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29/06/2021 às 18h21min - Atualizada em 29/06/2021 às 18h15min

Crônica: qual o motivo da nossa indignação?

Pedimos por vacinas, pão, educação e vida. Queremos viver e temos o direito disso.

Ana Beatriz Diogo Rodrigues - Editado por Andrieli Torres
Foto: Reprodução/Internet


Passaram mais de 480 dias desde que os jornais de todo o país anunciaram o primeiro caso de coronavírus no Brasil. Alguns dias depois, mais precisamente 12 de março de 2020, os brasileiros sentiam a dor da morte da paulistana Rosana Urbano, de 57 anos. A partir daquele momento, em que li a notícia, me senti impotente. Não poderia fazer nada que mudaria completamente essa situação. E foi assim que o Brasil confiou suas vidas aos nossos governantes, só não esperávamos essa situação.

Cada dia era uma frustração diferente, as lágrimas vinham de tristeza ou de raiva pelo descaso que a população sofria. Em cada declaração do presidente, via como tudo isso era um pesadelo que jamais pensaria que haveria. Todos os dias olhava pela janela o lockdown e o uso de máscara sendo ignorado e o uso de tratamento precoce sendo pregado como se aquilo fosse a solução. 

E quando a solução finalmente parecia palpável, ela foi descartada em uma lixeira virtual. Os mais de 100 e-mails da Pfizer foram esquecidos e nunca respondidos. Já imaginou as consequências de ignorar mais de uma centena de emails importantes em seu serviço?

Todo esse desgoverno levou mães, pais, filhos, avós e inestimáveis histórias embora. Laços de amor foram quebrados e continuam até agora. Os hospitais continuam lotando, todos lutando para permanecer aqui com todos os outros. Não era mais possível indignar apenas com posts no Twitter e panelaços não são mais suficientes para expressar a repulsa por tudo que a população vem sofrendo. Por isso, precisamos ir para rua e mostrar que tudo que estamos vivendo é motivo de muita luta. 

No dia 19 de junho de 2021, o povo se vestia com a sua PFF2 e coragem. Cartazes e faixas foram pintados com a força de uma população que sofre. Claro que havia medo, mas o pavor de continuar nesse caos era muito maior. Milhares de nomes e individualidades se juntaram nas ruas de todo o país, mais uma vez, para lutar contra a negligência. Cada pessoa contava uma história e o luto também estava presente. 

Era possível ouvir Fora Bolsonaro nos quatro cantos do nosso território. Pedimos por vacinas, pão, educação e vida. Queremos viver e temos o direito disso. No mesmo dia, o Brasil atingiu a triste marca de 500 mil mortos. Meio milhão de pessoas perderam a chance de viver com suas famílias. Muitas dessas pessoas teriam a oportunidade de estar aqui se tivessem tomado a vacina. Nosso país está manchado com o sangue de inocentes e um caminhão molhou a Avenida Paulista.

Não é possível mais ficar calado com tamanha incompetência e concordar com qualquer ato que desumaniza a pandemia e as vítimas. Nada do que foi feito e aquilo que foi ignorado, não será esquecido. Estou disposta a lutar para que as vítimas não sejam apenas números e que o culpado sofra as consequências. 


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