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02/08/2021 às 20h54min - Atualizada em 02/08/2021 às 20h34min

Rebeca Andrade faz história e conquista ouro e prata nas Olimpíadas de Tóquio

A ginasta se tornou a primeira medalhista olímpica da história da ginástica artística feminina brasileira

Julia Robita Torres - labdicasjornalismo.com
Rebeca Andrade com suas duas medalhas conquistadas nas Olimpíadas de Tóquio ( Foto: Divulgação/ Twitter Jogos Olímpicos)
Rebeca Andrade encerrou sua participação nas Olímpiadas de Tóquio com uma medalha de ouro no salto e uma de prata no individual geral. A ginasta brasileira ainda disputou a final do solo, mas acabou na 5ª colocação. Com o desempenho, Rebeca cravou seu nome na história da ginástica e também se tornou a atleta mais vitoriosa numa mesma edição dos Jogos Olímpicos.

A ginasta brasileira conseguiu chegar a três finais após grande atuação na fase classificatória. Rebeca conquistou a classificação no solo e salto, além de conseguir a segunda melhor nota no individual geral, ficando atrás apenas da ginasta norte-americana Simone Biles, que desistiu da disputa das finais por problemas com sua saúde mental.

A primeira das três finais que disputaria foi a do individual geral, destinada para  ginasta mais completa. Rebeca conquistou a prata inédita para o Brasil ao se sair bem em todos os aparelhos e somar 57.298, sendo:  15.300 no salto, 14.666 nas barras assimétricas, 13.666 na trave e 13.666 no solo. O ouro ficou com a estadunidense Sunisa Lee (57.433) e o bronze com a russa Melnikova (57.199).

Três dias depois veio a final do salto e uma performance brilhante da jovem, que conseguiu dois ótimos saltos acima dos 15 pontos e média final de 15.083. Com a nota, a brasileira conquistou o ouro inédito para a ginastica nacional e o lugar mais alto do pódio, que teve também a norte-americana Mykayla Skinner (14.916) com a prata e a sul-coreana Seojeong Yeo (14.733) com o bronze.

Para encerrar a participação da ginasta brasileira veio a final do solo com a marcante performance ao som de “Baile de Favela”. Rebeca fez boa apresentação, mas saiu do tablado em uma das aterrisagens e acabou na 5ª colocação. Em entrevista após a prova se mostrou muito orgulhosa de seu desempenho: “Sempre queremos ganhar medalhas, mas eu acho que ganhei mais do que só as medalhas. Ganhei a admiração das pessoas, o respeito, fiz história, representei o país inteiro”, disse.
 

Rebeca comemorando a medalha conquistada (Foto: Divulgação/Twitter Jogos Olímpicos)

Trajetória até o ouro nas Olimpíadas de Tóquio

A jornada de Rebeca Rodrigues de Andrade até o ouro olímpico foi repleta de superações e conquistas. A ginasta de 22 anos é natural de Guarulhos, na grande São Paulo, cidade onde deu seus primeiros saltos pela modalidade num projeto social, aos quatro anos e foi carinhosamente apelidada de “Daianinha”, em alusão à Daiane dos Santos. Rapidamente chamou a atenção de profissionais da área e iniciou sua trajetória nas competições de alto nível nacionais e internacionais.

A ginasta enfrentou dificuldades financeiras para conseguir treinar e competir, mas contou com o apoio irrestrito de sua mãe, Rosa Rodrigues, que fazia muitos esforços para manter o sonho da filha. Além disso, teve o apoio de seus treinadores, que viam nela um futuro brilhante.  Com apenas nove anos, teve que deixar a mãe e os seis irmãos para trás e se mudar para o Paraná em busca de aprimoramento. Ficou lá até 2012, quando se mudou para o Rio de Janeiro e iniciou sua vida de treinamentos no Flamengo, seu atual clube.

Aos 15 anos sofreu a primeira lesão de ligamento no joelho e chegou a pensar em desistir do esporte, mas foi impedida pela mãe, que acreditava que ela daria a volta por cima. Em 2016, ganhou a primeira medalha numa Copa do Mundo de Ginástica, um bronze nas barras assimétricas. Neste mesmo ano, participou de sua primeira Olímpiada no Rio 2016, em que terminou em 11ª no individual geral.

Os anos seguintes foram de muita incerteza para Rebeca, que sofreu duas lesões no joelho entre 2017 e 2019. A última delas colocou em risco sua classificação para as Olimpíadas de Tóquio, visto que teria pouco tempo para se recuperar para o Pan-Americano, competição que aconteceu dois meses antes e era a última chance de garantir a classificação para os Jogos Olímpicos.
 
Na história da ginástica brasileira

O feito de Rebeca Andrade em Tóquio não foi especial apenas para ela, mas para toda a ginástica feminina nacional, que não possuía nenhuma medalha olímpica até esta edição. Apesar das inúmeras medalhas em competições mundiais e continentais e do reconhecimento das ginastas brasileiras, isso era algo que faltava para a modalidade.

Daiane dos Santos, inspiração de Rebeca e umas das responsáveis pela popularização do esporte no país, assim como Daniele Hypolito, Lais Silva e Jade Barbosa, entre outras, são grandes ginastas da história do país que não conseguiram essa conquista. A comemoração da jovem ginasta é um pouco delas também, como dito por Daiane dos Santos em entrevista à Marie Claire: “A vitória de um é a vitória de todos. A vitória dela foi também de todas nós que esperamos tanto tempo por essa medalha”.

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