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28/05/2021 às 17h14min - Atualizada em 28/05/2021 às 17h12min

Dia do Desapego Literário

Ana Paula Alves - Editado por Brenda Freire

No dia 12 de maio foi publicada, no município de Votorantim, interior de São Paulo, a lei que institui o “Dia do Desapego Literário” (Lei Ordinária N.º 2813).  Ela prevê atividades e uma comemoração anual a ser realizada em 25 de julho, que também é o dia do escritor. o Projeto é de autoria do vereador Thiago Schiming, do PSDB.

À primeira vista, a junção das palavras “desapego” e “literário” pode não parecer tão positiva, afinal vivemos em um país com problemas no acesso e consumo da literatura. Porém, é exatamente por isso que essa junção pode ser boa

A iniciativa já é utilizada em outras cidades, como Sorocaba e Tatuí, e é inspirada nos movimentos de BookCrossing e Esqueça um Livro, que consistem em esquecer um livro propositalmente, deixá-lo em um local público para que outra pessoa o encontre, pegue para si e leia. Assim, ao invés do livro ficar parado em uma estante, permanecendo fechado e acumulando poeira, ele pode ser apreciado por uma nova pessoa, que talvez nunca tivesse tido contato com ele por outros meios. O objetivo é deixar cada vez menos livros parados e expandir o acesso à literatura.

Iniciativas como essa são importantes, tendo em vista o cenário do consumo literário no Brasil. Segundo a última pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, apenas cerca de 52% da população brasileira é leitora. A pesquisa considera como leitor todo aquele que leu ao menos 1 livro nos últimos 3 meses, mesmo que não o tenha concluído.

No entanto, essa porcentagem muda quando são analisadas classes de pessoas com maior poder aquisitivo. 63% das pessoas de classe B são leitoras, na classe A esse número cresce para 67% e quando se trata de pessoas que têm renda familiar maior que 10 salários mínimos o número sobe para 70%. Isso mostra que existe uma elitização sobre o hábito de leitura.

Por que pessoas que têm mais dinheiro leem mais? É possível pensar em inúmeras razões para isso. Pode-se considerar uma educação de maior qualidade, um ambiente mais propício para a leitura, ou a possibilidade de gastar entre 40 a 80 reais em cada livro. 

Por isso, projetos que ajudem a expandir a literatura e que permitam o acesso a livros, com baixo ou nenhum custo, são essenciais para aumentar a população leitora. Em nota publicada pela Assessoria de Comunicação da Câmara, o vereador Shiming diz que [...] "o conhecimento está contido nos livros, e conhecimento ninguém tira da gente”. Ele também enfatiza o incentivo à leitura e ao compartilhamento, “principalmente nesses tempos de pandemia, temos que incentivar nossas crianças e adolescentes a ler. Eu incentivo minha filha e a ideia é desapegar e não acumular um monte de livros, é fazer com que esse conhecimento, a cultura circule e passe adiante”, afirma. 

A iniciativa de desapegar de um livro também pode ser benéfica para quem tem condições de comprar livros regularmente. O consumismo e o acúmulo não estão presentes apenas nas roupas ou calçados. Ter uma estante repleta de livros que nunca são abertos pode ser tão problemático quanto ter um guarda-roupas cheio de peças que nunca são usadas. Livros estão ali para serem lidos, assim como roupas estão ali para serem usadas, são objetos com uma função, se essa finalidade não estiver sendo cumprida por seu dono original, eles podem ser melhor aproveitados por outra pessoa. 

Desapegar de livros que não são lidos, cujas páginas não são apreciadas, é permitir que a história deles continue, que eles sigam sua jornada nas mãos e na mente de um novo alguém.

 

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