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27/06/2021 às 15h49min - Atualizada em 27/06/2021 às 08h00min

Desrespeito ao uso de máscaras provoca séries de agressões pelo país

281 multas foram aplicadas por agentes da GM

Daniel Maia - Editor: Ronerson Pinheiro
Banco de imagens Energisa
Foto/Reprodução: Internet/Divulgação
Com mais de 518 mil óbitos em decorrência da Covid-19 no Brasil, o uso de máscaras, item esse essencial para a proteção, além de evitar a propagação da doença vem sendo questionado e gerando episódios de agressões. Desde o início da pandemia, inúmeras situações de pessoas que se recusam a usá-la já foram registradas.

Em julho do ano passado um vídeo viralizou na internet, após um desembargador da cidade de Santos, interior de São Paulo se recusar a usar máscara. O magistrado foi abordado por agentes da Guarda Municipal enquanto caminhava sobre a faixa de areia da praia. Ao ser solicitado que colocasse a máscara ele relutou, agrediu verbalmente um dos agentes e foi multado em R$$100,00 na época. A gravação mostra o momento exato em que o desembargador recebe a notificação, rasga e joga sob a areia.

Em Itapema, litoral norte de Santa Catarina, um jovem de 24 anos foi a tiros após pedir para que três homens usassem a máscara para entrar no estabelecimento comercial. O crime ocorreu em março desse ano. No estado, há um decreto que multa em R$ 500,00 quem não utiliza o item de proteção.

Sansões diferentes

Na capital mineira a Prefeitura de Belo Horizonte criou uma lei que multa em R$ 100,00 quem insiste em desafiar o vírus e andar sem máscara pela cidade.
Bruna Cordeiro, operadora de caixa mantém os cuidados para evitar uma contaminação. “Essencial o uso de máscara. A cada dia vem aumentando o número de pessoas que estão se contaminando.”, lembra. Para o educador físico Douglas Caetano, morador de Belo Horizonte, a multa é justa nesse caso. “A gente não precisava ter multa para usar máscara. Deveríamos usá-la para nos protegermos e protegermos os outros.”, explica.

De acordo com o último balanço parcial da Prefeitura de Belo Horizonte divulgado na última terça-feira (22), 281 multas foram aplicadas por agentes da GM pelo não uso de máscaras em locais públicos entre os meses de janeiro a junho de 2021. Quando abordado é feita uma orientação e em caso de descumprimento a multa é aplicada.

Para médico infectologista, professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG e membro do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 da Prefeitura de Belo Horizonte, Unaí Tupinambás, existem várias formas de contágio do vírus e consequências em banalizar o risco. “O vírus da Covid, o Sars-Cov-2, é transmitido através do ar. Uma pessoa que está falando, tossindo, que está próxima de outra e sem máscara. Então é transmitido pelo ar, através de aerossóis, gotículas e pode ser transmitido através de contato direto. Então, por exemplo, quando você toca na mão de alguma pessoa que está contaminada, você leva sua mão na boca, no olho, no nariz, você se contamina. Você toca sua mão em uma superfície, uma maçaneta, e essa maçaneta está contaminada por aquele vírus que a pessoa acabou de expelir ali. Ou seja, esses são os mecanismos de transmissão. Mas, lembrando que a maioria das transmissões ocorre através do ar.”, explica. O infectologista ainda ressalta medidas básicas, mas imprescindíveis para evitar a propagação do vírus. “É importante que as pessoas, mesmo estando assintomáticas, sem sintomas, usem a máscara, porque ela protege o outro, e te protege também, caso o seu interlocutor esteja contaminado. Manter a distância de dois metros, porque a maioria das infecções ocorre nesse espaço. Então o vírus cai no chão e não consegue, após dois metros infectar alguma pessoa.”, enfatiza.
 
O Brasil tem se tornado um celeiro de novas variantes do coronavírus que podem afetar a eficácia das vacinas, para isso é necessário controlar a circulação do vírus. “As variantes ocorrerem, é normal, já que o RNA do vírus tem essa taxa de mutação muito comum. Quando vai multiplicar, ele não corrige os erros no genoma dele, então é esperado que isso ocorra. Portanto, quanto mais vírus se multiplicando, ou seja, quanto mais pessoas são infectadas, maior é a oportunidade de a mutação ocorrer.”, explica.

Após a vacinação ainda podem surgir dúvidas e o médico deixa claro a importância de se manter os cuidados para ajudar no combate à pandemia. “É muito importante essa questão a respeito do comportamento das pessoas após o recebimento da vacina. Há dois estudos publicados, um na Inglaterra e um em Israel que mostram que oito dias depois do recebimento da primeira dose aumentaram os números de infecção por Covid-19, pois as pessoas relaxaram, acreditando que tomada a primeira dose já estavam automaticamente imunizadas, lembrando ser preciso pelo menos três semanas após a segunda dose para ter uma resposta imune mais eficiente. É extremamente importante conversar e alertar a população quanto a essa necessidade de manter os cuidados como o uso de álcool em gel e o uso da máscara, além do distanciamento social mesmo após receber a primeira dose da vacina.”, explica.
 
O especialista ainda enfatiza o aumento de casos e mortes na população mais jovem associada as novas variantes, além da falta de conscientização fazendo o vírus se tornar mais resistente. “O que nós temos observado nessas novas variantes é que elas são transmitidas com mais facilidade. Ela passa de uma pessoa para outra muito mais rápida. E outra questão que tem nos assustados muito é que os quadros têm sido mais graves e mais rápidos. Por conta disso, ele – o vírus – tem uma taxa de multiplicação no organismo muito elevada, causando mais doença, mesmo em pessoas jovens. A taxa de internação das pessoas de 30 a 50 anos, aumentou muito em comparação com o ano passado, por exemplo. Até parece ser um novo vírus, uma nova epidemia.”, finaliza.
Portanto, para possamos ter uma vida normal o mais breve possível é indispensável que cada um faça a sua parte, mantendo todos os cuidados sanitários adequados.


Editora-chefe: Lavínia Carvalho 

 
 

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