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16/07/2021 às 10h15min - Atualizada em 16/07/2021 às 10h02min

Abuso de poder

O presidente da Nicarágua Daniel Ortega e seu governo ditatorial

Sheyla Ferraz - Editado por Talyta Brito
Reprodução: Agência Brasil - EBC
Jornalistas são ameaçados e mantidos em prisão segundo lei instaurada no governo do presidente Daniel Ortega da Nicarágua, um país situado na América Central. Wilfredo Miranda é correspondente do jornal espanhol El País e foi ameaçado à prisão de acordo com a Lei Ciberdelitos, criada em outubro de 2020, impedindo a liberdade de imprensa. Muitos jornalistas estão fugindo do país para preservar sua própria vida.
A lei pune publicações de: “‘falsas’ informações ou ‘enviesadas’ e que “incite o ódio, a violência, ponha em perigo a estabilidade econômica, a ordem pública, a saúde pública ou segurança soberana”. Não apenas o jornalista Miranda, bem como também, María Lilly Delgado, correspondente do jornal de TV americano Univisión, foi impedida de sair do país e tida como “ameaça” para o governo. Além de, Fabían Medina, chefe de informação do jornal La Prensa. Todos esses convocados a depor.
 
Daniel Ortega conseguiu fincar as estacas de seu governo em 2006, quando reeleito pelo voto popular. Parecia inofensiva e justa sua eleição como presidente, até que, o país fosse posto em uma redoma social orquestrada por Ortega e pela vice-presidente, Rosário Murillo, sua esposa. Rosário é influente e especula-se que as decisões do presidente são dirigidas por ela. Que por trás das ações do governo, ela tem influência em boa parte delas, senão, todas.
                                                 
                                       
                                           O presidente Daniel Ortega e sua esposa, vice-presidente, Rosário Murillo
 
Não é a primeira vez que a Nicarágua é vítima do poder ditatorial. Em 1978, a população nicaraguense vivia sob o regime de Anastasio Somoza Debayle. Tudo havia começado com o seu pai, Anastasio Somoza García. Seu irmão Luis Somoza também havia seguido a carreira política.
O fim da ditadura Samoza se deu graças à luta e coragem de Dora María Téllez, considerada um símbolo da Revolução Sandinista, que aos 22 anos de idade participou de uma operação em defesa dos direitos sociais da população Nicarágua. Atualmente ela está presa em El Chipote, uma prisão conhecida por ter sido um centro de torturas quando Samoza ainda liderava o país. Desde 12 de junho ela nunca mais foi vista nem mesmo pelos seus advogados.
Quase todos oposicionistas do governo foram recanteados, ameaçados e mantidos presos. Envoltos em várias restrições rígidas impostas por Daniel Ortega com ajuda daqueles que formam sua base de apoio político.

Quatro pré-candidatos à presidência que disputariam as eleições com Ortega foram presos, de acordo com a Lei de Defesa dos Direitos do Povo à Independência, Soberania e Autodeterminação pela Paz. Caso não seja cumprida, o cidadão pode ser mandando para a prisão e lhe é retirado o direito de ocupar cargos públicos.Um destes candidatos foi Medardo Mairena, líder camponês que abraçou a causa de impedir que o atual presidente tivesse um canal na região. Mairena liderou também protestos em 2018.

Não se pode duvidar da capacidade de um líder político como Daniel Ortega que se vê disposto a tudo para continuar regendo o governo de Nicarágua de maneira ditatorial e abusiva. Suas estratégias cercam as possibilidades do país voltar a ser regido democraticamente, como visto pela última vez na presidência de Enrique Bolaños, o qual veio a falecer no dia 12 de junho de 2021.

É impressionante a maneira como o governo se articula para ter total domínio sobre a população e seus opositores. Leis são criadas com o objetivo de amordaçar vozes que queiram dar gritos de liberdade diante de uma presidência que só impõe e encurrala o povo com seu abuso de poder. O país vive um período de total repressão, sem previsão de quando irá acabar.

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