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09/04/2021 às 14h24min - Atualizada em 09/04/2021 às 14h07min

Miçangas coloridas: Dos kits da Barbie para visual dos famosos

As bijuterias produzidas com essas peças são tendência na moda desde os anos 90

Maria Fernanda Melo - Editado por Clara Molter Bertolot
Maria Fernanda Melo
É raro encontrar alguém, principalmente mulheres, que nunca brincou de fazer bijuterias com algum dos kits da Barbie. Seja com as próprias bonecas, seja com as da amiga, as miçangas coloridas eram definidas como brinquedos infantis, em que as crianças podiam soltar a criatividade. Porém, mesmo sendo uma diversão para gerações passadas, em 2020 e 2021 os acessórios produzidos com essas peças se tornaram tendência, sobretudo, entre os adultos.

Em tempos tão obscuros, e com todos tendo que se reinventar, diante da Covid 19, um pouco de cor nos looks de casa é sempre bem-vindo. Com um significado nostálgico e que pode gerar memorias afetivas, as miçangas coloridas também são uma ótima maneira de soltar a criatividade para aqueles que produzem bijuterias. Os motivos que evidenciam essa tendência caminham desde a versatilidade desses acessórios até a diversão na hora de se vestir.

Venda das miçangas

Allyson Aires, 26, é gerente de marketing da loja Monte Bijoux, fundada em 2002, que vende miçangas de diversos modelos. Ele explica que, durante o ano todo, as miçangas coloridas têm uma boa venda, mas é no verão que ocorre o boom do produto. 

O gerente também conta sobre o público que mais adquire os objetos da loja. Tendo em sua maioria mulheres, o objetivo de muitas delas é comprar para produzir e vender as bijuterias com miçangas coloridas: “Nosso produto é o de montagem. Então, as pessoas compram o material em nossa loja, fazem seus acessórios e vendem”, explica Allyson. Ele adiciona, ainda, sobre o retorno financeiro que a loja tem tido durante a pandemia:

“No início caiu drasticamente para quase 10% do faturamento. Já entre outubro e dezembro de 2020 tivemos um crescente bem significativa, inclusive comparada a anos anteriores”, conta o gerente. Entretanto, com o aumento de casos no país, as vendas diminuíram ainda mais: “Com os fechamentos e a instabilidade financeira dos clientes...está difícil”, desabafa Allyson.
 

A criação das bijuterias

Pedir demissão em tempos de pandemia é considerado, por muitos, uma loucura. No entanto, pretendendo evitar o contágio das companhias de moradia, a publicitária Lorenna Novaes, 24, tomou essa decisão. O que ela não esperava era encontrar nas miçangas coloridas uma renda. Unindo a facilidade e o gosto pela moda e arte, a empreendedora iniciou a produção das suas peças. 

A loja virtual Use Beadss (beads é miçanga em inglês), inaugurada em novembro de 2020, contou com inspirações nacionais e internacionais para a produção das primeiras peças, explica Lorenna. Entre as opções estão famosos como Dua Lipa, Harry Styles e Manu Gavassi, além de referências no Pinterest e outras páginas no Instagram.

Porém, às vezes, a vontade de empreender fala ainda mais alto, mesmo já tendo compromissos fixos. Esse é o caso da estudante de arquitetura Caroline Gobbi, 21. Junto com a sua irmã, Gabriele Gobbi, 19, vestibulanda em arquitetura, uniu esse desejo de ter o próprio negócio com a necessidade de desestressar a irmã, devido ao vestibular.

Foi dessa maneira que surgiu a loja on-line Use Afetropia, inaugurada em 19 de agosto de 2020. Também com produção artesanal, as irmãs contam como funciona a produção das bijuterias: “Um dos nossos passatempos, quando temos um tempinho sobrando, é sentarmos para jogar conversa fora e ir produzindo as peças no feeling”.

Contudo, quando elas querem algo mais elaborado, discutem as combinações com base nas miçangas que já possuem, desenhando em uma folha de papel. As irmãs explicam, ainda, que consideram a criatividade como a consequência de colocar a mão na massa e liberar as ideias.

Ambas as lojas prezam pela personalização do acessório com o gosto do cliente. Para aproximar essa relação, quando o consumidor solicitar determinada peça, elas tentarão elaborar.


Retorno financeiro

Sobre o retorno financeiro do seu negócio, Lorenna explica como período do ano influencia nas vendas: “De início, foi muito bom. Porém, em janeiro, devido ao final de ano, as pessoas gastam mais e, por isso, o retorno diminuiu. Hoje, estou começando a resgatar o que era antes, mas como qualquer loja, requer muito esforço” diz a publicitária.

Atualmente, a proprietária da Use Beadss gerencia a loja sozinha, desde a pesquisa para referências até o envio para o cliente. Mesmo estando a maior parte do tempo on-line, ela acredita dedicar de três a quatro horas para a produção das peças e posts no feed.

Lorenna expõe, ainda, seu posicionamento sobre a necessidade de cobrar um preço justo ao seu produto: “Mesmo sendo visto como esse passatempo de infância, é bom olhar com outros olhos também. É um trabalho artesanal, que tem um valor artístico e requer criatividade e dedicação", conta a publicitária.

Tendência e diversão

São muitos os motivos que caracterizam o retorno na tendência das miçangas coloridas. Entre eles, está a versatilidade de cada bijuteria em compor todos os tipos de looks. Mesmo muito usado no verão, durante as outras épocas do ano esse acessório também pode ser utilizado.

A intenção das miçangas, que estão sempre no visual de alguém, sempre foi manter a diversão na hora da produção. A proposta é se arriscar, e nesses tempos complicados, encontrar um motivo para colocar cor do no dia a dia.





 
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