Em agosto de 2020, os veículos de comunicação noticiaram a primeira vacina contra o coronavírus, originada na Rússia. Estas foram as primeiras doses de esperança para dias melhores diante de um cenário pandêmico de caos e incertezas. Oito meses se passaram e 600 milhões de doses das vacinas foram aplicadas, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse número, contudo, ainda é pouco, pois há desigualdade na distribuição dos imunizantes.
Dos 54 países africanos, dez ainda não receberam as vacinas - da Líbia a Madagascar. Alguns desses países acreditavam que poderiam vencer o coronavírus com outros meios, as vacinas não seriam a opção crucial. A Tanzânia, no entanto, foi a primeira a mudar de ideia, após a morte do presidente do país. John Magufuli era negacionista da ciência e há rumores não confirmados de que a morte aconteceu em decorrência da Covid.
Durante a primeira onda de Covid, em abril de 2020, a OMS criou o programa Covax. A iniciativa de criar o programa antes mesmo de haver vacinas já previa que, quando os imunizantes fossem desenvolvidos, os países ricos poderiam comprar a maioria das doses fabricadas.
Alguns motivos que colaboram para a ausência de vacinas
O Covax dividiu os Estados-membros da OMS em dois grupos: de um lado está os 98 países mais ricos, e do outro os 92 mais pobres. No programa, os países desenvolvidos financiariam vacinas para os de baixa renda. Mas na prática a realidade é diferente: há falta de abastecimento, porque os países ricos, como os Estados Unidos, estão com a posse da maioria das doses de imunizantes.
Sonja Weinreich, da organização Brot für die Welt (Pão para o Mundo), aponta um dos principais motivos pelos quais há desigualdade de distribuição entre os países: a falta de solidariedade. Além disso, alguns países pararam de fornecer vacinas. A Índia foi um deles, que, devido ao avanço da pandemia, restringiu a exportação.
Outro fator que dificulta a imunização nos países mais pobres é que eles têm dificuldade em reunir os recursos para fazer a divisão. Após as doses serem desembarcadas e levadas a depósitos refrigerados, elas não são distribuídas nos vilarejos. Sendo assim, a imunização fica restrita apenas aos centros urbanos.
Para que as doses sejam aplicadas, há uma série de fatores. O Covax, por exemplo, ajuda nas despesas dos países de baixa renda com custos: geladeiras, treinamento e remuneração dos trabalhadores de saúde e combustível para os caminhões refrigerados.
A falta de financiamento é um outro impasse enfrentado para obter sucesso na imunização mundial. A Unicef estima que aproximadamente 510 milhões de dólares devem ser doados para atender às necessidades urgentes.