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14/05/2021 às 21h33min - Atualizada em 14/05/2021 às 21h07min

O dilema econômico chinês

A China possuí uma economia baseada em grandes investimentos e projetos de infraestruturas. Esses investimentos também são utilizados em suas relações exteriores.

Leonardo Leão - Editado por Maria Paula Ramos

 A China é a segunda maior economia do planeta e pretende ultrapassar os Estados Unidos nos próximos anos. O gigante asiático saiu da extrema pobreza devido a uma forte mudança em sua política econômica. Agora, os chineses estão apostando tudo para se manter no alto escalão da economia mundial.

 O país faz grandes investimentos públicos e privados no mercado interno e também em outras nações pelo mundo. Esses investimentos vem sofrendo com fortes críticas de muitos especialistas que apontam para os riscos envolvidos e acusam a China de usá-los como arma política.

 Um desses investimentos está no setor imobiliário. Com o grande êxodo rural chinês, o governo incentivou o crescimento e o surgimento de novas cidades no país. Os governos locais desapropriaram inúmeros terrenos para as novas construções. Segundo uma pesquisa realizada pela Universidade de Reining e a Universidade de Michigan, os municípios lucravam 40 vezes mais nas vendas dos direitos de uso dos terrenos do que era pago durante a expropriação.

 Essas construções geram uma sensação de prosperidade no país. Boa parte do orçamento dos governos locais vem do desenvolvimento imobiliário nessas novas cidades. Em 2011 a venda de terras era equivalente a 74,1% das receitas municipais.

 
Porém a recente redução populacional do país coloca o setor imobiliário em uma posição desfavorável, pois mesmo com essa queda, muitas cidades seguem gastando em projetos de obras. O ritmo das construções já supera o de crescimento da população urbana. Quase um terço das cidades chinesas estão encolhendo.Em 2014 cinquenta foram qualificadas como cidades fantasmas.

 Vale destacar que essas construções, independentemente da demanda, possuem um papel importante para a economia local. A venda dos direitos de uso das terras aumenta a arrecadação dos governos locais, além de contribuir com uma aparente situação econômica favorável, beneficiando a imagem dos políticos frente ao governo central.

 Tudo isso gera um aumento no incentivo ao setor de construção, alcançando 15% em 2015. A China tem tentado controlar essa situação das cidades fantasmas, mas isso não é uma tarefa fácil. Aumentar a taxa de juros, poderia causar um forte crescimento das vendas e uma queda nos preços e consequentemente, o estouro de uma bolha imobiliária. Isso prejudicaria as bases do crescimento econômico interno da China.

A Armadilha da Dívida Chinesa
 

 O governo chinês possui projetos ambiciosos, e todos se resumem em fazer da China, a maior potência econômica do planeta. O país já é um importante parceiro econômico para quase todo o mundo, inclusive para os EUA. Essa parceria com os demais países vai além das relações comerciais, ela tem se tornado a principal fonte de créditos para muitos governos.

 Na América Latina, a Venezuela (US$ 67,2 bi), o Brasil (US$ 28,9 bi) e o Equador (US$18,4 bi) são os países que mais receberam investimentos chineses desde 2005. Esses créditos são utilizados em projetos de infraestrutura, elas vão de hidroelétricas a portos.

 Mas a África tem sido uma das obsessões da China. O continente é o menos desenvolvido do mundo e possuí uma grande mão de obra barata além de ser rico em recursos naturais, um ambiente perfeito para as empresas chinesas. São centenas de projetos, incluindo uma ferrovia de US$ 3 bilhões no Quênia.

 Alguns especialistas afirmam, que esses créditos são usados como isca para uma armadilha preparada pela China. Os chineses fazem o empréstimo para o país sem muitas exigências, muitos possuem governos corruptos ou são uma ditadura, no momento em que o empréstimo não é pago, o país acaba sendo forçado a ceder grande parte de seus recursos naturais ou passar o controle das infraestruturas para as empresas chinesas.

 O governo chinês tem um ambicioso projeto da “Nova Rota da Seda”, ela se trata de uma rede de infraestrutura global que liga a China com países asiáticos, europeus, do oriente médio e africanos por rotas terrestres e marítimas. Com uma expectativa para a conclusão no ano de 2049, no centenário da Revolução Chinesa.

 Por fim, a China divide opiniões pelo mundo, ou seja, existem aqueles que defendem, que se trata de um país que saiu da miséria e agora quer ajudar os demais, já outros acreditam que ela pretende dominar o mercado e a política internacional, se beneficiando das fraquezas das outras nações. A única certeza é de que se trata de um país ambicioso que deseja dominar o cenário internacional.


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