Lab Dicas Jornalismo Publicidade 728x90
01/08/2021 às 14h03min - Atualizada em 05/08/2021 às 13h35min

Resenha: "Manhãs de Setembro"

Resenha sobre a série brasileira da Amazon Prime Vídeo "Manhãs de Setembro", que tem a Liniker como protagonista

Ingrid Silva - editado por Larissa Nunes
Reprodução: Site Adoro Cinema

Em junho de 2021, no Mês do Orgulho LGBTQIA+, a Amazon Prime Video lançou uma série brasileira chamada “Manhãs de Setembro”, estrelada pela cantora Liniker. 

Ela é uma mulher transexual que participa de um grupo chamado “Liniker e os Caramelows” e, agora, interpreta Cassandra na série. 

 

Cassandra, assim como a atriz, é uma mulher trans que está conseguindo subir na vida e conquistar sua independência, algo que sempre quis durante todo esse tempo. Trabalhando como motogirl e cantando na boate "Metamorphoses" ela finalmente conseguiu o próprio lugar para morar, finalmente apenas dela. Antes, dormia no sofá da casa de Roberta (Clodd Dias), amiga dela e também, chefe. Estava tudo bem até uma mulher aparecer na porta dela e apresentando um menino como seu filho. Leide (Karine Teles) e Gersinho (Gustavo Coelho) aparecem de repente e, claro, Cassandra fica apavorada, não quer eles na vida dela. É compreensível, até porque ela acabou de conquistar sua independência, está feliz com tudo o que conquistou e aparece esse “problema” no caminho, mas, como disse Ivaldo (Thomas Aquino), “filho é pra sempre”. 

 

Confira o trailer:

 

Ela tenta evitar ao máximo a proximidade com ele, mas ao ver a situação que eles estavam vivendo, tem empatia, não poderia deixá-los daquele jeito. O que eu mais achei interessante na série é a forma como aos poucos a Cassandra vai sentindo aquele sentimento que ela não sabe muito bem qual é, mas é a maternidade falando mais alto. Ela teve uma relação um pouco complicada com a mãe, que vai passando aos poucos durante a produção, mas mãe que é mãe… E ela começa a entender isso com o tempo. Eu achei os personagens muito bem trabalhados, principalmente a Leide. É uma personagem um tanto quanto complicada, mas devido a tudo que passou com Gersinho, é algo considerável. É claro que ela teve chance de evitar muita coisa, acabou fazendo escolhas erradas, mas errar é humano, sabe? Para quem já viu a série sabe do que eu estou falando e gostei de humanizarem mais a personagem, ao invés de deixá-la como uma “vilã”. Nós conseguimos perceber o quanto a relação de Leide e Gersinho é forte, uma sintonia linda de mãe e filho e foi lindo demais ver a Cassandra estabelecendo essa mesma sintonia com o filho!

 

Infelizmente, Leide teve falas transfóbicas, assim como a maioria das pessoas com quem a Cassandra encontrava na rua, mas isso mostra a realidade de uma pessoa transexual. Algo interessante na série é que não foca só na história dela, de como foi sua transição e os preconceitos, mas também trata da história de outras pessoas que estão na vida dela e a forma como ela se descobre mãe. Aliás, algo que me incomodou um pouco foi ver Gersinho e Leide a chamando de “pai”, gostaria de vê-lo chamando de mãe, senti falta disso. Caso tenha uma segunda temporada, isso poderia ser mais trabalhado. O relacionamento de Cassandra e Ivaldo também é algo voltado para a realidade das mulheres trans, com aquela dificuldade do homem hétero de assumi-las, mesmo gostando delas. A amizade entre Cassandra, Roberta e Pedrita (Linn da Quebrada) é bastante singela, por ser amizade entre pessoas que se entendem e entendem o que a outra passa, porque passam pelas mesmas coisas na pele. 


Ainda não há confirmações de uma continuação, “Manhãs de Setembro” tem apenas cinco episódios, mas achei que encerraram de uma forma boa, não tem muitas coisas em aberto para uma próxima temporada. Acho que seria ótimo se a Prime considerasse, não apenas por conta da história, mas de tudo que ela representa. É uma representação incrível para as pessoas transexuais e também uma forma das pessoas cisgênero entenderem um pouco mais da visão delas.
 

Além de toda essa representatividade, a importância de produções brasileiras é enorme, a Prime Vídeo tem valorizado bastante isso, séries como “Pink: um amor de verão”, “DOM”, “5x Comédia”, “Seus olhos” foram produzidas pela Amazon. Esse é mais um motivo para “Manhãs de Setembro” continuar, além de ser a primeira série brasileira que tem como protagonista uma mulher trans. Liniker simplesmente arrasou no papel, cantando Vanusa, mostrando o sentimento por seu filho mesmo que de uma forma mais tímida, demonstrando toda a sua dor com situações que ocorreram durante a série e que acontecem todos os dias na vida real com mulheres como ela. É uma série leve, mas que sabe tratar de assuntos importantes de uma forma consciente, na minha opinião. Recomendo demais!

 

Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »