A luta para incluir peças plus size no mercado fashion não é de hoje. A loja americana Lane Bryant, que em 1904 inaugurou uma loja de roupas voltada para gestantes, percebeu que o público de mulheres gordas era excluído das grandes marcas. Foi então que o movimento e a disseminação do termo se iniciaram.
Com cuidado para que as modelagens atendessem o maior número de mulheres, Lane mediu cerca de 4.500 de suas clientes. O sucesso foi tão grande que, principalmente nos Estados Unidos, as marcas começaram a desenvolver peças com tamanhos maiores. Entretanto, mesmo com uma luta iniciada há tempos, o Brasil ainda caminha em passos lentos na produção de peças plus size.
Sobre a expressão
No início, o termo plus size não era utilizado para descrever aspectos corporais das mulheres. Em muitos casos, elas eram definidas como ‘robustas’ e, raramente, ‘gordas’. Já no ano de 1953, marcas começaram a utilizar termo plus size para definir um corpo gordo. A partir desse momento, o embate começou: usar ou não essa expressão?
“O termo plus size a gente sempre vai utilizar quando estamos falando sobre o mercado, porque ele é um termo mercadológico, voltado para um nicho. Agora, se eu quero me referir a um corpo, o termo correto é um corpo gordo”, explica Juliana Yuri, consultora de imagem e professora de moda no Senac na Universidade Belas Artes
“O que torna a palavra gordo negativa é o nosso olhar preconceituoso", explica a consultora de imagem.
As peças de alfaiataria, sobretudo os blazers, se tornaram tendência em 2021. De acordo com Juliana Yuri, essas peças transmitem uma seriedade e até formalidade, dependendo das combinações. Contudo, para o mercado plus size, os blazers, quando encontrados, possuem uma limitação de cores e nenhuma diversidade de modelos.
Carla Ortiz, empresária e criadora de conteúdo sobre moda plus size, expõe seu posicionamento: “As referências do mercado plus são bem de mau gosto, para ser sincera. Não são peças bem executadas. Eu acabo comprando meus blazers na Zara e na Amaro, que são dois lugares que me servem e que possuem um bom corte”, afirma a empresária.
Mesmo com preços altos, a social media evidencia que a compra de um blazer da Zara, por exemplo, ainda é vantajosa, visto que ele possui uma ótima qualidade. Em sua opinião, as grandes marcas ainda têm uma barreira em acreditar que o público plus size não consome peças mais caras.
Na visão da empresária Carla, ainda existem dificuldades de se produzir uma roupa plus size, “Eu como tenho marca, sei que, muitas vezes, quando nós enviamos a peça para a oficina de costura, eles negam: "Ah, não, isso aqui é muito difícil, não dá”, afirma a social media.
O problema da costura de peças maiores atinge não só as lojas, mas também os fornecedores. É uma cadeia de produção que encontra falhas, e acaba atingindo o mercado no geral.
Para Juliana Yuri, mesmo com uma dificuldade na produção, as marcas perdem uma venda significativa para um público que quer muito comprar. Ela cita a Pop Plus, feira de moda plus size que acontece em São Paulo e adiciona: “Como é um público carente de peças e produtos em tamanhos maiores, eles querem consumir. Por isso que, quando realizada, a feira lota.”