que desejam iniciar a carreira no mercado empresarial. “Resiliência, foco e estudo! Leia um livro por mês, faça um curso rápido de vez em quando, esteja antenada no que está acontecendo. Viaje…viajar abre os olhos para novas culturas e faz com que você crie um novo entendimento sobre si e sobre o outro. Quando você entende o outro e o porquê ele o faz, você consegue conduzir sua vida de forma mais leve e chegar mais rápido aos seus objetivos.”, conclui.


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