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10/06/2021 às 16h07min - Atualizada em 10/06/2021 às 15h54min

Quanto tempo o tempo tem?

Documentário da Netflix traz um grupo de pesquisadores para falar sobre o tempo e algumas questões associadas ao passar dos anos e as evoluções da sociedade

Beatriz Gonçalves Da Silva - Brenda Freire
Fonte/Reprodução: Netflix

Muito antes de termos a definição do tempo em dias de 24 horas, meses de 30 dias e anos de 12 meses, nossos antepassados analisavam essa passagem do tempo de acordo com a substituição do Sol pela Lua em determinado momento do dia, ao trocar as estações, em determinado período de tempo. O ano solar é uma maneira quase universal de medirmos o tempo mas, a velocidade do mesmo parece variar de pessoa para pessoa. 

 

O tempo, esse que contamos em horas, minutos, segundos, dias, meses e anos parece estar cada vez mais acelerado. Dizemos que não temos tempo suficiente para dormir, para ler, para organizar a prateleira da cozinha e guardar as roupas que estão jogadas na cadeira do quarto.

 

Na contemporaneidade, com as facilidades que a tecnologia oferece, temos acesso a muito mais lugares, informações, imagens e isso também é algo que ocupa nosso tempo, parados na tela do celular. As horas de sono de que sentimos falta, são gastas respondendo e-mails, visitando museus virtuais, acompanhando lives de shows ao redor do mundo.

Os dias, que são divididos em manhã, tarde e noite agora já não interferem na execução das tarefas e suas ordens, pois, essas facilidades tecnológicas fazem com que alteremos a rotina e dessa maneira nosso ritmo biológico, que estava habituado com a divisão desses períodos, se perde em sua execução natural e isso gera ansiedade, como menciona o neurocientista Stevens Rehen, no documentário.

 

A ansiedade, segundo a Psicologia, é uma preocupação excessiva com o futuro, com momentos que podem ou não vir a acontecer, e além disso é acompanhada por sintomas físicos e psicológicos que podem impedir a pessoa ansiosa de realizar inúmeras coisas. Com tamanha instantaneidade oferecida no momento atual, a absorção de informações e modificações podem ser de difícil compreensão tornando-se preocupante. Em alta proporção, essas situações podem deixar as pessoas ansiosas, mesmo não estando habituadas a lidar com a velocidade que as circunstâncias têm ocorrido. 

 

Estamos sozinhos, mas ao mesmo tempo acompanhados por um sistema de mensagem instantânea, que faz com que duas pessoas se comuniquem mesmo estando em espaços diferentes, por redes sociais que permitem que as pessoas compartilhem ideias, opiniões e até mesmo intimidades. Isso faz com que nossa atenção seja fragmentada para atender a essas informações que também chegam a nós da mesma maneira.

 

“Sempre tive muito medo de lugares e pessoas novas, tinha bastante dificuldade em criar conversas… Hoje em dia eu me sinto um pouco mais à vontade com esse tipo de interação se for pela Internet.” Este é o relato de Verônica Camargo Berti, jovem de 18 anos que nos concedeu uma entrevista para entendermos melhor essa relação do tempo com a era digital e seus efeitos, um dos temas que o documentário aborda. 

 

Verônica conta que descobriu a ansiedade como um problema quando tinha por volta de 13 anos, período em que o medo de interagir e passar vergonha em público foram se tornando frequentes. A ansiedade, condição em que a mente da pessoa projeta cenários negativos em grande proporção, tem se expandido cada vez mais entre a população nos últimos anos.

Estar na maior parte do tempo conectado, recebendo informações através de diversos meios, é uma bomba para quem sofre de ansiedade e não consegue lidar com as tamanhas novidades que a tecnologia traz diariamente. A entrevistada relata que, por vezes, perde a noção do tempo quando está conectada e acaba deixando de fazer os demais afazeres. Sobre a grande quantidade de informação disponível, ela diz se sentir apreensiva com determinados assuntos. E essa apreensão ocorre pela velocidade em que recebemos as informações, de diversos lugares do mundo, a todo instante. Para lidar melhor com isso, Verônica tem focado nos livros e criado metas de leitura. 

 

Quando perguntado para a entrevistada qual seria o ideal de horas para que ela conseguisse fazer todas suas obrigações, ela menciona que mais 12 horas no dia seria o ideal para fazer tudo. '36 horas para um único dia', todos os dias. 

 

Mas será que, 12 horas a mais em nossos dias seriam suficientes para exercermos todas nossas obrigações? Será que o tempo tem sido curto ou nós é que temos corrido demais sem observá-lo?

 

No documentário, Arnaldo Jabor, jornalista e cineasta, afirma que “o tempo é uma invenção de viventes pois se não houvesse ser nenhum que contasse a passagem do tempo, não haveria tempo”. Então, talvez se não nos preocupássemos tanto com o passar das horas, elas perdurariam mais.


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