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30/04/2021 às 15h22min - Atualizada em 30/04/2021 às 14h54min

A importância do protagonismo negro na história do Brasil

A recém-lançada "Enciclopédia Negra: biografias afro-brasileiras" reconstrói o protagonismo de personagens esquecidos

Isabel Dourado - Editado por Gustavo Henrique Araújo
Foto/Reprodução: Google

O livro "Enciclopédia Negra", lançado pela Companhia das Letras recentemente, resgata o protagonismo negro no Brasil. A obra de 688 páginas reúne 416 verbetes biográficos com o objetivo de iluminar histórias de personalidades afro-brasileiras "esquecidas" desde o século XVI até os dias atuais.

 

Os verbetes contam com resumos detalhados da vida de figuras que foram importantes e icônicas na história do país. O livro foi escrito pela historiadores Lilia Schwarcz e pelo jornalista Flávio Gomes, com a participação do artista Jaime Lauriano.

Flávio Gomes relatou em uma live pelo canal Companhia das Letras que a ideia do livro surgiu no ano de 2015 enquanto os historiadores preparavam um livro sobre a escravidão. Segundo ele, a ideia do livro também era de recuperar personagens marcantes do Brasil.

  
A obra é, antes de tudo, uma reparação histórica, um resgate da vida de figuras desconhecidas pela maioria dos brasileiros. Os três autores que elaboraram o livro escreveram e reescreveram a trajetória de 550 personagens que marcaram o país. Cada vida contada no livro poderá, certamente, render novas biografias, livros didáticos, estudos aprofundados, entre outras descobertas. 


"Nós queríamos com a enciclopédia dar rosto, dar alma e dar corpo para os tantos biografados do livro. Nossa ideia era mudar a imaginação dos brasileiros, ou seja, incluir mais personagens que fazem a história do Brasil. Nessa enciclopédia não estão só contemplados escravizados e escravizadas. Nossa ideia foi dar protagonismo e tirar do silêncio personagens que sempre foram protagonistas", explicou a autora Lilia Schwarcz sobre a construção da obra.

A preocupação dos autores esteve ligada com trazer personagens novos ao conhecimento das pessoas, introduzir protagonistas tendo a questão do gênero e do sexo à tona. O livro trouxe personagens LGBTQI+ e muitas figuras mulheres que eram engenheiras, poetas, líderes de rebeliões, escravas, etc. A pluralidade da obra é um ponto de impacto para o leitor.

 

Uma figura de grande destaque no livro é Francisca (Xica) Manicongo, importante personagem do século XVI, que foi perseguida pela Inquisição por se vestir de mulher. Xica foi reprimida pelo Tribunal da Visitação do Santo Ofício e virou símbolo do movimento LGBTQI+. 

 

A historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz pontuou em live pelo Instagram que a enciclopédia consumiu três anos de pesquisas detalhadas a respeito dos personagens abordados no livro. “Nesse processo, tivemos  o auxílio da editora Companhia das Letras e do Instituto Ibirapitanga, que ajudou muito a patrocinar os retratos, ainda que os verdadeiros doadores, no caso, para o acervo da Pinacoteca de São Paulo, acabaram sendo os próprios artistas. A pinacoteca de São Paulo foi outro parceiro forte."

 

"Enciclopédia Negra" dá corpo às palavras e às histórias que foram esquecidas, assim como recupera dados que são frutos de seis anos de um estudo apurado pelos pesquisadores. 

 

O resgate desses personagens é essencial, pois eles foram os protagonistas de lutas e revoltas e muitos lutaram pela abolição da escravatura. O livro também será tema de uma exposição na Pinacoteca de São Paulo, que ocorrerá do dia 1 ao dia 8 deste mês.

 

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